Especialista desmistifica algumas ideias que rondam o imaginário social acerca da história brasileira
Hoje,
comemora-se o Bicentenário da Independência do Brasil, efeméride marcada pelos
eventos do 7 de Setembro. Segundo Rafaela Mateus, autora do material de História do
Sistema de Ensino pH, as comemorações suscitam uma série de
análises e discussões sobre os rumos políticos e econômicos do país e a
ampliação da cidadania. “Diante do contexto político atual, marcado pela polarização
política e pela proximidade das eleições, podemos esperar diversas narrativas
sobre a independência do Brasil, que revelam os usos do passado para legitimar
tendências e discursos políticos. Por isso, saber o que de fato aconteceu é
fundamental.”
Mitos
e o imaginário social
O
processo de perda do status de “colônia de Portugal” carrega uma série de mitos
no imaginário da sociedade que não necessariamente condizem com os fatos. O
primeiro ponto a ser desmistificado é que D. Pedro e a comitiva, que o
acompanhava, não estavam preparados para o evento, como foi retratado no famoso
quadro de Pedro Américo, “Independência ou morte”: “Foi somente após a leitura
da carta às margens do rio Ipiranga que D. Pedro anunciou aos membros da
comitiva que o Brasil estava separado de Portugal”.
O
papel de D. Leopoldina
Uma
das correspondências que o príncipe regente recebeu foi de D. Leopoldina, sua
esposa, no próprio dia 07 de setembro. O que muitos não sabem é que ela teve um
papel essencial no processo de independência do Brasil. “Diante da pressão de
Portugal, que buscava retomar o controle sobre o Brasil, D. Leopoldina, no dia
02 de setembro de 1922, assinou o decreto da Independência, visto que ela era a
chefe interina do governo. Após a assinatura, ela enviou uma carta a D. Pedro
relatando os acontecimentos e pedindo que ele proclamasse a independência do
Brasil”, explica a autora.
A
independência foi resultado de um processo histórico longo
A
independência, no entanto, não foi reconhecida de imediato, em todo o Brasil.
Houve guerras pela independência em algumas províncias, como na Bahia, que
envolveram portugueses, contrários à separação política, e brasileiros, que
admitiram o novo status do Brasil. “Nesse contexto, a luta pela expulsão dos
portugueses da Bahia foi fundamental para consolidar a independência do Brasil
e garantir a manutenção do território, visto a importância política e
estratégica da província. Afinal, a vitória dos portugueses poderia favorecer a
reconquista do território brasileiro por Portugal.”
Retrocedendo
um pouco, ao ano de 1820, a Revolução do Porto, que foi o marco inicial para o
processo de independência do Brasil, também tem pontos que precisam ser
esclarecidos: embora esse movimento político, que exigiu o retorno da família
real e o fim do absolutismo em Portugal, tenha defendido ideias de liberdade,
“o projeto político para o Brasil era conservador, visto que propunha a
instalação de juntas de governo nas províncias que estariam diretamente ligadas
a Portugal. Ou seja, o projeto era acabar com o status político de Reino Unido
a Portugal e submeter o Brasil, novamente, aos interesses portugueses”. Na
prática, isso representaria a perda de autonomia e liberdade adquirida com a
presença da família real no Brasil (1808-1821).
Sistema de
Ensino pH
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