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quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Bicentenário da Independência


 Especialista desmistifica algumas ideias que rondam o imaginário social acerca da história brasileira

 

Hoje, comemora-se o Bicentenário da Independência do Brasil, efeméride marcada pelos eventos do 7 de Setembro. Segundo Rafaela Mateus, autora do material de História do Sistema de Ensino pH, as comemorações suscitam uma série de análises e discussões sobre os rumos políticos e econômicos do país e a ampliação da cidadania. “Diante do contexto político atual, marcado pela polarização política e pela proximidade das eleições, podemos esperar diversas narrativas sobre a independência do Brasil, que revelam os usos do passado para legitimar tendências e discursos políticos. Por isso, saber o que de fato aconteceu é fundamental.”

 

Mitos e o imaginário social

O processo de perda do status de “colônia de Portugal” carrega uma série de mitos no imaginário da sociedade que não necessariamente condizem com os fatos. O primeiro ponto a ser desmistificado é que D. Pedro e a comitiva, que o acompanhava, não estavam preparados para o evento, como foi retratado no famoso quadro de Pedro Américo, “Independência ou morte”: “Foi somente após a leitura da carta às margens do rio Ipiranga que D. Pedro anunciou aos membros da comitiva que o Brasil estava separado de Portugal”.

 

O papel de D. Leopoldina

Uma das correspondências que o príncipe regente recebeu foi de D. Leopoldina, sua esposa, no próprio dia 07 de setembro. O que muitos não sabem é que ela teve um papel essencial no processo de independência do Brasil. “Diante da pressão de Portugal, que buscava retomar o controle sobre o Brasil, D. Leopoldina, no dia 02 de setembro de 1922, assinou o decreto da Independência, visto que ela era a chefe interina do governo. Após a assinatura, ela enviou uma carta a D. Pedro relatando os acontecimentos e pedindo que ele proclamasse a independência do Brasil”, explica a autora. 

 

A independência foi resultado de um processo histórico longo

A independência, no entanto, não foi reconhecida de imediato, em todo o Brasil. Houve guerras pela independência em algumas províncias, como na Bahia, que envolveram portugueses, contrários à separação política, e brasileiros, que admitiram o novo status do Brasil. “Nesse contexto, a luta pela expulsão dos portugueses da Bahia foi fundamental para consolidar a independência do Brasil e garantir a manutenção do território, visto a importância política e estratégica da província. Afinal, a vitória dos portugueses poderia favorecer a reconquista do território brasileiro por Portugal.”

 

Retrocedendo um pouco, ao ano de 1820, a Revolução do Porto, que foi o marco inicial para o processo de independência do Brasil, também tem pontos que precisam ser esclarecidos: embora esse movimento político, que exigiu o retorno da família real e o fim do absolutismo em Portugal, tenha defendido ideias de liberdade, “o projeto político para o Brasil era conservador, visto que propunha a instalação de juntas de governo nas províncias que estariam diretamente ligadas a Portugal. Ou seja, o projeto era acabar com o status político de Reino Unido a Portugal e submeter o Brasil, novamente, aos interesses portugueses”. Na prática, isso representaria a perda de autonomia e liberdade adquirida com a presença da família real no Brasil (1808-1821). 

 

Sistema de Ensino pH

www.sistemadeensinoph.com.br


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