Muitas empresas possuem como cultura estratégica relacionada a mudança nos controles internos denominada de “a arte de procrastinar”. O mindset seria se tudo está funcionando aparentemente bem, por qual motivo devo mudar ou gastar dinheiro com novos processos ou softwares.
Infelizmente, em pleno 2022, com
todas as mudanças no formato de comunicação e que fomos obrigados a implementar
para atuar remotamente durante a pandemia, pois grande parte dos controles
ainda são realizados manualmente em planilhas excel, cuja qualidade é questionável
e as garantias de efetividade baixas.
Em relação a privacidade de dados,
sejam dos colaboradores, clientes ou fornecedores, ainda escuto empresas que
não entenderam ou não querem aceitar que os dados pessoais e/ou dados sensíveis
não pertencem mais as empresas, mas aos respectivos cidadãos que detêm os
mesmos. Muitas ainda não se preocuparam em implementar um programa de
privacidade de dados aderente a lei de privacidade de dados (“LGPD”). Os
motivos alegados são os de sempre: custos, time que está ganhando não se mexe,
não preciso de mais problemas ou controles para enfrentar. Ou seja,
procrastinação.
Foi o mesmo que aconteceu com o
trabalho remoto. Faz muitos anos que empresas internacionais já adotam o
sistema de trabalho remoto e até incentivavam os colaboradores a trabalhar em
suas respectivas casas durante a semana. Mas, a grande maioria das empresas nem
queria ouvir falar nisso. Lugar de colaborador deve ser sentado na mesa com o
olhar do dono encima.
Com a pandemia, estas empresas que
procrastinaram a implementação de sistemas de trabalho remoto gastaram muito
mais, pois tiveram que se adaptar rapidamente, sob pena da empresa parar, para
investir em tecnologias de comunicação. Quando o melhor cenário teria sido um
investimento anual e bem planejado.
Agora, temos uma lei que entrou em
vigor em 2018 e está efetiva desde outubro de 2021 e o que vemos? Muitas
empresas procrastinando ou, então, criando o bom e velho “puxadinho”. Já que o
Jurídico também atua como Compliance, então, agora o mesmo vai ser responsável
por privacidade de dados.
Em primeiro lugar, existem bons
advogados com conhecimento em Compliance, mas não são todos. Em segundo lugar,
nem tudo que é legal é moral. Quando atuamos em Compliance extrapolamos o
limite da lei. Muitas vezes, a lei permite determinada atitude ou ação, mas
eticamente não é o caminho mais adequado e as consequências podem ser abalo a
imagem e reputação da empresa. O mesmo se aplica a privacidade de dados.
Trata-se de uma legislação especifica com peculiaridades, que exigem
conhecimento ou expertise adequado e profundo de como os dados pessoais são
coletados, tratados e armazenados em todos os departamentos das empresas.
Existe ainda um pensamento e
comentários que somente o departamento de Recursos Humanos deve ser adaptado a
nova legislação. Totalmente “fake news” esta abordagem. Estamos falando de
todos os departamentos mesmo, desde o financeiro, suprimentos/compras, vendas
etc.
Ademais, ainda temos um outro grave
problema, o WhatsApp se transformou em ferramenta de trabalho. Muitas empresas
não têm um guia ou procedimento conscientizando os colaboradores e, inclusive,
a Alta Direção sobre o uso deste aplicativo. Então, dados pessoais, informações
privilegiadas e importantes para as empresas que trafegam neste aplicativo sem
qualquer tipo de controle. Quando o aplicativo apresenta algum problema técnico
e simplesmente sai do ar, como já aconteceu recentemente, milhões de negócios
são perdidos. As empresas literalmente param.
Então, fica o questionamento? Onde
está o programa de Privacidade de Dados das empresas? Se elas estivessem
aderentes a LGPD saberiam que o uso do WhatsApp não deve ser utilizado para
compartilhar dados pessoais e que existem ferramentas corporativas de
comunicação próprias para tal finalidade.
Finalizo com a seguinte pergunta? por
que procrastinar é um risco?
A procrastinação pode ser usada como
uma autossabotagem onde os indivíduos, que administram ou gerenciam as
empresas, criam inconscientemente um obstáculo interno para seu avanço. Adiam,
colocam em risco a execução de algo dentro do prazo necessário,
perdem oportunidades, se tensionam e geram uma má impressão a respeito da
empresa.
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