A Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP 13.709/18) vem ganhando cada vez mais visibilidade no Brasil desde a data de sua vigência, em setembro deste ano. Um estudo divulgado em dezembro pela Boa Vista, com mais de 500 empresas do setor privado, mostra que 81% das empresas brasileiras acreditam que a implementação da LGPD pode contribuir para criar oportunidades de negócios, enquanto 19% consideram a nova legislação como um obstáculo, devido às normas e exigências impostas.
No cenário internacional, o tema privacidade dos
dados pessoais já é bastante difundido há vários anos. A União Europeia, por
exemplo, possui regulamento para todos os países pertencentes a esse grupo
desde 2016. A General Data Protection Regulation (GDPR) entrou em vigor em maio
de 2018 para proteger todos os cidadãos europeus contra violações de
privacidade.
No Brasil, a LGPD consolida os parâmetros da GDPR
para também proteger dados pessoais (sejam físicos ou digitais, de cidadãos
brasileiros), estes que, por sua vez, se tornam ainda mais sensíveis na área da
saúde.
No último dia 2 de dezembro, uma nova falha de
segurança no Ministério da Saúde expôs dados de milhões de cidadãos. Isso já
havia ocorrido também em novembro, quando informações pessoais de pacientes com
diagnósticos suspeitos ou confirmados de Covid-19 ficaram disponíveis após o
vazamento de senhas e logins do órgão responsável pela saúde pública
brasileira.
Mesmo que estes dois exemplos citados não tenham
sido causados por ataques de hackers, o controle de acessos e processos de
compliance ajudam a frear tais exposições, assim como os DLPs (Data Loss
Prevention Software), que utilizam sistemas com políticas de segurança por meio
de softwares e atuam na prevenção de perda de dados. Eles também podem detectar
possíveis violações por terceiros na correção de vulnerabilidades.
A área da saúde conta com grande quantidade de
dados sensíveis sendo tratados frequentemente, como exames, laudos, atestados,
entre outros documentos que possuem informações pessoais dos titulares e devem
ser protegidos com todo o cuidado com base na LGPD. Ou seja, todo ciclo de vida
do dado pessoal como coleta, tratamento, compartilhamento, armazenamento,
descarte, entre outros aspectos devem conter controles de segurança a fim de
evitar o vazamento dos dados, assim como prevê a legislação.
Além disso, a Lei também traz maior segurança
jurídica para instituições e pacientes, já que apresenta diretrizes bem
definidas e específicas em relação à proteção de dados. Nesse sentido, o grande
benefício da LGPD será de expandir e, principalmente, qualificar empresas e
serviços na área da saúde como um todo, fazendo com que estas entreguem maior
confiabilidade e segurança dos dados pessoais dos pacientes de hospitais,
clínicas e consultórios - seguindo rigidamente as exigências contidas na
legislação.
Um bom exemplo é a HostDime Brasil,
de João Pessoa (PB). A empresa global de computação em nuvem atua há mais de 14
anos no mercado de tecnologia e recentemente foi a primeira empresa brasileira
a conquistar a ISO 27701. A norma, criada pela International Standardization Organization
(ISO), é reconhecida internacionalmente como a principal ferramenta de gestão
para auxiliar as organizações na proteção de dados sensíveis. Além disso, a
norma especifica as melhores condutas para gerenciamento de riscos em
conformidade com os parâmetros da LGPD.
É fato que ainda são muitos os desafios da
implementação da LGPD na área da saúde, uma vez que apesar da obrigatoriedade
já ter sido sancionada em setembro deste ano, sua regulamentação por meio de
sanções aplicadas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) terá
início apenas em agosto de 2021. Mas desde já novas perspectivas em relação ao
tratamento de dados começam a se desenhar, somando-se ao desafio da adequação
das soluções oferecidas à Lei.
Nessa fase de adaptação, gestores, empresários e
funcionários das empresas de saúde devem ficar atentos aos detalhes
operacionais, processos e sistemas que atuam de acordo com as novas regras
estabelecidas pela LGPD - buscando mais detalhes sobre a lei. Também é
importante conhecer e confiar em empresas especializadas para obter o suporte
necessário, a fim de garantir a certificação de segurança para os softwares e
aplicativos que contenham informações de pacientes.
Mesmo que uma unanimidade da LGPD entre as
instituições brasileiras de saúde possa parecer um horizonte distante, esse
caminho começa a ser trilhado a partir do entendimento coletivo do peso que a
proteção integral de dados sensíveis tem para a sociedade.
Suellen Montenegro - vice-presidente da HostDime
Brasil e pós-graduada em Finanças, Banking e Investimentos pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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