Entenda como a meditação e outras técnicas podem te auxiliar
De vez em quando alguém manda a gente sair do
automático. E aí é normal achar que mudar um hábito ou outro, que dar uma
relaxada ou sair de uma atividade específica vai resolver tudo. Relaxamento
sempre é bem-vindo, no entanto a questão é mais profunda do que a gente
desconfia. Pode parecer até uma bobeira, nada muito sério; afinal, quem não tem
hábitos? O que acontece é que por trás de toda essa vida automática pode estar
a nossa fuga. Não apenas a fuga dos nossos problemas, porém também do nosso
poder de nos desapegarmos deles. Isso mesmo, por pior que possa parecer, muitas
vezes estamos agarrados ao sofrimento e achamos essa condição aceitável.
Portanto, é preciso entender esses mecanismos da mente, como ela age e a nossa
própria confusão quanto ao seu papel na nossa vida.
Os hábitos que não questionamos
Somos todos cheios de hábitos. E você se assustaria se um dia pudesse ter em
mãos a relação de todos eles e talvez a pouca, ou nenhuma, praticidade de ainda
possuir vários com a vida que você leva hoje em dia. Isso porque temos muitos
afazeres e objetivos que nos fazem ter de escolher entre enxergar a nossa
existência e focar em muitas conquistas a que nos propusemos. E quanto a isso
também há muitas ações no automático. Você não percebe, mas os próprios métodos
que você usa para alcançar o que deseja e mesmo as coisas que deseja podem não
ter sido questionados. Então não são apenas os hábitos, mas os caminhos para os
quais eles apontam, as suas consequências. Alguns herdados, outros empurrados
por grandes campanhas, tendências locais, da idade... Quanto mais você avança,
mais perde de vista onde tudo começou, onde você deixou de ser espontâneo e
começou a existir, a funcionar, como uma máquina.
Enxergando a situação
Tudo isso mostra o quanto levamos vidas profundamente mentais; agarrados ao que
pensamos, como se o pensamento fosse a única forma de viver, de conhecer a
realidade. Às vezes é necessário um grande choque, uma emoção fortíssima, que
faça o coração e os costumes saltarem, para que você desperte. Talvez essa
ideia até justifique a expressão “despertar da consciência”. Muita gente passa
por isso sentindo a vida como que murchar, notam a perda de sentido, vão
notando a rotina como se a vida fosse apenas uma grande repetição sem
fundamento, sem gosto, sem liberdade alguma. Nem sempre o insight, ou a consciência,
vem através da Meditação, esse seria um caminho inteligente para isso, porém
nem todos o conhecem, ou mesmo atentam para isso. É comum que muita gente
enxergue onde se meteu através da dor que sente, mas até nesse momento pode-se
voltar para a prática da Meditação, até porque, nesse estágio, depois de
prováveis anos numa vida mecânica, a mente já esteja tão condicionada que não
aceitará outra forma, outro caminho. Aqui uma grande ilusão pode acontecer...
A ilusão da troca
É natural, afinal, até o instante em que essa experiência acontece, você sempre
tentou as coisas do mesmo jeito. Muito embora o objeto tenha sido substituído,
atualizado, lá na base do seu jeito de ver a vida estão os mesmos padrões. Só o
constante aumento da clareza mental, a expansão da consciência, fará chegar até
lá. Antes disso, é preciso estar atento, pois entediado, frustrado, a mente
pode se voltar para um assunto novo, algo que seja interessante; quando então
abaixamos as nossas “defesas” e ela entra em cena, debruçando-se do mesmo jeito
sobre a novidade, ela tentará um novo caminho, no entanto andando da mesma
forma que sempre fez. É aí que se perde tempo, até a angústia retornar.
Portanto, meditar ajuda justamente nesse sentido: não se trata de resolver
problemas, porém de enxergar a nossa relação com o lugar de onde eles vêm; ou
seja, da nossa mente e de como ela traduz a realidade ao comando do nosso Ego.
Esse apego com o Eu deve ser visto. Não se trata de negar a mente, isso seria
impossível e uma perda de tempo. Temos de resgatar os olhos da consciência,
aceitando a nossa estrutura, caminhando em direção ao que é desconhecido dentro
de nós. Pois os conteúdos mais inconscientes guardam a chave de um verdadeiro
recomeço. Livre, a mente pode cumprir seu trabalho com correção, e o coração
tomará seu verdadeiro lugar. Talvez, aí, a realidade se apresente como é
verdadeiramente, e não como um obstáculo, um adversário, ou um problema a ser
resolvido.
Então, tome cuidado com objetivos infindáveis que vão acumulando-se uns sobre
os outros. Dedique um tempo a observar, sem julgamento, os seus motivos, os
seus hábitos e o seu próprio jeito de realizar, de alcançar o que busca. Você
vai ficar espantado, mas a consciência, muitas vezes, simplesmente por se
voltar para um objeto pode reorientá-lo, trazendo uma clareza tal que o que é
real para o nosso coração, mesmo que esquecido e abandonado, vem à tona.
Luís A. Delgado - foi
ganhador do prêmio "Personalidade 2015" na categoria Arte Literária
pela Academia de Artes de Cabo Frio-RJ – ARTPOP, e agraciado com o prêmio
Clarice Lispector de Literatura na categoria "Melhores Romancistas"
pela Editora Comunicação em 2015. Atualmente é sócio correspondente na
Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras e Mestre em Reiki e
Karuna Reiki, possuindo o mais alto título que um profissional do Reiki possa
ter.
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