Meia hora, cinco vezes por semana. Esta é a quantidade de tempo que se deve investir em exercícios físicos para prevenir a perda de memória causada pela doença de Alzheimer (DA), que afeta hoje cerca de 40 milhões de pessoas no mundo, 1,2 milhão somente no Brasil. A recomendação é do professor Mychael Lourenço, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Estudos mostraram que incorporar estes exercícios, controlar a alimentação, consumir álcool de forma moderada e não fumar reduzem as chances de desenvolver Alzheimer em até 50%, em média", diz.
Lourenço
vai falar sobre os benefícios dos exercícios para frear o avanço do Alzheimer
durante o evento UFRJ+100, que, durante os dias 8,9 e 10 de outubro, irá reunir
pesquisadores da universidade para debater, de forma on-line e aberta a todos,
temas de interesse da atualidade (conheça a programação em
ufrjmais100.forum.ufrj.br). Ele foi um dos pesquisadores que, em 2019,
revolucionou o que se sabia sobre a perda da memória decorrente da DA. Junto de
Fernanda De Felice e Sergio T. Ferreira, descobriu que um hormônio chamado
irisina, normalmente produzido pelos músculos após exercícios, também surgia no
cérebro após a prática física. E que a substância era capaz de proteger as
sinapses (falhas de comunicação entre neurônios), favorecendo a manutenção das
memórias.
A descoberta, realizada a partir de
experimentos com camundongos, abriu caminho para pesquisas com humanos e para a
possibilidade de desenvolvimento de medicamentos à
base de irisina para idosos que não consigam usufruir dos benefícios da prática
de exercícios. Como a DA é silenciosa antes do início dos sintomas e de difícil
prevenção, o trabalho e ganhou a atenção de pesquisadores de outros países.
- Existem
componentes genéticos que aumentam o risco para Alzheimer, mas, mesmo nestes
casos, o exercício físico é benéfico - diz Lourenço, lembrando que a doença
costuma chegar a partir dos 65 anos e acomete mais mulheres do que homens, na
proporção de 2/3 para 1/3.
Para quem se animou, o pesquisador dá um lembrete importante. Segundo ele, exercício não é
cura. Depois que os sintomas aparecem, o Alzheimer é praticamente irreversível.
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