Envelhecer com saúde é um privilégio que exige alguns cuidados específicos. Com o passar dos anos, o corpo tende a diminuir a produção de algumas substâncias, como colágeno, e a apresentar sinais do resultado de tudo aquilo que foi acumulado nos anos anteriores, como a exposição ao sol.
Um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de
Dermatologia em 2006 constatou que, dentre algumas das principais queixas
relacionadas às doenças de pele de idosos, estão as manchas, tumores benignos e
malignos cutâneos e o ressecamento. Saiba como isso acontece e qual a melhor forma
para se prevenir.
Os efeitos do sol a longo prazo
Décadas de exposição ao sol, muitas vezes sem
filtro solar, resultam na maior parte das manchas presentes nas peles das
pessoas que se encontram na terceira idade. Principalmente as áreas de maior
exposição (rosto, mãos, braços, pescoço e couro cabeludo de homens calvos)
tendem a ter um aspecto mais envelhecido, com mais rugas e menos uniformidade
na coloração da pele. E os problemas vão muito além dos estéticos.
Essas manchas devem ser evitadas pois podem vir a
se tornar câncer de pele, e, no caso daquelas já existentes, é aconselhável que
se faça uma checagem com um dermatologista anualmente para que sejam
examinadas.
Fique de olho!
Em casos de pintas que passem a apresentar
sintomas como coceira, dor ou sangramento; ou manchas com mais de 6mm de
diâmetro, assimétricas, com borda irregular ou diferentes cores, esse exame é
ainda mais importante. Uma "espinha" que não cicatriza e feridas que
evoluem rápido, doem e sangram também precisam ser analisadas.
Outro problema recorrente em pessoas com idade
avançada é o aparecimento de pequenas manchas avermelhadas com textura áspera e
ressecada, geralmente no rosto ou braços. Essa, na verdade, é uma lesão chamada
queratose actínica e é considerada a doença de pele mais comum em pessoas com
mais de 65 anos no Brasil, de acordo com o mesmo estudo da Sociedade Brasileira
de Dermatologia.
Além do desconforto físico e estético, é
considerado um sinal pré-maligno. O que significa que pode evoluir para um
quadro de câncer de pele. Portanto, é importante tratá-la logo nos primeiros
sinais de manifestação.
Fonte de vitamina D
Não pense, porém, que, para isso, o sol deve ser
evitado a todo custo. Na verdade, os raios ultravioletas são a fonte mais
importante de vitamina D, fundamental para a saúde dos ossos e para fortalecer
o sistema imunológico - necessária para prevenir a osteoporose e infecções
oportunistas -, dentre tantos outros benefícios.
Mas é imprescindível fazer a exposição usando
protetor solar com FPS superior a 30, especialmente em países quentes como o
Brasil. Pessoas com pele clara ou que sempre tiveram muitas pintas pelo corpo
devem redobrar a atenção. Em caso de pacientes que ainda assim apresentarem
deficiência da vitamina ou ter histórico de câncer de pele, é recomendado fazer
suplementação via oral.
Pele ressecada é pele desprotegida
Já o ressecamento da pele é natural nos idosos
devido à diminuição da produção de suor e óleo pelas glândulas. Isso traz não
só um aspecto áspero e envelhecido, como pode resultar em um prurido
persistente e, em alguns casos, dermatites.
Para evitar que isso aconteça, é preciso que o
paciente esteja sempre hidratado, por dentro e por fora. Isto é, que beba
sempre bastante água (mantendo a urina sempre clara, mas não transparente) e
faça uso de hidratantes corporais.
Ritual do banho como tratamento
Banhos quentes e demorados, assim como o uso de
buchas e esponjas, são contra indicados, já que reduzem a proteção da pele. Sabonetes
suaves ou neutros são a melhor opção.
Por causa da diminuição significativa de
colágeno, a pele do paciente idoso tende a ficar cada vez mais fina e frágil.
Por isso, o ideal também é secar o corpo suavemente, evitando fricção
exagerada, o que diminui a possibilidade do surgimento de manchas roxas
(púrpuras senis). Com o corpo ainda úmido, é o melhor momento para aplicar os
hidratantes.
Para atividades ao ar livre, como esportes,
jardinagem ou brincadeiras com netos, roupas que cubram os braços e pernas
ajudam a poupar possíveis arranhões. Seguindo essas recomendações e mantendo um
estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e exercícios regulares, o
paciente pode - e deve - desfrutar desse momento de sua vida com autoconfiança
e saúde.
Dra. Lilian Odo é dermatologista, membro da
Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Dermatológica e da Academia Americana de Dermatologia. Fez especialização em
Laser na Universidade de Hokkaido, Japão; e de Cicatrização na Universidade de
Boston, EUA. Atualmente, é convidada para ministrar aulas em Congressos de
âmbito Nacional e Internacional. https://clinicasodo.com.br/index.php/dra-lilian/
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