"Segundo a OMS, 90 por cento dos casos poderiam ser evitados e reconhecer os sinais de alerta pode ser o mais importante passo"
O suicídio é o ato de retirar a própria
vida, mas pode ser evitado. “Primeiramente, a maioria dos suicidas pede
ajuda antes, ou seja, é mito que o suicida não pede socorro. O suicida não
quer morrer, quer aliviar seu sofrimento. O que faz com que alguém cometa
suicídio intencionalmente, geralmente é uma dor emocional muito forte, onde a pessoa
tem a impressão de que não há o que fazer ou como melhorar, senão cometendo o
ato”, explica o Dr. Marcel Fulvio Padula Lamas, Coordenador da Psiquiatra do
Hospital Albert Sabin de São Paulo.
Existem também, doenças mentais que aumentam a
chance do paciente cometer suicídio, como depressão unipolar ou bipolar,
etilismo, esquizofrenia, delirium, entre outros. Sinais como os famosos
"D"s: dor psíquica, depressão, desespero, desesperança, desamparo,
dependência química e delirio devem ser notados com cautela, além da presença
de fatores predisponentes e/ou precipitantes.
Os fatores predisponentes são crônicos e, em geral,
não podem ser mudados. Exemplos: Sexo masculino (cometem 4x mais suicídio),
feminino (3x mais tentativas), idade (mais jovens tentam mais o ato, idosos
conseguem o maior número), histórico familiar, tentativas prévias, presença de
doenças físicas ou mentais, presença de desesperança, abuso na infância
(físico, sexual ou mental), baixo nível de inteligência, isolamento social, ser
de uma minoria étnica, entre outros.
Já, os precipitantes são agudos, geralmente
passageiros na vida de alguém, e levam o indivíduo a tentar o suicídio, por
exemplo: separação conjugal, ruptura amorosa, rejeição afetiva e/ou social,
alta recente de hospitalização psiquiátrica, perda de emprego, graves
perturbações familiares, modificação de situação econômica e financeira,
vergonha ou medo de ter algum segredo revelado.
“Os precipitantes são fatores que funcionam como
gatilho para que ocorra alguma tragédia, acontecem em algum momento da vida e
podem fazer com que os fatores que já estavam antes, os predisponentes,
intensifiquem o desejo de desistir da própria vida”, relata o médico.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),
são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os
episódios subnotificados, com os quais, estima-se mais de 01 milhão de casos.
No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média
38 pessoas cometem suicídio por dia.
Há certas divergências na área científica sobre o
suicida, considerando que alguns autores conceituam suicídio apenas se cometido
de forma intencional, (exemplo: o indivíduo que toma veneno ou se enforca),
outros são mais abrangentes e englobam também pessoas que têm comportamentos
suicidas, como o diabético que come açúcar, o hipertenso que exagera no sal, e
até mesmo, o que ingere grandes quantidades de bebida alcoólica e depois
dirige.
“Existem comportamentos suicidas e o ato direto de
retirar a própria vida. Pessoas doentes que não tomam corretamente suas
medicações, diabéticos que comem açúcares de cadeia curta, são exemplos de
comportamentos suicidas, mas não de suicídio”, relata o Dr. Lamas.
É muito importante os familiares e amigos próximos
da pessoa reconhecerem os comportamentos suicidas. Pessoas dão sinais a partir
de condutas que demonstram que querem acabar com a própria vida. Existem os que
são muito mais sutis e, por isso, menosprezados, que não parecem ser um
problema. Por exemplo, a pessoa que, do nada, não corta e/ou não pinta mais as
unhas, para de tomar banho, de cuidar de si mesma, entre outros.
“O principal é observar os fatores de risco na pessoa, acolhê-la, mostrar o quanto ela é importante, perguntar como está se sentindo e se mostrar disposto a ajudar, atitudes que auxiliam muito. Se o paciente tiver fatores de risco importantes, mas não estiver com ideação suicida, o acompanhamento pode ser ambulatorial. No momento que a pessoa está com ideação suicida, comumente está se sentindo um nada, um peso para os outros, devido ao quadro emocional que se encontra. Cada segundo que o paciente estiver com esse pensamento é extremamente doloroso, portanto, não julgue e não arrisque! Leve-o ao pronto socorro de um hospital psiquiátrico, buscar ajuda o quanto antes, é essencial”, finaliza o psiquiatra.
Em casos de extrema urgência, ligue 188- C.V.V -
Centro de Valorização à Vida.
Fontes:
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/suicide
https://www.who.int/news/item/17-06-2021-one-in-100-deaths-is-by-suicide
https://www.setembroamarelo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário