Durante nossos anos verdes, juntamente com a mudança de nossas características físicas, peculiares de cada fase da vida, vamos mudando de estágios e, em cada um deles, portas vão se abrindo, caminhos vão aparecendo e, preparados ou não, precisamos fazer escolhas. Não há como correr delas.
O tempo, como grande amigo que observa e cuida de
tudo que fazemos, vai passando, em seu ritmo paciencioso, e fazendo as suas
entregas. Não esquece de nada e, aos poucos, apresenta o pacote completo, com
todos os prazeres, as alegrias, os aprendizados, as dores, as tristezas...
Enfim, ele nos mostra como experimentamos o desenrolar de nossas decisões.
Escolhemos a profissão, o trabalho, casamo-nos,
temos filhos, divorciamo-nos... ou decidimos não fazer nada disso, o que também
é uma escolha! Na maioria das decisões que tomamos, imperam os modelos que
temos já construídos e que nos levam a uma certa continuidade de padrões que
nos são familiares ou ao rompimento com eles.
Entretanto, em algum ponto da vida, quando nos
olhamos no espelho e já não encontramos mais aquele “ar” de frescor da
juventude, e isso pode acontecer aos 30, 40, 50, 60, 70... sentimos alguma
dificuldade de enxergar que aquele caminho percorrido, que trouxe essa
colheita, partiu de uma decisão de plantio.
Então, em algum momento, aparece o desânimo, a
solidão, o questionamento sobre o que ficou para trás, e a sensação gelada de
que algo ficou perdido na jornada, parecida com aquela quando você se dá conta
de que esqueceu algo importante, sabe?
Há dias em que essa sensação se torna presente e
toma conta. Este é o sinal de que chegou o tempo: o tempo de pausa, de
conversar com você mesmo. A vida te chama para o grande momento, é quando mais
uma porta se abre e, desta vez, com a maturidade, com o seu eu adulto, é
possível refletir sobre dois pontos fundamentais.
1- No decorrer da vida, apenas executamos o
planejado, mesmo que de maneira inconsciente. Há comprovação científica de que
escolhemos nosso roteiro de vida, (pasmem!) até os 7 anos de idade. Isso quer
dizer que gostemos ou não do resultado, fomos nós que o construímos assim, por
mais que não tenhamos consciência plena disso.
Assim, assumir a responsabilidade pelo que
aconteceu até agora, seja vitória, seja derrota, seja alegria, seja tristeza,
enfim seja algo que contabilizamos como satisfação ou como frustração é ponto
crucial para encontrar o que ficou pelo caminho. Não outros responsáveis, a
escolha foi sua.
2- Ao observar a vida sob uma perspectiva mais
ampla, só somos completos com a morte, o que significa que, se estamos vivos,
ainda há tempo para fazermos o que realmente desejamos sem nos limitarmos ao
julgamento dos outros, sejam eles nossa família, amigos, comunidade religiosa,
profissional ou acadêmica.
Isso quer dizer que nunca é tarde demais para nada.
Mas também quer dizer que é preciso ter coragem para satisfazer, com nossa
performance ou nossa aparência na vida, uma única pessoa: nós mesmos. Significa
sim contrariar padrões, estilos, rotinas, vontade dos outros, mesmo que “os
outros” sejam os pais, companheiros, amigos, cônjuges ou filhos.
Ter coragem para ser e agir diferente do esperado
pelas pessoas que convivem com você é tomar deliciosamente a decisão de ser
você mesmo. Não é pouca coisa, é um desafio. Mas, siga a intuição, pois ela
carrega nossos desejos latentes, e quando ela vier, aproveite aquele lampejo de
sensação gostosa de ter achado o que perdeu ao longo do caminho. Permita-se
abraçar suas realizações sem ter que justificar para ninguém. É complicado e
simples assim, paradoxal como a própria vida.
Carmen
Hornick – Mestre em Estudos de Linguagem (UFMT). Licenciada
em Letras Português/Inglês e suas respectivas Literaturas (UNEMAT). Bacharel em
Direito (UNIC). Pós-graduada em Linguística Aplicada (UFMT). MBA em Direito do
Trabalho (Faculdade Pitágoras). Pós-graduada em Direito: Administração Pública
e Controle Externo (FGV). Personal and Executive Coach (ICI - Integrating
Coaching Institute). Pós-graduada em Direito Sistêmico (Faculdade
Innovare/Hellinger Schule). Certificada no MPP Training and Certification
Program pelo (Human Being Institute) e no Curso de Introdução à Análise
Transacional (União Nacional de Analistas Transacionais do Brasil). Foi
professora de ensino fundamental, médio e superior. É membro da Comissão de
Direito Sistêmico da OAB/MT e colaboradora no projeto Aprender Sistêmico. Autora
do livro “Como viver sem coitadisse”, pela Literare Books International.
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