Estudo
encomendado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal traz resultados
aprofundados por reflexões de consultoria especializada em desenvolvimento
infantil
A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal lança o
estudo "Primeiríssima Infância - Interações: Comportamentos de pais e
cuidadores de crianças de 0 a 3 anos". Inédita, a pesquisa mapeou como
agiam, antes da pandemia, pais, mães, avôs, avós, tios, tias ou outros parentes
que convivem e são responsáveis direta ou indiretamente pelo bem-estar e
cuidados de crianças nos três anos iniciais de vida. No total, participaram 1
mil homens e mulheres de todo o Brasil, entre 16 e 65 anos, representando as
classes A, B, C e D.
Sobre os cuidados das crianças e divisão de
tarefas domésticas todos os dias, 76% dos pais afirmaram participar destes
cuidados, indicando que já estavam inseridos na realidade imposta pela
covid-19. Porém, entre as mães pesquisadas, isso foi tido como fato cotidiano
em apenas 56% dos casos. A controvérsia entre eles e elas se repete quando
aferida a frequência da participação dos pais no banho dos pequenos, ao
alimentar a criança ou colocá-la para dormir. De acordo com as mães, 31%
reportaram a participação constante dos pais. Para eles, esse índice sobe para
46%. Vale acrescentar que as mães declararam ler e brincar com as crianças com
maior frequência do que os pais (32% x 27% na leitura diária e 77% X 70% nas
brincadeiras).
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Acesse aqui a pesquisa na íntegra
Mas "Primeiríssima Infância - Interações:
Comportamentos de pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos" vai além. O
estudo aponta outras questões importantes, entre elas, que o trabalho afeta a
interação com os filhos; cerca de 30% dos bebês de até 1 ano já estão expostos
a TVs, smartphones e tablets pelo menos quatro vezes por semana, e a prática de
conversar calmamente com a criança é citada por entre 24% e 44% dos
respondentes como instrumento de disciplina.
"Primeiríssima Infância - Interações:
Comportamentos de pais e cuidadores de crianças de 0 a 3 anos" foi escrito
com base em uma pesquisa feita pela consultoria Kantar, em dezembro de 2019,
encomendado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, com apoio da Porticus América
Latina. Os resultados foram aprofundados por reflexões da consultoria
Conhecimento Social, especializada em desenvolvimento infantil, e de um time de
profissionais - entre eles, o médico pediatra, palestrante e escritor Daniel
Becker, a psicóloga Juliana Prates, a economista Flávia Ávila, fundadora da
consultoria InBehavior Lab, e Tânia Savaget, comunicadora e facilitadora de
diálogos - com trajetória reconhecida nos campos de interesse da pesquisa:
pediatria, psicologia, economia e comunicação.
Para Juliana Prates, os dados da pesquisa revelam
uma leitura social importante sobre o fato de a sociedade brasileira reconhecer
muito qualquer ação paterna e cobrar muito qualquer "falha" materna,
revelando o peso à mulher e mãe. "É importante refletir sobre que tipo de
participação do pai é essa nas atividades domésticas, que pode ser entendida
como mera ajuda, e não como responsabilização", avalia.
Como a primeira infância envolve ainda outros
adultos, o estudo investigou também quem são as pessoas que costumam ajudar nos
cuidados e no desenvolvimento da criança. A classe D é o estrato da sociedade
que mais aciona os avós da criança, assim como amigos e outros familiares,
porém é a que demonstrou maior fragilidade na rede de apoio do ponto de vista
de diversidade de pessoas com quem contar.
"Nos contextos de vida da classe D
(considerando a densidade populacional), pode-se pensar, a princípio, que há
mais pessoas para ajudar, mas efetivamente elas são poucas, porque estão todas
sobrecarregadas de trabalho e elas próprias já são responsáveis por outras
crianças", esclarece a psicóloga.
Já a classe A/B1 foi a que compareceu com a rede
de apoio mais ampla, incluindo, em 10% dos casos, a presença da contribuição
terceirizada de uma babá. "A gente pasma ao constatar que os que mais
precisam de apoio são justamente os que menos tem", avalia Daniel Becker.
Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto
Vidigal, ressalta que as relações sociais, que se transformam em conexões
especiais para a criança pequena, são vínculos que intervêm no processo de
aprendizagem e no desenvolvimento integral dessa criança - físico, psicológico,
intelectual e social - e, por isso mesmo, precisam ser positivos. "Estudar
e conhecer como são as interações e os comportamentos de pais e cuidadores é
identificar os potenciais de desenvolvimento das crianças entre 0 e 3
anos". Incentivadora de estudos como esse, a executiva adianta: "já
estamos com o time de pesquisadores em ação para conferir como ficaram essas
relações parentais durante a pandemia e os resultados deverão estar compilados
ainda no primeiro semestre de 2021".
Sobre a Fundação Maria Cecilia Souto
Vidigal
Desde 2007, a Fundação Maria Cecilia Souto
Vidigal trabalha pela causa da Primeira Infância com o objetivo de impactar
positivamente o desenvolvimento de crianças em seus primeiros anos de vida. As
principais frentes de atuação da Fundação são a promoção da Educação Infantil
de qualidade, o fortalecimento dos serviços de parentalidade, a avaliação do
desenvolvimento da criança e das políticas públicas de primeira infância e a
sensibilização da sociedade sobre o impacto das experiências vividas no começo
da vida.
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