É bem provável que você já tenha vivenciado ou presenciado uma criança fazendo birra com seus pais ou responsáveis. Em grande parte desses momentos, os adultos reconhecem que não sabem exatamente como lidar com a criança que está chorando, gritando e esperneando, e se perguntam qual a melhor forma de reagir diante dessa situação, se o certo é brigar, acolher ou simplesmente ignorar. Além disso, há outras dúvidas frequentes: até qual idade é normal fazer birra? Por que elas expressam dessa maneira, e não pela fala? O que estão sentindo naquele momento? Existe um lado positivo nessa questão?
A birra é simplesmente a frustração que a criança
está sentindo naquele momento e externalizando da forma que ela acha que
receberá atenção. Tendo em mente que esse comportamento faz parte do
desenvolvimento infantil, é preciso fazer mais do que só mandá-la parar ou
ignorar o que está acontecendo, conforme explica a pedagoga, especialista em
neuropsicopedagogia e professora do Colégio Semeador, de Foz do Iguaçu (PR),
Elisângela Schulz. “Uma atitude que pode acabar com a birra é tentar desviar o
foco da criança para outra atividade ou envolvê-la em alguma curiosidade. Caso
não dê certo, acolhê-la é a melhor solução”, recomenda.
A pedagoga alerta que há maneiras de tentar evitar
a birra, trazendo a questão da previsibilidade para a criança sobre um dia que
será diferente da rotina a qual ela está acostumada. “Se for fazer um passeio
ou algo incomum, ela precisa ser comunicada dessa mudança, e assim, não haverá
nenhuma surpresa que a deixe estressada”, aponta, destacando a importância da
inserção da criança no processo da escolha, para que se sinta valorizada e até
mais tranquila para lidar com a frustração.
Além da questão da previsibilidade, é importante
trabalhar com as emoções dos pequenos. Por conta disso, Elizângela ressalta a
importância do acolhimento, que acaba superando a questão de apenas ceder e
evitando que isso se torne um mecanismo utilizado pela criança sempre que
quiser algo que não pode ter. “Quando há acolhimento e conversas sobre essas
emoções, ela vai entender que há outras formas de resolver a frustração.”
Segundo a especialista, existem estudos que apontam
que a birra pode, sim, ser algo positivo, partindo do ponto de vista de como o
adulto conduz o impasse, podendo aproveitar o momento para manifestar que
também se frustra com algumas situações. “A conversa é importantíssima para
esse entendimento, e uma sugestão é perguntar para a criança o que ela sentiu e
como isso pode ser resolvido. A maneira como a birra é tratada terá
consequências futuramente, pois, como a criança ainda está em desenvolvimento,
todas as formas de comunicação que ela vivencia contribuem para o seu
crescimento”, finaliza Schulz, indicando que, por conta da questão do processo
de desenvolvimento dos pequenos, é natural que as birras aconteçam até os 4
anos de vida.
Colégio
Semeador
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