O Guarda do Meu
Irmão "Perguntou, pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão?
Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão?" (Gênesis 4:9)
Este diálogo travado entre Deus e Caim, logo após este ter assassinado seu
irmão Abel, mostra a natureza ciumenta e egoísta de Caim; um coração rancoroso
e automutilado por ter tido sua oferta recusada pelo Senhor. Não quero entrar
no mérito do porquê da oferta ter sido recusada, mas pôr o foco sobre a reação
de Caim. Ficar triste seria algo natural e, caso fosse somado a uma atitude de
humildade, teria sido uma grande oportunidade de crescimento espiritual para
ele. Se tão somente ele tivesse se quebrantado, tudo teria sido diferente. Como
disse o Senhor, “se procederes bem, não serás aceito?” (v. 7). Mas Caim
preferiu dar lugar ao ódio e à ira (que jamais opera a glória de Deus) e matar
seu irmão, cuja oferta havia sido aceita perante ao Pai.
Por que é mais fácil nos identificarmos com as
pessoas necessitadas, alquebradas e miseráveis do que com as que obtiveram
algum sucesso, honra ou atingiram algum nível maior de prosperidade?
Talvez, a resposta esteja no comportamento de Caim
que é o mesmo da natureza humana desde a Criação. Ao ver o irmão prosperar em
sua oferta e ele mesmo ter sido preterido, em vez de despertar em Caim um
sentimento de alegria fraternal, produziu efeito reverso, gerando despeito e
inveja, culminando com o assassinato. Eu me pergunto quantos cristãos hoje
matam seus irmãos em seu interior com o mesmo sentimento. Não o podendo fazer
fisicamente, assassinam-nos com palavras e atitudes, riscando seus nomes de
seus corações.
Fosse Caim um fiel guarda, o assassinato de Abel
jamais teria ocorrido. Em vez de se tornar inimigo, teria se unido a seu irmão
com júbilo por sua oferta ter sido aceita. Por esse ato de humildade, teria
aprendido como ofertar de modo agradável ao Senhor. No lugar de morte, teria
havido edificação para ambos e o nome do Senhor teria sido glorificado.
O chamado de Deus para nós é termos uma atitude
contrária a de Caim em relação a nosso próximo. Devemos guardá-lo do mal,
sustentá-lo em intercessão, vigiar contra os ataques inimigos, ajudá-lo quando
preciso e, por fim, regozijar-se com ele em suas conquistas. Se assim agirmos,
estaremos entregando ao Senhor uma oferta tão suave e tão agradável como foi a
de Abel, todos serão abençoados e, o mais importante, o nome do Senhor será
exaltado.
É interessante que, na sequência do texto de
Gênesis, o Senhor não responde à pergunta feita por Caim. Nem precisava. A
resposta está implícita e ecoa por todas as páginas da Bíblia: Sim, eu sou o
guarda do meu irmão!
Getúlio Cidade - estudioso do hebraico, tradutor e
escritor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo. Site
do autor: www.aoliveiranatural.com.br
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