A palavra empatia está cada vez mais presente no contexto empresarial. Segundo a consultoria DDI (Global Leadership Forecast 2021), a capacidade dos líderes de demonstrar empatia (conectar-se com suas equipes em um nível mais humano) é o fator principal que influencia o burnout (esgotamento). Daniel Goleman, considerado o pai da Inteligência Emocional, afirmou, em uma palestra no 8º Fórum Liberdade e Democracia (2021), que a empatia é a qualidade mais importante em um líder.
Aparentemente, a empatia virou uma panaceia, o
remédio para todos os males e a presença dela resolvendo todas as questões
existentes. Mas o que é empatia? Como podemos exercitá-la, incorporá-la ao
nosso dia a dia?
Empatia é uma palavra de origem grega formada por en
mais pathós, que significa sentir fortemente, ser impactado por.
O ideograma chinês “escutar com um coração puro” que seria equivalente a
escutar empaticamente, inclui os caracteres para ouvidos, olhos e coração.
Esse tema não é completamente recente já que, em
1916, a filósofa e teóloga alemã Edith Stein apresentou sua tese de doutorado
chamada “Sobre o problema da empatia”, na qual faz uma análise sobre o fenômeno
e destaca a importância da empatia para o autoconhecimento e autoavaliação.
Uma das metáforas mais usadas para a empatia é
“calçar o sapato do outro”. Esse ato significa o esforço de suspender nossas
crenças, valores e preconceitos; além de abrir mão de nossas vivências, para
que possamos enxergar o mundo da mesma forma que o outro.
Criador do Museu da Empatia, o filósofo e cientista
social Roman Krznaric afirma que “a empatia é a capacidade mais importante que
o ser humano pode desenvolver, porque permite entender e ver o mundo pelos
olhos do outro."
O psicólogo e Ph.D. em psicologia cognitiva Paul
Bloom considera a empatia como inteligência social e faz um alerta porque,
sendo inteligência, pode ser usada para o bem ou para o mal. A habilidade de
saber o que os outros estão pensando/sentindo pode gerar professores
maravilhosos, políticos nobres e grandes líderes. Da mesma forma, poderá
contribuir para a existência de excelentes vigaristas, sádicos, sedutores,
torturadores e psicopatas. Como você está usando sua habilidade de empatia?
Daniel Goleman descreve três tipos de empatia
necessárias aos líderes: a empatia cognitiva (a habilidade de ver o mundo pelos
olhos da outra pessoa); a empatia emocional (a habilidade de sentir o que o
outro sente); e a preocupação empática (a capacidade de se mobilizar para
ajudar, se for preciso).
No modelo da Comunicação Não Violenta (CNV), as 2
partes são escutar empaticamente e expressar-se honestamente, que serão as
bases para os 4 componentes (observações, sentimentos, necessidades e pedidos).
Para exercitar a CNV, a empatia estará presente na forma como ouvimos as
observações, os sentimentos, as necessidades e os pedidos. Marshall Rosemberg,
criador da CNV, define empatia como sendo “a compreensão respeitosa do que a
outra pessoa está vivendo”. Seria buscar compreender seus pontos de vista e
suas experiências, sem necessariamente aceitar ou rejeitar, concordar ou
discordar. Empatia não é simpatia nem antipatia.
Existem algumas ações que são contrárias à empatia,
dentre elas: solidarizar-se, aconselhar, competir pelo sofrimento, educar,
consolar, recomendar, interrogar, responder, corrigir, resolver, explicar-se,
analisar, concordar. Elas nos colocam em uma posição superior ou diferenciada
em relação à outra pessoa.
De forma prática, Roman Krznaric (em palestra para
a The
RSA), descreve os 6 hábitos das pessoas altamente empáticas, os
quais podem nos ajudar a viver melhor e a contribuir para criar mudanças
sociais, a saber:
- Cultivar
a curiosidade sobre estranhos: ajuda a identificar os preconceitos e as
suposições vividas como verdadeiras;
- Desafiar
preconceitos e descobrir pontos em comum: perceber o outro como um
ser humano, com sentimentos e necessidades; buscar o que nos une em vez do
que nos separa;
- Colocar-se
no lugar dos outros, vivendo a vida de outra pessoa
- Pratique
a arte da conversa: diálogos francos onde há um escutar com
atenção, compartilhando sentimentos e na presença da vulnerabilidade.
- Inspirar
ação em massa e mudança social: exercitar a empatia por uma comunidade,
entendendo a perspectiva de outras pessoas.
- Desenvolva
uma imaginação ambiciosa: ser empático no espaço (com pessoas em outros
países) e no tempo (com as futuras gerações).
Angela Vega - Engenheira química, com MBA Executivo,
Pós-graduada em Filosofia e Autoconhecimento e especializações na FDC, INSEAD,
Adigo, Amana-Key e Presencing Institute. Facilitadora de processos de
desenvolvimento individual, organizacional e de grupos. Em 33 anos de carreira
empresarial, coordenou e desenvolveu projetos de gestão da mudança,
desenvolvimento de equipes, ouvidoria e educação corporativa. Coach (executiva,
de vida e de carreira) e qualificada como Coach TimetoThink Coach na
metodologia Thinking Environment (Inglaterra). Aconselhadora biográfica pela
Associação Sagres, reconhecida pela Seção Antroposófica Geral do Goetheanum
(Suíça). Palestrante e docente em eventos de desenvolvimento de líderes.
Coautora do livro “Gestão das emoções no ambiente corporativo” pela Literare
Books International.
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