Como transformar o cenário de escassez em potencial de crescimento
O tema da gestão e da capacidade operacional das
empresas tem sido debatido há anos. A gestão, impactada por novos modelos de
liderança, gerenciamento de equipes, processos e serviços/produtos, vem
sofrendo grandes mudanças e sendo impactada diretamente por cenários sociais,
políticos e econômicos adversos, no que tange ao contexto brasileiro.
Desde 2020, empresas, organizações e pessoas foram
colocadas diante de desafios de adaptabilidade ainda maiores. Redução da
mobilidade, isolamento social, novos formatos de trabalho e prestação de
serviços, redução do ativo econômico circulante.
O impacto negativo sobre a atividade econômica
refletiu de forma significativa nos recursos disponíveis, sejam eles
financeiros ou de pessoas, bem como nos serviços essenciais de assistência aos
grupos mais vulneráveis da sociedade.
Mas aqui não tenho como objetivo falar da crise que
todos já estão vivendo e, sim, abordar formas criativas de gerenciar esse
contexto de escassez, transformando em um quadro de oportunidades de
desenvolvimento, crescimento e melhorias, tanto internas quanto no que cada um
de nós, como cidadão ou instituição, oferecemos para a sociedade.
O mais relevante numa situação como a que estamos
vivenciando é aprender a identificar rapidamente os recursos que estão em baixa
e as prioridades para se manter no mercado com inteligência. Não é porque se
tem pouco que não se pode fazer nada.
Em mudanças drásticas de cenários, com riscos
flutuantes e recursos escassos, elencar o que é relevante e pensar em
estratégias fora da caixa é determinante para a sobrevivência. A assertividade no
planejamento e condução da gestão de ‘crise’ é fundamental. Por isso, vou
listar aqui algumas medidas práticas a serem adotadas:
- Conhecer
profundamente o seu negócio, o mercado em que está inserido e as
perspectivas de curto e médio prazo. Se você não conhece o seu negócio e
as necessidades essenciais para subsistir ativo em meios às adversidades,
a chance de fechar as portas é grande. E conhecer o seu negócio envolve
não apenas o seu produto final ou serviços, mas todos os custos e
processos relacionados, bem como as expertises e talentos imprescindíveis
ao mesmo.
- Para
lidar com o racionamento de recursos, defina um escopo de requisitos
essenciais, decompondo as entregas e prazos com estimativas pertinentes
sobre o período em que consegue manter a empresa ou instituição
funcionando, com quais prioridades e orçamento.
- Pense
fora da caixa! Olhe os recursos disponíveis ao seu redor e desenhe
estratégias que podem potencializar o que você tem. Busque parceiras que
agreguem valor para ambas as partes, incentive ações inovadoras por parte
de seus colaboradores e clientes, mobilize seus clientes a se tornarem
‘embaixadores’ do seu negócio. Busque conexões relevantes para o seu
mercado de atuação, afinal, ninguém sobrevive isolado. Estude tendências
do mercado e analise se o seu negócio tem aderência.
- Por
último, mas não com intenção de esgotar esse tema, foque na gestão das
pessoas. Ser empático com o outro, com os desafios de novo formato de
trabalho e de vida dos colaboradores contribui muito para que bons resultados
sejam alcançados. Não estou dizendo que o gestor é responsável por
resolver os problemas de todos, não é isso. Mas uma postura compreensiva e
solidária, ao mesmo tempo que responsiva para com as equipes, coopera para
que todos possam dar o seu melhor e o ambiente de trabalho inspire a
produtividade. O investimento em capacitação, tanto por parte da empresa
quanto por parte dos profissionais diretamente é fundamental. Novas
habilidades têm sido exigidas no novo mercado e cada um tem sua própria
parcela de responsabilidade quanto a se tornar alguém melhor.
Sinto-me privilegiado pela oportunidade de ter
estudado Economia. De uma maneira simplista, posso afirmar que o estudo da
Economia nos permite acessar um conjunto de conhecimentos estratégicos para
análise de dados e tomadas de decisões. A Economia nos proporciona trabalhar de
forma lógica sobre os ajustes organizacionais, pautando-nos, sempre, no melhor
aproveitamento dos escassos.
Não obstante, e não somente agora à frente de um grande Instituto, mas também quando conduzia complexos processos em grandes empresas e projetos com marcas e produtos globais, consolido meu conhecimento e aprendizado na construção de legados que promovam transformações positivas em nossa sociedade.
Para exemplificar com uma experiência recente, no LIVRES, a partir de 2020
vimos uma queda drástica, de mais de 80% na receita advinda de doações,
contudo, e apesar de todos os fatores adversos, não apenas mantivemos nossas
operações, como ampliamos o número de pessoas e comunidades diretamente
beneficiadas em mais de 42%, bem como nos deparamos com parceiros incríveis,
que abraçaram conosco a causa e a missão, a fim de sermos agentes efetivos de
transformação em nossa sociedade.
Clever
Murilo Pires - CEO do Instituto LIVRES e mentor em gestão.
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