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sábado, 16 de setembro de 2023

Como a comunicação pode salvar vidas

Setembro Amarelo: Psicóloga orienta 10 medidas para lidar com casos de depressão no ambiente corporativo

 

No filme "Do que as Mulheres Gostam", protagonizado por Mel Gibson, o personagem principal adquire a habilidade de ouvir os pensamentos das mulheres ao seu redor após um acidente. Ele descobre que uma colega de trabalho, a qual nunca havia prestado muita atenção antes, está enfrentando pensamentos suicidas.

 Infelizmente, situações como essa não são incomuns em ambientes corporativos e não é necessário ter poderes especiais para perceber quando um colega de trabalho está sofrendo de depressão. A psicóloga especialista em comunicação, Shana Wajntraub, enfatiza que basta prestarmos atenção aos sinais que as pessoas em nosso ambiente podem emitir. É essencial que, principalmente os líderes, desenvolvam essa habilidade de leitura para mitigar o sofrimento mental nas corporações.

Setembro entrou com o amarelo dos ipês e da campanha de atenção ao suicídio. Vivemos uma pandemia de doenças psicossomáticas, a mais grave, a depressão. É provável que você, que me lê, conheça alguém que enfrenta essa condição. Se essa pessoa está próxima de você, certamente entende quão desafiador pode ser iniciar uma conversa sobre o assunto.

"A cura pela fala" – essa expressão atribuída ao mestre da psicanálise, Sigmund Freud, mostra o quanto a comunicação é terapêutica. A terapia baseada na comunicação se tornou uma das bases fundamentais da psicologia clínica e da terapia, embora tenha evoluído ao longo dos anos para diversas abordagens na psicoterapia contemporânea. Independentemente do método, é evidente que a terapia, seja ela freudiana, junguiana,psicodinâmica, comportamental ou qualquer outra, desempenha um papel crucial no tratamento da depressão. No entanto, é alarmante saber que apenas 5% das pessoas no Brasil tiveram acesso à psicoterapia, de acordo com a pesquisa Panorama de Saúde Mental do Instituto Cactus e AtlasIntel.

O objetivo aqui não é substituir a psicoterapia, mas fornecer orientações para que qualquer pessoa possa estabelecer uma comunicação eficaz com alguém que sofre de um distúrbio psicossomático.

A psicóloga Shana Wajntraub oferece diretrizes sobre como abordar a comunicação no ambiente de trabalho com alguém que está passando por sofrimento: 

1.   Eduque-se sobre a depressão: É fundamental entender o que é a depressão, seus sintomas e como ela pode afetar a vida e o trabalho de alguém. Isso permitirá que você tenha empatia e lide melhor com a situação.

2.   Seja empático: Demonstre compreensão para com a pessoa que está sofrendo de depressão. Reconheça que a depressão é uma doença real e não uma fraqueza de caráter. Esteja disposto a ouvir atentamente quando a pessoa quiser compartilhar seus sentimentos, evitando fazer julgamentos ou críticas.

3.   Mantenha a confidencialidade: Respeite a privacidade da pessoa com depressão. Não compartilhe informações sobre sua condição com outras pessoas, a menos que tenha permissão explícita para fazê-lo.

4.   Ofereça apoio: Pergunte à pessoa como você pode ajudar. Algumas pessoas podem preferir espaço, enquanto outras podem precisar de apoio emocional. Esteja disposto a adaptar sua abordagem às necessidades dela.

5.   Flexibilidade no trabalho: Se possível, ofereça horários de trabalho flexíveis ou razoáveis para ajudar a pessoa a enfrentar os desafios da depressão. Isso pode incluir permitir pausas regulares, ajustar prazos ou até mesmo permitir que trabalhem remotamente, se for viável.

6.   Encoraje a busca de ajuda profissional: Incentive a pessoa a procurar ajuda de um profissional, como um psicólogo ou psiquiatra. Você pode sugerir recursos disponíveis por meio do plano de saúde da empresa ou programas de assistência ao empregado.

7.   Mantenha a comunicação aberta: Garanta que a pessoa saiba que pode falar com você se estiver enfrentando dificuldades. Esteja atento a sinais de agravamento da depressão, como isolamento extremo, queda no desempenho no trabalho ou mudanças significativas de comportamento.

8.   Evite estigmatização: Promova um ambiente de trabalho livre de preconceitos em relação à saúde mental. Isso pode incluir a promoção de programas de conscientização e treinamento para os funcionários.

9.   Seja paciente: Lembre-se de que a recuperação da depressão pode ser um processo demorado. Esteja disposto a oferecer apoio contínuo.

10.              Consulte recursos internos: Se sua empresa tiver um departamento de recursos humanos ou um profissional de saúde mental no local, considere consultar esses recursos para obter orientação adicional sobre como lidar com a situação.

 

Shana enfatiza que lidar com a depressão no ambiente corporativo requer uma abordagem cuidadosa e compassiva, pois cada pessoa é única e suas necessidades podem variar. Portanto, a flexibilidade e a empatia desempenham um papel fundamental na gestão dessa situação delicada. 

 



Shana Wajntraub - Psicóloga especialista em neurociência com mestrado em comunicação, análise do comportamento pela MMU no Reino Unido, Paul Ekman, e atua há mais de 20 anos no Brasil e países da América Latina. É autora do livro " A arte da comunicação de Impacto " e especialista em treinamento com Strorytelling . Congressista da T&D da América Latina, maior evento focado em profissionais que desenvolvem pessoas nas organizações. Além disso, é Tedx Speaker, programa criado para organizações e profissionais através de eventos TEDx. A psicóloga tem mais de 50 mil seguidores em suas redes sociais. Veja o vídeo sobre o tema
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