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sábado, 16 de setembro de 2023

Masculinidade tóxica: psiquiatra do CEUB explica alta taxa de autoextermínio entre homens

Prevalência de ansiedade, depressão e outros distúrbios emocionais estão entre as implicações na saúde mental dos homens, que ainda relutam em buscar ajuda 

 

O machismo estrutural não apenas torna as mulheres vítimas de abusos, mas também deteriora a saúde física e mental dos homens, por meio da masculinidade tóxica. Com expectativas projetadas para alcançarem um padrão, muitos se sentem na obrigação de se comportar da forma imposta pela sociedade. A Organização Mundial de Saúde aponta que 78% dos casos de autoextermínio tiveram homens como vítimas. Psiquiatra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Lucas Benevides aponta as implicações desse ideal masculino histórico, especialmente nos relacionamentos e na saúde emocional. 

A masculinidade é uma construção social complexa e multifacetada, que pode variar com base em fatores como cultura, classe, raça, orientação sexual e outros. Para Lucas Benevides, muitos dos ideais tradicionais enfatizam força, independência e controle emocional que podem ser prejudiciais para os homens, quando tentam formar e manter relacionamentos saudáveis. Como traço cultural predominante, Benevides cita o modus operandi da resolução de conflitos, baseada na força e no uso da palavra como expressão de submissão.  

Segundo Benevides, estes costumes somam às altas taxas de violência doméstica, feminicídio, encarceramento e suicídio. “Essa mentalidade muitas vezes inibe a expressão de vulnerabilidade e emoções consideradas femininas, como a necessidade de carinho, o desejo de segurança emocional, e a vontade de se conectar emocionalmente com outras pessoas. O estigma associado a essas supostas fraquezas pode levar ao isolamento emocional e relacional”, considera o especialista. 

Com sérios danos à saúde mental e social dos homens, o professor do CEUB afirma que o machismo estrutural é devastador, uma vez que estes estereótipos sociais de gênero passam a ditar e restringir as maneiras como homens e mulheres podem se comportar e expressar suas emoções. “Para os homens, isso frequentemente se manifesta como uma pressão para ser forte e dominante, o que pode levar a atitudes e comportamentos tóxicos tanto em ambientes pessoais quanto profissionais”, alerta.

 

Combate à masculinidade tóxica

A masculinidade tóxica, que desencoraja a expressão de vulnerabilidade e a busca de ajuda, tem sérias implicações para a saúde mental, incluindo uma maior prevalência de ansiedade, depressão e outros distúrbios emocionais. Para combater estes males, grupos são formados para redefinir o que significa ser homem em sociedades ao redor do mundo. O professor de Medicina afirma que, aos poucos, as pessoas tem se tornado mais conscientes dessas questões e buscado formas mais saudáveis e igualitárias de viver e se relacionar. 

Benevides explica ainda que a ideia de uma masculinidade tóxica faz parte do discurso popular e cada vez mais homens buscam formas saudáveis de expressar sua identidade masculina. “Isso inclui falar mais abertamente sobre saúde mental, participar mais igualitariamente nas responsabilidades domésticas e de cuidado, e questionar os papéis tradicionais de gênero em suas vidas pessoais e profissionais”, conclui o professor do CEUB.


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