Em suas formas mais graves, as conjuntivites alérgicas podem causar danos na córnea e ameaçar a visão
Sabe aquela coceira incontrolável no olho que vem acompanhada de uma
vermelhidão que não melhora?
Esses são os primeiros sinais da conjuntivite alérgica. O que poucas pessoas
sabem é que há diferentes tipos de conjuntivite de origem alérgica e que
algumas delas precisam de uma atenção especial.
Segundo a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, embora a maioria dos
casos de alergia ocular tem um desfecho sem complicações, é preciso estar
atento às formas mais graves, principalmente quando o processo inflamatório atinge
também a córnea.
“Na ceratoconjuntivite, a inflamação afeta a conjuntiva e a córnea. A partir
disso, há um risco maior de ocorrer lesões como cicatrizes, úlceras ou ainda o
crescimento de vasos sanguíneos anormais na superfície corneana”.
“Outra consequência da conjuntivite alérgica é que o ato de coçar demais os
olhos pode causar uma ptose palpebral (queda da pálpebra). Por fim, a fricção
excessiva aumenta o risco de desenvolver o ceratocone, uma patologia ocular que
pode causar danos à visão”, explica a médica.
Coceira e vermelhidão são os principais sintomas
Embora haja diferentes tipos de conjuntivite alérgica, todas têm em comum a
coceira e a vermelhidão. “A conjuntivite alérgica sazonal é a mais comum.
Normalmente, ocorre mais na primavera e no verão. Isso porque nessas estações
há uma quantidade maior de pólen no ar”, diz Dra. Tatiana.
Por outro lado, nos meses do outono e inverno o ar fica mais seco e, como
resultado, há uma maior quantidade de agentes alérgenos suspensos no ar. Entre
eles podemos citar o pó, poluição e ácaros.
A conjuntivite alérgica pode se tornar perene, ou seja, crônica. Nessas formas,
é provável que a pessoa apresente simultaneamente crises de asma, rinite e
dermatite.
A rinite afeta, aproximadamente, 20% da população e cerca de 57% dos pacientes
com rinite sofrem de sintomas oculares. Contudo, ter rinite não é um
pré-requisito para a conjuntivite alérgica.
Nova classificação
Recentemente, a classificação da conjuntivite alérgica foi revisada pelo grupo
de Alergia Ocular da Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (EAACI).
Na prática, a entidade apontou que a conjuntivite pode ser desencadeada por um
processo alérgico imediato a partir do contato com os agentes alérgenos. Nessa
classificação estão a conjuntivite alérgica sazonal e a perene, forma
crônica da doença.
Quando a reação alérgica não é imediata, ela pode ocorrer a partir de uma
hipersensibilidade do organismo a algum agente. Nessa classificação estão
a conjuntivite irritativa e a conjuntivite papilar gigante.
A forma irritativa da doença pode ocorrer em situações como exposição à fumaça,
cloro de piscinas, vapores etc. Já a conjuntivite papilar se desenvolve,
principalmente, nos usuários de lentes de contato.
"Em ambos os casos, há uma resposta exagerada do sistema imune aos
componentes das lentes de contato ou ainda às substâncias presentes nos
produtos usados para limpeza delas”, aponta Dra. Tatiana.
Segundo estudos, de 2% a 5% dos usuários de
lentes de contato desenvolvem uma conjuntivite alérgica ao longo do tempo.
Além da vermelhidão
Apesar de a coceira e a vermelhidão serem os principais sintomas, há outras
manifestações como a sensação de areia ou de corpo estranho nos olhos. “Outro
marcador é o inchaço e a vermelhidão nas pálpebras, lacrimejamento e acúmulo de
remela. Porém, a secreção é mais esbranquiçada e não tão abundante como nas
conjuntivites infecciosas”, explica Dra. Tatiana.
Outros sintomas que podem ocorrer é dor ocular e fotofobia. Nos casos de uma
alergia com uma resposta inflamatória mais intensa, a pessoa pode desenvolver
uma quemose. Trata-se do inchaço da conjuntiva que fica visível e se parece com
bolhas ou com uma “esponja” dentro do olho.
Tratamento pode ser longo
Em relação ao tratamento, Dra. Tatiana adverte que o paciente não deve usar
colírios por conta própria, em nenhuma hipótese.
“Quando a vermelhidão e a coceira não desaparecem, é preciso procurar um
oftalmologista. Nas conjuntivites alérgicas, precisamos identificar o que está
causando a alergia para poder tratar da melhor maneira. Além disso, o
tratamento pode ser prolongado nos casos mais crônicos”, reforça.
O diagnóstico e o tratamento precoce de um quadro de conjuntivite alérgica são
fundamentais para evitar o agravamento da condição em relação aos danos que
podem ocorrer na córnea e nas pálpebras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário