Alterações cognitivas em mulheres na perimenopausa pode denunciar problemas mais sérios, entenda
Para
mulheres que entraram na casa dos 45 anos, os sinais do envelhecimento estão
mais evidentes no corpo, mas também já se mostram no cérebro.
Ainda
antes de entrar oficialmente na menopausa - última menstruação da mulher, que
acontece entre os 45 e 55 anos - o período conhecido como perimenopausa é
crucial para identificar possíveis declínios cognitivos e, sobretudo, agir de
forma a retardar possíveis prejuízos ao cérebro.
Por
que treinar o cérebro na perimenopausa?
A
neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, Livia Ciacci, explica que
a perimenopausa é um período de transição, que pode começar por volta dos 47
anos de idade (em média) e vai até a menopausa (fim dos ciclos menstruais e
vida reprodutiva da mulher), mas seus sintomas ainda podem permanecer mais
tempo.
“É
uma fase caracterizada pela diminuição dos hormônios sexuais e consequente
redução das suas atuações no sistema nervoso central, o que promove sintomas
neurológicos, como alterações de humor, do sono e da cognição”, lembrou.
Ainda
segundo ela, uma série de artigos científicos publicados recentemente apontam a
relação direta entre redução dos hormônios sexuais e declínio cognitivo. “Por
isso este é um período que se deve incluir mudanças de estilo de vida e
estímulos cognitivos de qualidade”, alertou a especialista.
Existe
uma série de fatores de risco para declínio cognitivo documentados, sendo que
todos eles, somados às mudanças fisiológicas hormonais da perimenopausa podem
aumentar a propensão das mulheres a sofrerem com esses sintomas.
Dentre
os perfis de pessoas com maior risco de declínio cognitivo estão aquelas com:
hipertensão arterial, diabetes, anemia, estresse, tabagismo, alcoolismo, baixa
escolaridade, baixo nível socioeconômico e nível ocupacional com pouca
exigência intelectual.
Porque
treinar o cérebro na após os 45 anos?
A
ciência já sabe que existe uma relação entre a falência ovariana na
perimenopausa - que causa a queda dos níveis de estrógeno, e o declínio
cognitivo. Isso é um fenômeno fisiológico e natural do envelhecimento.
No
entanto, o estilo de vida, comportamento e estímulos cognitivos influenciam na
química cerebral, e têm potencial para serem fortes aliados na manutenção da
qualidade de vida e do desempenho profissional
“Os
maiores ganhos da ginástica para o cérebro ou treino cognitivo nesta faixa
etária envolvem o desenvolvimento de uma reserva cognitiva capaz de compensar
possíveis danos, além da criação consciente de estratégias mentais para manter
a flexibilidade mental necessária para se adaptar a novos cenários”, alertou a
neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, que completou: “atividades
intelectuais variadas e com grau de desafio crescente ainda aumentam a
capacidade da pessoa entender o próprio processo de aprendizagem, uma grande
vantagem que facilita a mulher colocar em prática as mudanças de hábitos
necessários para um estilo de vida mais saudável”, destacou.
Perimenopausa:
quando devo me preocupar?
A
especialista explica ainda que, de acordo com o estudo de Greendale e
colaboradores (2011), aproximadamente 60% das mulheres neste período da vida
apresentam alterações cognitivas, que englobam prejuízos na concentração,
memória e função executiva.
“Analisando
a literatura científica, as alterações mais frequentes estão nas memórias episódicas
(memória das situações e histórias de vida), visual e verbal; na fluência
verbal; atenção e velocidade de processamento das informações. A partir desse
conhecimento, podemos afirmar que as mulheres devem sim ter atenção a essa fase
e buscar entender quais hábitos e escolhas ela pode fazer para que não haja
impacto na sua vida. As alterações cognitivas que podem surgir na Peri
menopausa e menopausa diminuem a produtividade no trabalho e nas atividades
diárias, levando à piora da qualidade de vida e estresse”, alertou.
Um cérebro mais ativo na perimenopausa: 4 dicas para envelhecer melhor
1) Esteja
atenta às mudanças nas habilidades cognitivas básicas que são essenciais para
quem quer envelhecer com saúde;
2) Sensação
de “mente nebulosa”, dificuldades para se concentrar, dificuldades para
memorizar sem ajuda de dispositivos externos ou dificuldades para se lembrar de
contextos e situações, demora para encontrar vocabulário durante uma conversa,
são todos sinais que podem apenas indicar cansaço ou uma noite mal dormida, mas
também pode ser o corpo e o cérebro pedindo um pouco mais de atenção;
3) O
chegar da menopausa exige ainda uma atenção especial ao acompanhamento médico
especializado muitas vezes exigindo necessidade de reposição hormonal;
4) Aproveite para viver intensamente este momento, livre de preconceitos e buscando sempre o autoconhecimento.
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