Há oito anos o Brasil
utiliza cães para impedir a entrada de produtos de interesse agropecuário
irregulares. Além dos três cães treinados, outros três serão preparados ainda
este mês para a mesma missãoMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)/Divulgação
O treinamento que permite a ação conjunta entre o cão e o auditor fiscal federal agropecuário (affa) na rotina de auditoria e fiscalização de aeroportos e nas agências de defesa agropecuária nos estados começou há oito anos e está sendo reforçado. A parceria é promissora para ambos, segundo relato de quem promove os treinamentos, como ocorreu recentemente, com o II Curso de Formação de Operadores de Cães de Detecção. O evento foi realizado este mês no Aeroporto Internacional de Brasília, Juscelino Kubitschek, com três animais que reforçarão a segurança nos aeroportos de Guarulhos (SP) e Galeão (RJ) a partir desta semana. Outros três devem iniciar treinamento ainda este mês. No dia 12 de setembro também foi inaugurado um Canil, uma estrutura própria para abrigar cães farejadores, dentro do Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior da América Latina.
Segundo José Luis Vargas, affa e diretor do Departamento de Serviços Técnicos (DTEC) da vigilância agropecuária internacional (Vigiagro) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), “os cães atuam de forma muito rápida e precisa na identificação de produtos e substâncias irregulares, economizando tempo e pessoal. É um reforço fundamental no trabalho dos auditores”, afirma.
Romero Teixeira, chefe do Centro Nacional de Cães de Detecção (CeNCD) do Mapa e instrutor de cursos, afirma que cinco cães atuam hoje na Defesa Agropecuária brasileira, adquiridos por meio de Termos de Ajuste de Conduta (TACs), celebrados com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). "O cão é um reforço, uma ferramenta complementar à auditoria e fiscalização realizada pelos affas, em unidades da Vigiagro nos aeroportos, fronteiras, portos, Correios e outros pontos estratégicos”, informa e complementa: "Os cães não atendem só o Vigiagro, temos muitas solicitações para atuação deles nas agências de defesa agropecuárias nos estados, nas divisas internas", esclarece Romero.
Na comparação com os equipamentos de Raio-x utilizados nos aeroportos também para detecção de produtos de interesse agropecuário suspeitos, os cães se sobressaem pela velocidade com que podem identificar bagagens, pacotes e cargas irregulares. Levam cerca de dois a três segundos, enquanto a máquina (Raio-X) demora de 30 segundos a um minuto. O mesmo vale para o custo-benefício do animal, que pode ser adquirido por preço médio de R$ 30 mil, contra R$ 1,5 a R$ 2 milhões da máquina de detecção. Sem falar na manutenção do bicho, menos onerosa. "Sozinho, o Raio-X não faz muita coisa. O cão é semelhante, mas é mais barato. Ele é um reforço no trabalho realizado pelos affas. São ferramentas complementares", resume Romero, que também faz questão de destacar o investimento feito no bem-estar do animal.
Segundo ele, o trabalho de detecção realizado
pelos cães é realizado pelos bichos como se fosse uma diversão e assim tem que
ser. Explica que todos são muito bem tratados, têm plano de saúde veterinário
completo, se alimentam da melhor ração disponível no mercado e têm local de
descanso garantido onde atuam.
Treinamento
Não é só o cão que precisa de treinamento para trabalhar com o affa. Os auditores agropecuários também recebem treinamento para aprender a lidar com o animal. "É um trabalho que exige dedicação, atenção ao preparo físico do animal, aulas teóricas e práticas para os affas, com simulações de busca de materiais suspeitos, de interesse agropecuário. É fundamental que o operador do cão crie vínculo com o animal", informa. Esses treinamentos podem levar de três a seis meses. Outro treinamento também está programado para este mês, segundo o chefe do CeNCD, mas o destino dos cães ainda será definido pelo Mapa.
No planejamento para operar o cão, um animal pode ser compartilhado com duas pessoas. Normalmente, o cão pode atuar até quando responder bem ao trabalho. Um bom exemplo é o Leo, cão que há oito anos trabalha no Aeroporto Internacional de Brasília, operado por Romero. "Ele tem oito anos e trabalha como se tivesse dois", revela.
Protagonistas de operações que ocuparam manchetes
de vários veículos de imprensa, os cães, especialmente o Leo, teve atuação
marcante durante o encontro dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul) em Brasília, em novembro de 2019. Assim como recentemente, com a vinda de
comitiva de portugueses para o bicentenário da Proclamação da Independência do
Brasil. Leo também já trabalhou no aeroporto do Galeão, em Natal e em Roraima.
O Labrador Chocolate, Theo, ganhou notoriedade com a detecção de sementes
suspeitas, vindas de países asiáticos, como China e Malásia e grande parte apreendida
no Aeroporto de Curitiba. Quanto aos affas, após o recente curso, já são oito
treinados e aptos a trabalhar com o auxílio de cães.
Cães no agro
Segundo o Centro Nacional de Cães de Detecção (CeNCD), que já tem andamento a ampliação das instalações em Brasília, no Cruzeiro, cidade próxima ao centro da capital, o objetivo desse espaço é servir ao treinamento de cães que vão reforçar a fiscalização agropecuária do país, com meta de realizar o treinamento de quase 40 animais, previstos para reforçar a Defesa Agropecuária, futuramente.
Para o Sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical), o CeNCD presta um serviço extremamente relevante para a segurança do país e de apoio aos affas. "A ampliação do trabalho com detecção de cães é um passo significativo que conta como atribuição exclusiva à carreira e auxilia os affas na auditoria e fiscalização durante a atuação nos aeroportos, portos, postos de fronteiras e correios, evitando a entrada de pragas e doenças", afirma Janus Pablo, presidente do ANFFA.
O CeNCD informa ainda que hoje, após o segundo
curso de formação para operadores de cães de detecção, a Defesa Agropecuária do
país conta com cinco cães treinados: 1 Labrador, o Leo, (Aeroporto de
Brasília); 1 Labrador Chocolate em Curitiba, o Thor; além de três cães
recém-treinados que devem apoiar o Vigiagro do Galeão e de Guarulhos, sendo
dois para o Rio e um para São Paulo.
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