O Dr. Gustavo Eder Sales, Intensivista do Hospital Albert Sabin, explica os riscos de se automedicar por meio de pesquisas na internet
Uma recente pesquisa do Instituto de Ciência Tecnologia
e Qualidade (ICTQ) em parceria com o Datafolha revelou que 89% dos brasileiros
adultos fazem uso de substâncias sem qualquer orientação ou prescrição médica.
No país, de acordo com Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
(Sinitox), são registrados, por ano, mais de 30 mil casos de internação por
intoxicação medicamentosa. Estima-se que 20 mil pessoas morrem em função dessa
atitude anualmente.
Atualmente, 5 bilhões de pessoas acessam
diariamente a internet no mundo. A grande maioria utiliza ferramentas de busca
como forma de acesso a informações sobre os mais diversos assuntos e
interesses, e muitos desses internautas procuram respostas sobre variadas
doenças.
“É sabido que a internet possui muitas inverdades
para diversos assuntos, sendo esse o principal risco a que se expõe a pessoa
que procura orientação no "Dr. Google" ou até mesmo em sites
especializados, porém, a coleta e interpretação das informações não serão
eficazes como as feitas por profissional médico”, adverte o Intensivista
Coordenador da UTI do Hospital Albert Sabin, Dr. Gustavo Eder Sales.
Como principal risco da utilização de tais
informações está a automedicação, sempre gravíssima, pois, pode-se desenvolver
intoxicações, prejudicar diagnósticos e ainda lesionar órgãos, não acometidos
até o momento, pelo uso indevido de fármacos.
“Como exemplo, cito um fato ocorrido na UTI do
nosso hospital. O paciente apresentava um quadro de cefaleia (dor de cabeça) e
se medicava em domicílio por meio de “dicas” adquiridas na internet e outras
fontes. Após dois ou três dias de automedicação procurou o hospital, pois, não
apresentava melhora do quadro e, pior, havia evoluído. Foi então diagnosticado
com meningite bacteriana, insuficiência renal aguda e outras patologias que
culminaram com o óbito em menos de 24 horas de internação. Se este paciente
procurasse atendimento médico no início dos sintomas, fosse diagnosticado e
medicado adequadamente, certamente teria sua vida salva”, desabafa o Dr. Sales.
Muitas vezes, o paciente faz a busca pelos sintomas
e, de imediato, encontra o suposto diagnóstico. Porém, não leva em consideração
que um mesmo sintoma pode estar associado a diferentes patologias e que cada
pessoa é única. A coleta de informações a respeito de doenças em sites
especializados não deixa de ser válida, contudo, desde que seja por pura e tão
somente fonte de conhecimento, deixando o diagnóstico e a prescrição de
remédios sempre a cargo de um médico.
“Quando o paciente nos procura trazendo informações
de suas pesquisas na internet, em nada nos atrapalhará, pois, detendo o
conhecimento adequado e específico, não nos influenciaremos. Porém, se o
indivíduo se utiliza de tais informações para modificar o tratamento, colocará
sua saúde e até sua vida em risco”, finaliza o Dr. Gustavo.
Hospital Albert Sabin
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