O Banco Central do Brasil tem uma ousada agenda para o
fortalecimento da modalidade no País. O consultor financeiro e empresarial
Marco Juarez Reichert, autor do livro Gestão sem Estresse, explica por que vale
a pena apostar nessa alternativa na hora de investir seu dinheiro
Não é à toa que o Banco Central se declara parceiro das cooperativas de crédito, e quer contar com elas para que o segmento aumente a inclusão social, a competitividade, a transparência e a educação. Em 2019, antes mesmo da pandemia da Covid-19 se instalar, o BC sugeriu algumas metas para o setor até 2022, entre elas, o incremento de 8% para 20% de participação das cooperativas no volume de crédito concedido no Sistema Financeiro Nacional (SFN) e, ainda, um maior acesso ao crédito para cooperados com renda de até 10 salários-mínimos. Para tal, a autarquia recomendava uma ampliação da participação das cooperativas nas regiões Norte e Nordeste, de 13% para 25%.
Segundo
Marco Juarez Reichert, consultor financeiro e empresarial, palestrante e autor
do livro Gestão sem Estresse (Ed. Casa do Escritor), as cooperativas
de crédito atendem com excelência às demandas de pessoas físicas, jurídicas,
empreendedores e investidores e, ainda, oferecem uma série de benefícios
agregados.
Além
disso, conforme o especialista, nas cooperativas, o atendimento é personalizado,
a precificação de produtos e taxas é justa e, ao final de cada ano,
acontece a distribuição de parte do resultado, as chamadas sobras líquidas –
equivalentes aos lucros. “Ou seja, o cooperado é também sócio, participando
ativamente do dia a dia da cooperativa e, ainda, tem direito a produtos e
serviços customizados”, explica Reichert.
“E,
acima de tudo, como instituição coletiva que é, o cooperativismo contribui para
avanços na economia de modo geral e em prol de toda a sociedade, graças a ações
educativas e culturais”, avalia o especialista.
Em
tempo: o cooperativismo é um movimento centenário no País e tem raízes
históricas. A modalidade teve início em 1902, no Sul, precisamente no município
de Nova Petrópolis (RS) por iniciativa do padre jesuíta suíço Theodor Amstad.
Ele trouxe a ideia da Europa e foi o fundador de uma das maiores
cooperativas brasileiras hoje em atividade. Veja, a seguir, sete vantagens de
ser um cooperado, segundo Marco Juarez Reichert:
1) Recebimento
de sobras anuais. Quando a cooperativa tem resultados
positivos, o dinheiro é distribuído aos associados uma vez por ano, sendo que o
cálculo do valor a ser repartido é feito sobre a movimentação de cada um. “O
resultado fica, de uma forma ou de outra, na própria comunidade da
cooperativa”, conta Reichert. “E aí reside um dos maiores diferenciais de uma
cooperativa de crédito: ajudar a construir comunidades mais prósperas”, afirma.
2) Prestação
de serviços similar à dos bancos. As cooperativas oferecem os mesmos
produtos e facilidades que os bancos tradicionais. “Ou seja, pessoas físicas
podem abrir conta, ter cartões de crédito, fazer empréstimos, entrar em
consórcios, tomar crédito imobiliário, e, ainda, manter investimentos como
poupanças, previdência privada e aplicações de renda fixa”, indica Reichert.
“Já as empresas podem também migrar as folhas de pagamento de colaboradores
para a cooperativa e, também, ter acesso às maquininhas de cartão”,
exemplifica. “E vale lembrar que as cooperativas estão plenamente digitalizadas
e oferecem ferramentas como internet banking e apps
que agilizam a movimentação”, acrescenta.
3) Inclusão
financeira. No Brasil, a burocracia e os altos
juros costumam ser um entrave ao acesso aos bancos. Segundo o instituto
Locomotiva, hoje 45 milhões de brasileiros, quase metade da população ativa,
estão à margem do sistema financeiro tradicional. “A
boa notícia é que pessoas com baixa renda, os
chamados ‘desbancarizados’, conseguem mudar suas realidades e ter acesso a
crédito por meio de cooperativas, já que essas instituições têm um forte viés
social e são inclusivas”, afirma Reichert. “Desse modo,
as cooperativas surgem como alternativa para proporcionar a inclusão desse
grande contingente da população, sendo muitas vezes, a única opção existente”,
explica Reichert.
4) Processo
democrático na tomada de decisões. No cooperativismo
financeiro, os associados exercem direitos e deveres como tomadores de decisão,
e não apenas como usuários do sistema. São realizadas assembleias periódicas e
o presidente e o seu vice prestam contas em nome do conselho. As decisões
acontecem por meio de votações, nas quais cada CPF consiste em um voto válido.
“Ou seja, o crescimento da cooperativa é de interesse de cada sócio
(cooperado), e não apenas dos executivos e colaboradores”, explica o consultor.
“E é importante mencionar que cada associado tem idêntico poder de opinião,
independentemente de ter renda mensal de um salário-mínimo ou de milhares de
reais”, reforça, ele. “A propósito, as assembleias deste ano foram todas
virtuais, em razão da pandemia”, acrescenta.
5) Segurança
no investimento. As cooperativas são fiscalizadas pelo
Banco Central do Brasil, e seus balanços passam por auditorias externas e são
divulgados com transparência para os associados. E mais: os investimentos das
cooperativas são protegidos pelo Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito
(FGCoop), que assegura os valores aplicados nessas instituições financeiras,
dentro dos limites regulamentares, em casos de intervenção ou liquidação
extrajudicial. “Isso quer dizer que, assim como em um banco comum, caso haja
problemas na cooperativa, o dinheiro é ressarcido para o associado,
respeitando-se o limite estipulado de R$ 250 mil”, diz Reichert.
6) Atendimento
humanizado. E se a estrutura de atendimento
é semelhante ao do banco, nas cooperativas, a interação entre as partes é feita
com acolhimento, transparência e humanização. “O acesso ao gerente é fácil e
rápido”, diz Reichert. “Como a estrutura é horizontal e estas instituições não
visam lucro, em geral, o cliente recebe um atendimento diferenciado, quando
comparado ao banco tradicional”, avalia Reichert. Especialmente nas agências,
isso fica bastante evidente. Em geral, exceto em períodos de exceção (como a
atual pandemia), o cliente é recebido em espaços aconchegantes com café e wifi,
e até mesmo seus acompanhantes são bem recepcionados e se sentem à vontade.
“Estes locais são como salas de estar e atendem o objetivo de causar uma boa
experiência ao associado”, compara o especialista.
7) Engajamento
para o bem comum. As cooperativas ainda detêm uma série
de ações de responsabilidade social, educativas ou culturais, que não visam
lucro, e atuam em prol da coletividade. “São projetos que atuam para a inclusão
e para a capacitação de indivíduos”, diz Reichert. “Iniciativas assim
contribuem para o desenvolvimento social, sendo que todos os associados são
agentes transformadores”, diz. “Ou seja, o cooperativismo prega o capitalismo
consciente”, conclui o consultor.
Marco Juarez Reichert -
Formado em Administração de Empresas, com MBA em Finanças e
Governança Corporativa e Pós MBA em Inteligência Empresarial. É escritor,
palestrante, consultor empresarial e conselheiro de administração. É também
autor do livro Gestão Sem Estresse (Ed. Casa do Escritor).
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