Temperatura em elevação requer cuidado extra com os pets
Nem sempre o que refresca o tutor é adequado ao
animal; iniciativas para aliviar o calor podem não ser ideais para algumas
espécies
Crédito: Matheus Campos
Em dias quentes, os cães podem cavar na terra buracos profundos na tentativa de alcançar terra mais úmida e fresca
O verão está chegando e as altas temperaturas exigem cuidados extras com os pets. E atenção: nem sempre o que refresca o tutor é adequado para o animal, bem como as iniciativas em aliviar o calor para alguns bichinhos pode não ser ideal para outras espécies.
Inteligentes como são, os mascotes mostram que estão com algum incômodo mesmo sem falar. Cabe ao humano ser vigilante quanto ao comportamento do animalzinho e providenciar logo algum conforto antes que o mal-estar resulte em prejuízo maior.
Um destaque aos animais idosos, que tendem a ter maior risco de hipotermia e desidratação: eles são mais lentos, quietos e apresentam mucosas ressecadas, por isso merecem atenção redobrada. Alguns podem necessitar de hidratação através da fluidoterapia (administração de fluidos em ambiente hospitalar). A orientação é providenciar sombra, ofertar bebedouros próximos e, em alguns casos, aplicar água na boquinha usando seringa. Tapetes gelados em comercialização em pet shops são alternativas para propiciar bem-estar, bem como borrifar água gelada nos pelos.
As
doutoras do Hospital Veterinário Taquaral (HVT) Fabiana Vitale, especializada
em dermatologia, e Morgana Prado, expert em pets não convencionais, traçam um
panorama geral sobre as peculiaridades de cada tipo de animal.
Crédito: Matheus Campos Morgana Prado, especializada em em pets não convencionais do Hospital Veterinário Taquaral (HVT) |
Cães e gatos
Segundo
a Dra. Fabiana, cachorros e felinos possuem temperatura corporal diferente
(normalmente mais alta) em comparação ao humano. Em contrapartida, os pelos
auxiliam na termorregulação, protegendo-os do frio e calor. “Cães e gatos não
possuem tantas glândulas sudoríparas como nós, portanto, transpiram muito
menos. A troca de calor com o ambiente, de forma a resfriar o corpo, ocorre
através do ato de resfolegar, que consiste em colocar a língua para fora da
boca e arfar bastante”, explica.
Pets não convencionais
A
Dra. Morgana ressalta que as aves são homeotermos (mantêm a temperatura
corporal relativamente constante), assim como os mamíferos. A veterinária
ensina que os pássaros, os lagomorfos (pequenos mamíferos herbívoros, como os
coelhos e lebres) e roedores não possuem glândulas sudoríparas, o que dificulta
a troca de calor com o ambiente. Já os répteis são ectodérmicos, condição
caracterizada por necessitar de uma fonte externa para regulação da
temperatura.
Crédito: Divulgação Um sinal de desconforto é ficar inquieto e mudar de posição ou lugar com frequência |
Sinais de desconforto
Nos
dias mais quentes, não é difícil para tutor perceber que o animal não está
confortável. As especialistas orientam que os pets dão indícios de que merecem
uma atenção especial.
Cães
e gatos procuram deitar de barriga para baixo no chão frio. Tomam mais água,
respiram de forma intensa e de boca aberta. Normalmente ficam muito inquietos e
mudam de posição ou lugar com mais frequência. “Alguns animais até jogam água
da tigela de água no chão e deitam em cima para se refrescar. E outros podem
cavar na terra buracos profundos na tentativa de alcançar terra mais úmida e
fresca”, indica a Dra. Fabiana.
Quando
estão sob altas temperaturas, as aves ficam no fundo da gaiola, arfantes e com
as asas e bico abertos. Dra. Morgana lembra ainda dos lagomorfos e roedores,
que também se mostram ofegantes, apáticos, letárgicos e sem disposição para
brincar. Esse tipo de animal perde o apetite e pode ficar esticando as patas
traseiras no chão para se refrescar. Já os répteis procuram abrigo em um local
mais ameno, pois o ambiente faz com que o corpo deles resfrie e ele não passe
calor.
