O alerta é do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR), com base em números do INCA e do relatório de 2023 do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel). A recomendação é investir em conscientização sobre fatores de risco evitáveis, como tabagismo, etilismo e, sedentarismo para que até 2040 a estimativa do Organização Mundial da Saúde (OMS) - de 30 milhões de casos novos de câncer - o que representaria um aumento de 36%, em relação aos atuais 19 milhões de casos/ano -, não se concretize
Aumento do número de casos de câncer está relacionado
ao aumento da população e maior interação com fatores de risco
Divulgação/IUCR
Até 2040, teremos no mundo 30 milhões de novos casos de câncer. Um
aumento de 36% em relação aos 19 milhões de casos/ano registrados hoje. Os
dados são uma projeção da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, da
Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS). O aumento de casos está relacionado ao
crescimento da população e, principalmente, à interação das pessoas com fatores
de risco para o desenvolvimento do câncer, como tabagismo, infecções (como
HPV), má alimentação e falta de atividade física, que pode levar à obesidade.
“Todos esses fatores de risco são potencialmente evitáveis”, alerta Gustavo
Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia
Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do
grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O crescimento do número de novos casos de
câncer no Brasil, infelizmente, acompanha a tendência mundial. De acordo com o
Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número de novos casos de câncer por ano
no país saltou de 625 mil no triênio 2020-2022 para 704 mil casos esperados
para cada ano do triênio 2023-2025, representando um aumento de 12,7%. Além
disso, o relatório de 2023 do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco
para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel),
mostra que o país está mais doente.
Realizado com dados coletados nas cinco regiões do
país entre janeiro e abril deste ano, o Covitel comparou as informações
com o cenário pré-pandemia. O inquérito mostra, por exemplo, queda na
autopercepção da saúde dos pesquisados. Antes da pandemia, 75,6% dos
entrevistados consideravam sua saúde boa ou muito boa. Esse índice caiu para
62,8%. “Ao relacionar os dados do Covitel com epidemiologia do câncer, o
cenário é preocupante”, avalia Guimarães.
Consumo de tabaco e álcool
Os dados relacionados ao tabagismo, causa de 80% a
90% dos casos de câncer de pulmão, além de fator de risco importante para
outros tipos de cânceres, como de bexiga e de cabeça e pescoço (cavidade
oral, laringe, faringe, garganta) são alarmantes, mesmo com a redução de 14,7%
para 11,8% no consumo de cigarros, revelada pelo Covitel. Isso porque,
alerta Guimarães, outras formas de consumo de tabaco passaram a entrar no
cotidiano das pessoas: o narguilé atinge 8,6% da população entrevistada (22,5%
na faixa dos 18 aos 24 anos); o cigarro eletrônico (8,0% no geral e 23,9% no
recorte de 18 a 24 anos). “É preciso lembrar que qualquer forma de consumo de
tabaco é prejudicial à saúde e muitas pessoas não são conscientes disso”,
afirma. Também o uso abusivo de álcool, fator de risco para câncer e outras
doenças, continua presente na vida de 22,1% da população brasileira.
O uso abusivo de álcool (quatro doses em uma mesma
ocasião para mulheres e quatro doses em uma mesma ocasião para homens) faz
parte da vida de 22,1% dos brasileiros. O consumo de bebidas alcoólicas pode
aumentar o risco de alguns tipos de câncer como o de boca, garganta, esôfago,
laringe, fígado e mama. O risco é diretamente proporcional à quantidade de
álcool consumida e ainda maior quando há uso do tabaco e álcool
concomitantemente.
Mais pessoas sedentárias
Entre os fatores que aumentam o risco de câncer estão
sedentarismo, tabagismo, obesidade
Divulgação/brain4care
A prática de atividade física, que ajuda na prevenção do câncer, dentre
eles o de próstata, e, da mesma forma, reduz o risco de recidiva para
quem teve sucesso no tratamento da doença, faz parte da rotina de apenas
31,5% dos entrevistados. Uma queda em relação ao relatório anterior, quando
38,6% afirmaram praticar, pelo menos, 150 minutos de atividade física por
semana.
A vida sedentária contribui para que as pessoas
fiquem acima do peso ideal, situação de 56,8% dos brasileiros; ou, mais grave,
obesos, 22.8%. Além de aumentar o risco para câncer, a obesidade também é fator
de risco para diabetes, doenças cardiovasculares, entre outras.
“Conscientizar a população sobre os fatores de
risco evitáveis e criar cada vez mais estratégias de saúde pública que
auxiliem, por exemplo, os dependentes químicos do tabaco a abandonar o hábito
de fumar são fundamentais”, conclui.
Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR
Nenhum comentário:
Postar um comentário