Pelo menos 190 milhões de mulheres e adolescentes em todo o mundo sofrem com a endometriose, uma das principais causas da infertilidade feminina
O período menstrual é acompanhado mensalmente por
mudanças hormonais, alterações de humor e cólicas. A intensidade dos períodos
varia de mulher para mulher, mas alguns sinais merecem mais atenção, como as
fortes dores provocadas pelas cólicas. De acordo com o médico ginecologista e
especialista em reprodução humana, Ricardo Beck, as pacientes devem se
preocupar com as dores menstruais a partir do momento que as cólicas
prejudicarem a qualidade de vida.
“A principal causa dessas dores podem ser a endometriose,
uma patologia que atinge em média 30% das mulheres em idade reprodutiva,
podendo ou não implicar em dificuldade para engravidar”, explica Beck. Segundo
ele, algumas mulheres podem apresentar todos os sintomas ou apenas um deles.
“Não podemos generalizar dizendo que todas as dores são endometriose, mas a
endometriose é sim uma das causas mais comuns para as cólicas intensas”,
complementa.
Pelo menos 190 milhões de mulheres e adolescentes em todo
o mundo sofrem com a endometriose, segundo dados apresentados na edição de 2022
do guideline da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
Impacto na fertilidade
A endometriose é uma das principais causas da
infertilidade feminina. Justamente por isso, um sinal de alerta junto com as
intensas dores é a dificuldade para engravidar, além da presença de dores
durante as relações sexuais. Como especialista em reprodução humana, Beck
destaca que a maior parte dos casos de endometriose são identificados durante o
processo de reprodução assistida, quando os casais começam a investigar a
infertilidade. “A endometriose consiste na presença de tecido endometrial fora
do útero, o que afeta a anatomia da pelve e a fertilidade da mulher. Essas
aderências anormais entre os órgãos dentro da barriga da mulher dificultam o
encontro entre óvulos e espermatozóides dentro da tuba uterina, sendo uma das
causas da infertilidade feminina provocada pela endometriose”, explica Beck.
Tratamento e técnicas de reprodução assistida
O tratamento da endometriose varia de acordo com os
planos de cada mulher. Para aquelas que não querem engravidar, a endometriose
pode ser tratada com o bloqueio hormonal, geralmente feito com uso de
anticoncepcional, para que os focos de endometriose não aumentem ao longo dos
anos e diminua a intensidade das dores provocadas pela doença.
Já para as mulheres que têm endometriose e desejam
engravidar, há duas opções: a cirurgia para remoção dos focos de endometriose
para tentar uma gestação natural, ou investir em técnicas de reprodução
assistida. “Quando a mulher opera, aumentam as chances de engravidar em casa.
Mas se a mulher tem outros fatores de infertilidade associados, como fator
masculino de infertilidade, ou uma endometriose severa, a cirurgia não é
indicada. Orientamos a paciente a fazer uma técnica de reprodução assistida,
como a fertilização in vitro”, explica Beck.
A evolução das técnicas de reprodução assistida ao longo
dos anos aumentaram a qualidade e as chances de sucesso do procedimento para
milhares de casais que sonham em ter um filho. Micromanipulação na fertilização
in vitro, inseminação artificial, incubadoras e meio de cultura para embriões,
estruturas para congelamento de embriões e materiais genéticos e a biópsia
embrionária são os principais avanços.
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