O médico ginecologista da Clínica Origen de Medicina Reprodutiva, dr. Selmo Geber, explica a importância do folículo-estimulante no processo gestacional
O conjunto de glândulas responsáveis pela produção
dos hormônios é conhecido como sistema endócrino. Após serem produzidos, os
hormônios são lançados na circulação sanguínea e percorrem o organismo até
chegar aos órgãos sobre os quais atuam. Os hormônios são, portanto, mensageiros
químicos que controlam e coordenam as atividades do corpo.
De acordo com o médico ginecologista da Clínica
Origen de Medicina Reprodutiva, dr. Selmo Geber, entre as glândulas envolvidas
no processo de reprodução, que atuam no sistema reprodutor feminino, estão os
ovários, o hipotálamo e a hipófise, que interagem umas com as outras ao liberar
hormônios. Esse sistema é denominado eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HHG).
“O hipotálamo secreta o hormônio liberador de gonadotrofina,
que estimula a hipófise a produzir os hormônios folículo-estimulante (FSH) e
luteinizante (LH). Esses, por outro lado, incentivam os ovários a secretar os
hormônios sexuais femininos, estrogênio e progesterona, além do androgênio, que
apesar de ser o principal hormônio masculino, é produzido em menor quantidade
pelos ovários”, esclarece o médico, que destaca o hormônio folículo-estimulante
(FSH) como sendo um dos mais importantes nesse processo.
O que é FSH e qual o seu papel na fertilidade
feminina?
Nas mulheres, o FSH estimula o crescimento dos
folículos ovarianos (bolsas que contém os óvulos), assim como o aumento da
produção de estrogênio, que atua no espessamento do endométrio, camada interna
do útero, onde o embrião se implanta, é abrigado e nutrido até que a placenta
seja formada. Já nos homens, atua nas células de Sertoli, localizadas nos
testículos, participando da espermatogênese.
Segundo Geber, os níveis altos ou baixos do
hormônio são um sinal de alerta, já que podem resultar, entre outros problemas,
na infertilidade. “Na maioria das vezes, níveis elevados de FSH sinalizam o
funcionamento inadequado dos ovários e estão associados à falência ovariana
prematura (FOP), quando a falência dos ovários ocorre antes dos 40 anos de
idade, impossibilitando a gravidez. A síndrome de Turner, por exemplo,
distúrbio genético feminino, é uma das causas de FOP”, salienta.
Os níveis de FSH também aumentam naturalmente a
partir da pré-menopausa, refletindo a redução da função dos ovários e o
declínio da produção dos hormônios sexuais femininos estrogênio e progesterona.
Enquanto níveis baixos ou a falta do FSH levam ao desenvolvimento incompleto
durante a puberdade, incluindo a função ovariana deficiente.
Como o FSH age no ciclo menstrual?
O ciclo menstrual é divido em três fases:
folicular, ovulatória e lútea. Para que a gravidez seja bem-sucedida é
necessário o funcionamento correto de todas elas, e a ação do FSH é fundamental
para que isso aconteça. O médico explica como o hormônio age durante todo o
ciclo menstrual:
“Na fase folicular, o FSH é responsável por
estimular o crescimento de vários folículos. Para que isso aconteça, seus
níveis se elevam. Embora vários folículos cresçam, apenas um desenvolve até o
tamanho final. À medida que ocorre esse desenvolvimento a concentração de FSH
diminui e esse folículo passa a secretar estrogênio, que age no espessamento do
endométrio; já na fase ovulatória, segunda do ciclo menstrual, há um pico de
outro hormônio gonadotrófico, o luteinizante (LH), e liberação de FSH em menor
quantidade. A associação dos hormônios funciona como uma espécie de gatilho
para induzir o folículo ao rompimento – ovulação – e o amadurecimento final do
óvulo. Os níveis de estrogênio diminuem durante essa fase, enquanto os de
progesterona aumentam; por fim, na fase lútea, ocorre uma redução na
concentração FSH e de LH. O folículo rompido se transforma em corpo lúteo, que
secreta progesterona, aumentando os níveis desse hormônio. Progesterona e
estrogênio atuam em conjunto para o preparo final do endométrio”.
Ainda segundo o ginecologista, se não houver
fecundação, os níveis dos hormônios envolvidos no processo diminuem, provocando
a descamação do endométrio e iniciando um novo ciclo, quando a concentração de
FSH volta a se elevar.
O FSH na reprodução assistida
Em todos os tratamentos de reprodução assistida a
primeira etapa é a estimulação ovariana, realizada com medicamentos hormonais
sintéticos semelhantes aos naturais, sendo o mais importante o FSH. “Dessa
forma, quando há alterações dos níveis hormonais, o que pode resultar em
distúrbios de ovulação, uma das principais causas de infertilidade feminina,
esses medicamentos estimulam o crescimento de mais folículos (foliculogênese),
aumentando as chances de engravidar”, diz o médico. O FSH, assim como na
gestação natural, é fundamental nesse processo, uma vez que ele é o hormônio
diretamente responsável pela foliculogênese.
Nas técnicas de baixa complexidade -relação sexual
programada (RSP) e inseminação artificial (IA)- como a fecundação acontece
naturalmente nas tubas uterinas, as dosagens utilizadas são mais baixas, com o
objetivo de obter até três óvulos. Enquanto na fertilização in vitro (FIV), de
maior complexidade, a fecundação acontece em laboratório. “Na FIV, quando os
folículos atingem o tamanho adequado, são puncionados para que os óvulos sejam
extraídos e selecionados em laboratório para a fecundação”, finalizou o
especialista.
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