Levantamento mostra que o frio intenso aumentou de 12% para 27% a incidência de olho seco.
Nem começou o inverno e o frio de gelar os ossos já causa estrago na saúde ocular. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier no mês de maio os prontuários de 270 pacientes do hospital mostram que a doença mais frequente nos consultórios é a síndrome do olho seco. Neste grupo. 27% ou 73 pacientes receberam diagnóstico de olho seco. “Isso é mais que o dobro da incidência nas estações quentes antes da pandemia de covid, quando a disfunção atingia 12% dos brasileiros”, salienta. O médico ressalta que a avaliação dos pacientes mostra que prevalece entre eles o olho seco evaporativo. “É o tipo mais frequente desencadeado pelas alterações ambientais, nas pálpebras e no número de piscadas. Normalmente piscamos cerca de vinte vezes por minuto. Na frente das telas de seis a sete vezes e toda a população ficou mais conectada durante a pandemia”, pontua.
O
oftalmologista afirma que o olho seco tem efeitos significativos na função
visual, produtividade e qualidade de vida. Isso porque, os sintomas são:
sensação de areia nos olhos, ardência, vermelhidão, fotofobia e visão embaçada.
A disfunção, explica, é uma alteração na quantidade ou qualidade de uma das
três camadas da lágrima formada por água, gordura e muco. “A falta de
lubrificação na superfície dos olhos predispõe a outras complicações, como por
exemplo, lesões na lente externa do olho, a córnea, e à blefarite, inflamação
crônica das pálpebras”. A chance de
contrair conjuntivite viral durante o frio também é maior, principalmente se
você permanecer em ambientes fechados, pontua. Isso porque, o frio espalha todo
tipo de vírus no ar e a diminuição da lágrima deixa os olhos mais expostos. Uma
evidência bastante clara da proliferação dos vírus neste período é o aumento dos
casos de covid nos últimos dias.
Gatilhos
Queiroz
Neto ressalta que toda síndrome do olho seco é multifatorial. Sofre influência
do meio ambiente, estilo de vida, idade, sexo, hábitos alimentares, consumo de
água, uso de lente de contato, doenças sistêmicas como o diabetes, ou na
superfície do olho como cicatrizes na córnea, ceratocone e blefarite. A incidência da síndrome é de e 3 mulheres
para cada homem. Pode também estar
relacionada ao uso de ar-condicionado frio ou quente que diminuem a umidade do
ar. Medicamentos antialérgicos, anti-hipertensivos e antidepressivos e a
diminuição dos hormônios sexuais com o envelhecimento interferem nas glândulas
lacrimais e causam deficiência aquosa na lágrima, mas é a evaporação a maior
causa do olho seco.
Diagnóstico
Queiroz Neto afirma que 11%
dos casos de olho seco são assintomáticos. Isso acontece porque 98% da lágrima
é formada por água e a evaporação passa despercebida quando é pequena.Por isso,
poucas horas no computador ou celular não afetam os olhos.
“O diagnóstico manual feito
com colírio e contato com o olho pode mascarar o resultado por estimular a
lacrimação. Por isso, hoje é feito com uma
câmera que emite luz infravermelha e é teleguiada por um software para avaliar
as 3 camadas da lágrima sem interferir na superfície do olho. O exame
também inclui a avaliação das pálpebras inferior e superior e das glândulas de
meibômio. Por isso, permite flagrar logo no início a blefarite, inflamação na
pálpebra que está relaciona a alterações nas glândulas de meibômio.
Tratamento
O oftalmologista
afirma que o olho seco brando é tratado com colírios lubrificantes. Nos casos
graves pode ser feita uma cirurgia em que é implantado um plug no olho para
reter a lágrima no globo ocular. Mas o
melhor tratamento para 7 em cada 10 pacientes é a luz pulsada que desobstrui a glândula de Meibômio e estimula a
produzir a camada lipídica do lágrima. Isso porque,
um estudo da ARVO (Association for Research in Vision and Ophthalmology)
mostra que 70% dos casos de olho seco estão relacionados a uma disfunção nesta
glândula. “Já atendi pacientes que depois da aplicação da luz pulsada
comemoravam o alívio nos olhos”, afirma. O médico conta que chegavam ao
consultório com um saco cheio de colírios, mas permaneciam com o desconforto.
Pior, se não for aplicado um tratamento efetivo a glândula pode sofrer lesões e
causar grave redução da visão. O tratamento geralmente é feito em três sessões,
sendo uma/mês, mas a reaplicação pode ser necessária depois de um tempo. Além de preservar a produção da camada
gordurosa da lágrma, observa, a luz
pulsada reduz o gasto com colírio.
6 passos de prevenção
As recomendações de Queiroz
Neto para você manter seus olhos lubrificados são:
Nas telas pisque voluntariamente e descanse olhando par um ponto distante a cada 20 minutos.
Posicione o computador abaixo da linha dos olhos para manter a superfície
ocular mais lubrificada.
Desligue os equipamentos uma hora antes de ir dormir para ter uma boa noite de sono.
Limpe a borda das pálpebras com cotonete embebido em xampu neutro para evita a
obstrução das glândulas e a blefarite.
Beba água. Hidratação
nunca é demais. Protege os olhos, a pele e os rins.
Inclua ômega na dieta. As melhores fontes são: abacate, castanhas e peixes gordos como a sardinha, salmão e
bacalhau.
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