Não importa se o seu filho tem quatro anos, sete,
dez ou 15, as crianças são uma fonte inesgotável de pedidos e exigências. A
geração conectada se acostumou com esse formato, pois o acesso imediato às
informações é uma realidade. Parece que, para ela, a expectativa do imediatismo
veio para ficar. Quando não é atendida, também sabe reivindicar, a birra,
choro, reclamações e, algumas vezes, até a guerra psicológica entra em cena.
Toda essa encenação ganha uma roupagem de patologia e o próximo passo é atender
às vontades e, então, começa a procura pelo diagnóstico de ansiedade, T.D.A.H.,
dislexia, angústia, infelicidade e até superdotação e, por fim, terminamos com
as buscas por psicólogos e psiquiatras - esse parece um roteiro comum na vida
de algumas famílias.
Muitos adultos lutaram para conquistar um bom
emprego e o respeito no mercado de trabalho e todos são unânimes em afirmar que
isso leva tempo, dedicação, muita paciência, tropeços e inúmeras frustrações.
Se tem uma palavra que não combina com tudo isso é imediatismo. Grandes
conquistas exigem grandes esforços, mas, na hora de educar os filhos, a teoria
é uma, mas a prática é outra. Chegará o momento em que nossos filhos estarão no
mercado de trabalho e encontrarão essa realidade, mas será que eles estarão realmente
preparados?
Atender ao imediatismo dos filhos definitivamente
não é uma receita que simule o mundo real, mas controlarmos isso é algo que vai
de encontro ao futuro deles. Com a dura rotina de trabalho e a pandemia para
agravar, os pais têm que (literalmente) se virar para atender às demandas e
assim, o uso da tecnologia virou uma excelente aliada, pois funciona como um
“deixe o papai trabalhar”. Mas a contrapartida é que ela reforça o imediatismo
e voltamos a entrar em rota de colisão com o mundo real. Então, é possível
corrigir essa rota?
Sim, quando se trata da criação dos filhos, a carga
emocional é muito presente e isso faz com que os pais cedam às vontades dos
filhos de forma imediata em troca de um pouco de sossego, tranquilidade, um
momento para conferir as novidades das redes sociais ou até pela necessidade de
trabalhar. Parece que, em relação aos filhos, as palavras discordar, proibir,
frustrar, que são tão presentes no mundo real, não podem estar presentes no
mundo dos filhos. Não temos que dar às crianças o que elas querem, mas sim o
que elas precisam – e os pais, como detentores do conhecimento dessa realidade
no mundo real, têm que ser protagonistas e executar.
Nossa casa é um laboratório. Ali acontecem,
guardadas as devidas proporções, situações que devemos tirar proveito e
“treinarmos” os nossos filhos para o mundo real. Frustração, paciência, estudo
e dedicação podem ser aplicados em casa para mostrarmos a realidade do mundo.
Sim, dá muito trabalho. Mesmo que queiramos os nossos filhos sempre próximos,
os criamos para saírem ao mundo e, mesmo que isso seja paradoxal, queremos que
eles sigam a vida de forma independente, fortes, decididos e habilitados a
enfrentarem essa selva de pedra que nos cerca. Devemos mostrar aos nossos
filhos, de forma carinhosa, o que a vida mais cedo ou mais tarde mostrará, mas
de forma bem mais árdua.
Fabio Carneiro - professor de Física no Curso Positivo
Nenhum comentário:
Postar um comentário