Crédito: Matheus Campos O cão troca de calor com o ambiente colocando a língua para fora da boca |
Dicas para aliviar o calor
Cães e gatos
Ventilador -- De modo geral não há contraindicações para o uso direto nos animais. A exceção é para os que possuem problemas oftálmicos, como “olho seco” (ceratoconjuntivite seca), pois pode agravar a sensação de ressecamento ocular e provocar irritação, como vermelhidão e coceira.
Ar-condicionado -- O uso do aparelho requer o acompanhamento no ambiente de um umidificador, além da necessidade de estimular o animal a beber água para evitar ressecamento de vias aéreas. Pacientes com ceratoconjuntivite seca também podem ter desconforto ocular, por isso é importante a aplicação de colírio lubrificante antes até do animal ser colocado neste ambiente resfriado. “O uso de temperaturas muito baixas do ar-condicionado pode provocar choque térmico e promover desconfortos, como espirros e tosse seca”, alerta a Dra. Fabiana.
Brincadeiras na água -- Cães têm acesso livre à piscina, com a observação de que é preciso banhar o animal depois para remover o cloro da pele e do pelo. Aos animais alérgicos, com dermatite atópica, por exemplo, recomenda-se a hidratação da pele em seguida com produtos prescritos pelo veterinário dermatólogo. Animais de pelo curto podem secar ao ar livre, e os de pelagem longa, recomenda-se o uso de sopradores e secadores para evitar que a pele fique úmida. “Gatos, de modo geral, não gostam de entrar na água ou de se molharem, mas caso haja interesse na diversão, a recomendação é a mesma que é dada para os cães”, enfatiza a Dra. Fabiana.
Oferecimento de água gelada -- Não existe risco algum para cães e gatos, inclusive eles adoram e é uma excelente forma de promover alívio térmico. Frutas congeladas também são ótimos recursos.
Estímulo
à ingestão de água -- Ofereça
alimentação natural, que é mais úmida; adicione água na comida; espalhe vários
potes com água pela casa -- ou fontes e bebedouros com água em movimento para
os gatos, que apreciam esse recurso devido a sensação de água limpa; água de
coco, por ter sabor levemente adocicado, pode contribuir para o consumo de
líquidos para cães e gatos.
Crédito: Matheus Campos Os gatos apreciam água em movimento devido a sensação de água limpa |
Passeio em dias quentes -- Evite sair com cães e gatos em horários de alta incidência solar, pois há risco de queimadura das patas/ coxins. Recomenda-se passear com os animais até por volta das 8h30 e ao final da tarde e início da noite. Esse é um cuidado muito importante! Aos braquicefálicos, acidentes como queimaduras, úlceras, sangramento e hipertermia podem ser fatais!
Tosa -- Não se recomenda a tosa de animais com pelo longo, nem mesmo no verão. “Na ideia de tentar ajudar a controlar o calor, estamos justamente prejudicando o controle térmico de cada animal removendo dele o seu isolante término natural -- os pelos”, explica Fabiana. Em algumas raças de pelagem dupla, como Akita, Samoieda, Spitz Alemão e Chow Chow, por exemplo, pode haver indução de uma condição patológica chamada alopecia pós-tosa, caracterizada pela interrupção do crescimento do pelo por, no mínimo, dois ou três anos.
Crédito: Matheus Campos Fabiana Vitale examina pele de cão |
Doenças geradas pelas altas temperaturas -- Insolação e hipertermia -- os cães são mais acometidos, em especial os braquicefálicos, pois têm maior dificuldade no resfriamento corporal através do ato de resfolegamento. Sinais como ofegação extrema, redução da atenção, temperatura corporal muito elevada, inconsciência/coma -- neste caso o animal dever ser levado imediatamente a um hospital veterinário 24 horas na tentativa de salvar o paciente.
