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terça-feira, 28 de junho de 2022

A Doença de Alzheimer é genética?

Quando eu devo me preocupar?

 

Para que convive ou conviveu com uma pessoa com Doença de Alzheimer, a preocupação é constante, principalmente a relação genética da doença.

 

Mais do que um distúrbio neurodegenerativo do cérebro, a Doença de Alzheimer é sistêmica com sinais em várias partes do corpo provocados por mecanismos inflamatórios, metabólicos e oxidativos.

 

As doenças cerebrais envolvem perda dos neurônios e outros danos que afetam o comprometimento cognitivo. As associações genéticas são responsáveis por 50% do risco populacional para a Doença de Alzheimer e em muitos casos a doença aparece em várias gerações de uma mesma família.

 

A parceira científica do SUPERA – Ginástica para o cérebro, a gerontóloga especialista em cognição e Professora da USP, Thais Bento explica que, nos casos em que a doença aparece em várias gerações de uma mesma família ela é provocada se pelo menos três genes diferentes sofrerem mutação.

 

Segundo ela a ciência hoje tem consenso de que a Doença de Alzheimer é muito complexa geneticamente.


 “Se uma pessoa for diagnosticada com DA, as pessoas com vínculos sanguíneos de primeiro grau, apresentam 3,5 vezes o risco maior de desenvolver a doença de Alzheimer, comparando-se aos riscos da população geral. Caso sejam gêmeos a porcentagem das taxas de concordância vai aumentar, para gêmeos dizigóticos 35% e para gêmeos monozigóticos 80%”, alertou.


 

Quando começam os sinais?


Nos casos em que a doença se manifesta em todas as gerações de uma mesma família, os sinais aparecem entre 50 e 60 anos e apresentam um progresso mais rápido em comparação com a forma esporádica da doença, quando os sintomas aparecem em idades mais avançadas.

 

“Os genes de risco da Doença de Alzheimer apenas modificam o risco da doença ao longo da vida. Nos pacientes que tiveram Doença de Alzheimer precoce cerca de 35 a 60% dos pacientes têm ao menos um familiar de primeiro grau afetado e apresenta uma hereditariedade entre 92 e 100% da genética da doença”

               

Por tratar-se de uma doença neurodegenerativa e crônica ainda não há uma cura, porém os tratamentos podem retardar e desacelerar o processo neurodegenerativo do quadro clínico permitindo que as pessoas com demência tenham uma maior sobrevida e melhor qualidade de vida. Os tratamentos podem ser farmacológicos e não farmacológicos e se combinados, apresentam melhores respostas à pessoa com demência, no entanto, os medicamentos (que atuam no Sistema Nervoso Central –SNC) possuem muitos efeitos colaterais e devem ser utilizados com cautela e com prescrição e orientação médica.


 

A ginástica para o cérebro neste contexto

 

A especialista reforça que há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e promovem a independência neste contexto.

 

A ginástica para o cérebro é aplicada sobretudo em pessoas que ainda não tem diagnóstico para a doença, mas possuem fatores de risco, como por exemplo, parentes de primeiro grau em estágios moderado ou grave da doença. Nestes casos, segundo a especialista, é indicado uma atenção especial à cognição e aos sinais diferentes que podem denunciar o problema.

 

“A estimulação das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a utilização de estratégias compensatórias são muito úteis para a promoção da qualidade de vida e para manter o indivíduo orientado no tempo e no espaço. Evitando uma maior progressão da doença e mudança de estágios”, lembrou.

Tarefas de estimulação cognitiva podem ser variadas, com a utilização de jogos, desafios mentais, treinos específicos, reflexões, jogos lúdicos, resgate de histórias e uso de materiais que compensam as dificuldades específicas. A estimulação social prioriza o contato social dos pacientes, visando estimular as habilidades de comunicação, convivência e afetividade, promovendo uma maior integração e evitando a apatia e a inatividade do indivíduo.

 

“Além disso, pode-se realizar atividades de lazer, culturais, celebração de datas importantes e festivas. A estimulação física como, atividades físicas, fisioterapia, exercícios de fortalecimento muscular e exercícios aeróbicos (acompanhados e orientados por um profissional) podem beneficiar a pessoa nos âmbitos neurológicos, coordenação motora, força muscular e flexibilidade, contribuindo para o aumento da independência, percepção sensorial, além de retardar o declínio funcional das atividades de vida diária”

 

A combinação de tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos, como a prática de ginástica para o cérebro são importantes e devem ser realizados para estabilizar o processo demencial, porém, é necessário respeitar as individualidades, os aspectos socioculturais de cada indivíduos e suas necessidades e ir descobrindo estratégias por meio de auxílio profissional especializado, para aplicar na pessoa com Doença de Alzheimer. 

“Por fim, para o diagnóstico e tratamento aconselha-se que a pessoa procure uma equipe interprofissional e multidisciplinar especializada com médico neurologista, neuropsicólogo, gerontólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, dentre outros profissionais da área da saúde”, concluiu a parceira científica do SUPERA – Ginástica para o cérebro e gerontóloga especialista em cognição e Professora da USP, Thais Bento.


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