Se ir ao banco para pagar uma conta ou fazer algum tipo de transação já tinha se tornado algo do passado para muitos clientes, imagine após o início da pandemia. O isolamento social acabou acelerando a utilização do Internet Banking e, mais recentemente, do PIX. Embora o mundo digital tenha facilitado a vida de todos nós, a evolução tecnológica também vem acompanhada de alguns riscos quando se tem pessoas mal-intencionadas que se especializam em fraudar sistemas e roubar dados. Em muitos casos, quando os hackers são descobertos, o dinheiro já deixou a conta do usuário sem vestígios. É o início de uma gigantesca dor de cabeça para o cliente e para as instituições financeiras.
Recentemente, tivemos o vazamento de dados considerado o maior da história,
segundo alguns especialistas de segurança cibernética. Chamado de RockYou2021,
em referência ao incidente ocorrido em 2009 batizado de RockYou, que expôs 32
milhões de senhas, o episódio atual é responsável pelo vazamento de 8,4 bilhões
de senhas, que podem estar circulando pela internet neste exato momento. Em
janeiro, houve outro megavazamento, no qual 223 milhões de brasileiros tiveram
seus dados pessoais circulando na internet, possibilitando o acesso pelos
criminosos e fraudadores, que passaram a utilizá-los para a abertura de contas
bancárias falsas.
Os bancos digitais vêm crescendo de forma exponencial, e a previsão, de acordo
com o Digital Banking Report 2020, é que, entre 2020 e 2025, o setor cresça a
uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 14,6%, alcançando o valor de
12,41 milhões de dólares. Se por um lado a notícia mostra o aquecimento deste
setor, por outro acende um sinal de alerta, que precisa estar no radar dos
bancos: com a facilidade de abrir uma conta digital com CPF, RG, nome dos pais
e data de nascimento, alguns hackers estão se aproveitando das informações
vazadas pela internet para abrir contas que, muitas vezes, são utilizadas para
transferir valores roubados de outras pessoas.
Devido a essa dinâmica criminosa, os bancos enfrentam o desafio de continuar
adquirindo clientes pela via digital, sem crescer o número de contas indevidas,
voltadas para práticas de fraude. Mas como as instituições financeiras podem
identificar movimentações suspeitas, se existe teoricamente a comprovação prévia
dos dados?
Com o crescimento dos vazamentos de informações sensíveis e de sua utilização
em práticas criminosas, algumas empresas especializadas no desenvolvimento de
soluções financeiras inovadoras e robustas estão lançando ferramentas para
analisar a base de dados cadastrais das contas, cruzando as informações dos
bancos com aquelas de seu próprio ecossistema de prevenção de fraudes. A
Inteligência Artificial (IA) assume um papel importante, sendo capaz de
identificar sinais que possam levar a uma conta aberta para prática de crimes.
Entre as companhias que estão investindo em tecnologia com o objetivo de
prevenir e reduzir problemas de abertura de contas digitais “fantasmas” está a
Topaz, empresa do Grupo Stefanini, que acaba de lançar a solução OFD Onboarding
Analyzer, capaz de analisar milhares de contas por dia. Como está presente em
mais de 40 bancos no Brasil, a companhia utiliza seu big data, além de fontes
de dados externos, em busca de padrões de relacionamento entre o portador do
CPF e a instituição em que ele supostamente abriu uma conta. Nesse processo,
são analisados milhares de parâmetros e critérios como, por exemplo, se o
correntista tem o app do banco instalado no celular, se já realizou algum tipo
de pesquisa sobre aquela instituição, se já teve o CPF vazado na internet,
habitualidade de localidades, padrão de consumo, entre outros.
Além de detectar uma conta que pode ser utilizada para cometer algum tipo de
crime, a varredura permite a otimização tecnológica, uma vez que as instituições
gastam recursos financeiros para mantê-las abertas. Neste momento em que
vivenciamos uma profunda transformação digital – o setor financeiro é um dos
que mais investem em tecnologia no Brasil -, a tendência é que os bancos
priorizem novas medidas de segurança para manterem a base de dados sempre
saneada e com informações legítimas.
Ao utilizar sistemas como esse, é possível conciliar a higienização dos dados
com a agilidade na abertura de contas, uma vez que o fornecedor de tecnologia
poderá atuar na retaguarda, como um “guarda-costas” dos bancos. Isso significa
menos burocracia para o cliente que deseja abrir uma conta digital, mais
segurança para o cliente e para o banco, além de ser uma maneira de coibir
ações fraudulentas que impõem uma série de prejuízos em toda a cadeia.
Jorge Iglesias - CEO da Topaz, empresa do Grupo
Stefanini focada em soluções financeiras de ponta a ponta.
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