Temperaturas frias
podem agravar quadros e sintomas da doençaO agravamento das crises de asma durante as estações
mais geladas é causado pelo contato do ar frio e
seco com os brônquios, o que pode irritar o epitélio -
tapete que reveste o pulmão
Crédito: Envato
As mudanças climáticas características das estações
mais frias – outono e inverno -, somadas ao ar gelado e seco dessa época do
ano, são os principais fatores desencadeantes para o desenvolvimento e/ou
agravamento de doenças respiratórias, como a asma, que, de acordo com o órgão
regulatório de saúde estadunidense CDC (Centers for Disease Control and Prevention),
é a doença crônica mais comum em crianças de todo o mundo. Somente no Brasil,
cerca de 20% das crianças e adolescentes do país sofrem com o problema, segundo
a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
Esse agravamento da condição durante as estações
mais geladas é causado pelo contato do ar frio e seco com os brônquios, o que
pode irritar o epitélio - tapete que reveste o pulmão - e provocar crises de
asma, detalha a pneumologista pediátrica, alergista e professora de Pediatria
do curso
de Medicina da Universidade Positivo (UP), Laura Maria Lacerda Araujo. “A
permanência prolongada em ambientes fechados por conta do frio facilita um
maior contato com aeroalérgenos, como os ácaros da poeira e mofos, que podem
levar a sintomas respiratórios em crianças sensibilizadas”, explica a
especialista, ressaltando também a sazonalidade dos vírus respiratórios nesse
período, que levam a resfriados e gripes e podem agravar a asma das crianças.
A médica revela que os principais sintomas que crianças
com asma apresentam envolvem tosse seca, falta de ar, aperto e chiado no peito,
que podem durar dias e ser recorrentes, além de limitações durante as
atividades físicas. “Dependendo da gravidade da doença, pode haver também sono
irregular, com despertares noturnos por dificuldade respiratória, além de
absenteísmo escolar. São restrições que atrapalham a qualidade de vida não
somente da criança asmática, mas de toda a família”, aponta.
Segundo Laura, o diagnóstico de asma na infância é
essencialmente clínico, pois exames de função pulmonar são difíceis de serem
executados em crianças, principalmente nas menores de 6 anos. Entretanto,
alguns elementos podem ajudar a não confundir outras condições respiratórias
com asma. “Esse problema pode ser identificado se há também a presença de
outras doenças alérgicas, como rinite, dermatite atópica ou alergia alimentar,
assim como um histórico de familiares com asma”, alerta a médica pediatra,
indicando que testes alérgicos podem direcionar para um tratamento mais
específico e controle ambiental, além da espirometria, que pode ser solicitada
para crianças mais velhas, pois ajuda a diagnosticar a asma ao apresentar uma
melhora dos parâmetros respiratórios após a medicação broncodilatadora, que é
um dos principais tratamentos da crise de asma.
Entretanto, a alergista ressalta a importância de
compreender que a asma se manifesta de maneiras diferentes em cada criança,
pois é uma doença heterogênea na sua causa, apresentando uma variedade de
sintomas, que também podem se manifestar de formas diversas. “Algumas crianças
têm mais queixas nas crises, enquanto outras experimentam sintomas durante
atividades físicas, sono ou situações de ansiedade e estresse. Em bebês, o
chiado pode ser um sintoma isolado; já em crianças que estão em idade escolar,
o aperto no peito chama mais atenção”, detalha Laura, que finaliza com dicas
que podem evitar as crises asmáticas tão comuns nos meses mais frios do ano. “A
vacinação contra a gripe e covid-19 é fundamental, tendo em vista que, dentre
os principais desencadeantes de sintomas respiratórios nas crianças asmáticas,
encontram-se as infecções virais. Além disso, manter os ambientes limpos,
livres e arejados, mesmo durante o frio, para evitar acúmulo de mofo, ácaros,
vírus e bactérias circulantes”, recomenda a especialista, destacando a
importância do acompanhamento médico para as crianças, com um tratamento
individualizado que lhes permita adquirir um controle satisfatório da doença,
para que possam levar uma vida absolutamente normal.
Universidade Positivo
up.edu.br/
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