Desidratação -- Qualquer animal pode sofrer se estiver submetido
a altas temperaturas, sem possibilidade de acesso à sombra e água fresca. Se a
desidratação for moderada a grave, o animal deve ser levado imediatamente ao
hospital. Apatia, prostração, redução da interação e atenção, ressecamento de
mucosas, redução da micção ou ausência da mesma podem ser sinais de
desidratação.
Infestação por pulgas e carrapatos -- Em épocas de maiores
temperaturas a proliferação destes parasitas é maior, sendo necessário o uso de
produtos preventivos para evitar complicações originadas pelas picadas e
infestação intestinal por parasitas.
Pets não convencionais
Ventilador -- Não é indicado vento direto no animal devido ao ressecamento do ar e das vias aéreas. Uma opção, de acordo com a Dra. Morgana, é ligar o umidificador junto com o ventilador. Em relação às aves é preciso muita atenção, pois correntes de vento podem ocasionar alterações respiratórias graves. Já nos répteis, o ventilador não interfere na oscilação da temperatura. O que gera efeito refrescante é, por exemplo, ter pedra de mármore nos terrários. “Lembrando que quando se trata de chinchilas devemos manter o ambiente mais ameno porque são animais que necessitam de temperaturas baixas, porém não diretamente, e sem exageros”, observa Morgana.
Ar-condicionado -- Assim como os ventiladores, é interessante usar o umidificador junto no ambiente e nunca deixar diretamente no animal. Mas par as chinchilas o ar-condicionado, junto com o umidificador, figura como uma boa pedida. “Os répteis são espécies com exigências particulares, como uso de lâmpadas de aquecimentos, ventiladores específicos de terrários. Sendo assim, é preciso conhecer cada espécie para definir a sua exigência nestes casos”, reforça Morgana.
Brincadeiras na água -- Não podem faltar banheiras nas gaiolas, pois as aves adoram se refrescar tomando banho. Mais uma alternativa é borrifar água na gaiola nos horários mais quentes. Lagomorfos e roedores normalmente não se molham e não têm a necessidade. Caso aconteça, a indicação da Dra. Morgana é secar o animal com secador morno para evitar problemas de pele. Estas espécies gostam de brincar com atrativos gelados e uma sugestão é oferecer garrafa pet com água congelada para se distraírem. Já para a chinchila o banho com água não é indicado. “Existe um pó especifico que faz a limpeza do animal”, esclarece a especialista. O aspergimento de água é bastante indicado como cuidado aos répteis.
Oferecimento de água gelada -- Aos animais silvestres essa não é uma boa sugestão. A melhor opção é dar água em temperatura ambiente. No entanto, aves como papagaio e arara gostam de “sorvete” de polpas de frutas, podendo ser oferecido esporadicamente.
Passeio em dias quentes -- Não são indicados passeios de carro, nas ruas ou parques; não esqueça gaiolas ao sol!; e atenção a alguns coelhos e porquinhos da índia que andam soltos em casa: deve-se evitar o acesso ao piso onde bate o sol devido a queimaduras nas patas.
Estímulo à ingestão de água -- Ofereça frutas suculentas, como laranja, maracujá e melão, bem como verduras com água borrifada.
Tosa -- Muitos tutores tosam seus coelhos, porém não é uma atitude indicada. Não alivia o calor e prejudica o controle térmico do animal, sem contar risco de lesões durante o processo devido a pele ser fina e sensível.
Doenças geradas pelas altas temperaturas -- Devido às oscilações de temperatura, bronquite, infecções respiratórias e gastrointestinais são comuns. Atenção à fermentação das frutas, pois no calor os alimentos estragam com mais facilidade.
Crédito: Matheus Campos Veterinária Morgana Prado atende a uma ave da família de psitacídeos |
Hospital Veterinário Taquaral -- nova unidade
Endereço:
Av. Heitor Penteado, 311, Taquaral (em frente ao portão 6 da Lagoa) -- Campinas
SP
Funcionamento:
24 horas, sete dias por semana
Telefones:
(19) 3255-3899 / WhatsApp: 99256-5500
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