Créditos: Divulgação
Projetos de
logística reversa ganham importância no setor durante a pandemia; apenas em
2020, geração de resíduos hospitalares aumentou 15%
Mais de 290 mil toneladas. Esse é o total estimado
de resíduos hospitalares gerados em todo o Brasil no primeiro ano da pandemia.
Isso representa um aumento de 15% em relação a 2019. Os dados são do Panorama
de Resíduos Sólidos 2021, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Mais do que números, o levantamento
mostra um cenário urgente com relação à responsabilidade compartilhada sobre o
ciclo de vida dos materiais usados no dia a dia das equipes que estiveram na
linha de frente do combate ao coronavírus.
Em busca dessa conscientização, instituições de
saúde têm implantado projetos de logística reversa em seus processos. Em
Curitiba (PR), os hospitais Universitário Cajuru e Marcelino Champagnat, que
fazem parte do Grupo Marista, criaram, em plena pandemia, uma iniciativa
para reciclagem dos enxovais hospitalares. Com isso, conjuntos de roupas usados
por pacientes e equipes são agora transformados em revestimento automotivo. As
peças são armazenadas, coletadas e então desfibradas para ganharem novos
usos.
O projeto já fez com que 1,7 tonelada de enxovais
deixasse de ser resíduos, descartados em lixo comum ou infectante, para passar
a ser matéria-prima. "Sempre tivemos um volume grande de enxovais
descartados e vimos a necessidade de buscar uma saída. Agora, conseguimos
minimizar o impacto do lixo e reaproveitar esse material de forma mais
sustentável", relata o gerente de Facilities do Grupo Marista, Fabio Pace
Adamo.
Na contramão do aterro sanitário, as cozinhas dos
hospitais curitibanos também coletam esponjas usadas e as direcionam para que
se tornem um novo produto, como um banco ou uma lixeira. O projeto, que começou
no final de 2019, já destinou mais de 1,3 mil esponjas para a reciclagem.
"O primeiro passo foi sensibilizar a equipe que atua nas cozinhas sobre a
importância dessa ação. Logo, conseguimos mostrar que é sempre bem-vindo
reciclar e dar um retorno positivo para o meio ambiente", conta a
coordenadora de nutrição dos hospitais, Patrícia Conter Lara Prehs.
Pandemia e o impacto na geração de lixo
O aumento do fluxo e do período de permanência dos
pacientes nos momentos mais críticos da pandemia impactou diretamente nos
números da produção de lixo. A geração total de resíduos nos hospitais
Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru aumentou em 10% na comparação entre
2020 e 2021. Enquanto o Marcelino Champagnat atuou como referência no
atendimento à covid-19, o Hospital Universitário Cajuru, com atendimento 100%
SUS, concentrou grande parte dos traumas de Curitiba e Região Metropolitana
desde o início da pandemia.
Era urgente então repensar a destinação desses
resíduos, com iniciativas principalmente de logística reversa. No caso do
Marcelino Champagnat, a quantidade de materiais reciclados foi 34% maior em
2021 se comparado a 2020, passando de 35 toneladas para 47 toneladas. Já no
Hospital Universitário Cajuru, o aumento foi de 60%, com 38 toneladas de
materiais passando a ser recicladas no segundo ano da pandemia. "A
preocupação com o meio ambiente não é o futuro, mas, sim, o presente. E os
hospitais não estão fora dessa realidade, afinal, a sustentabilidade, na área
da saúde, não pode ser levada como modismo, mas sim como algo sério a ser
tratado tanto estruturalmente quanto na conscientização de todos",
complementa o gerente de Facilities do Grupo Marista.
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