Médica
otorrinolaringologista explica os sinais que levam ao diagnóstico e
fonoaudióloga fala sobre tratamentos disponíveis
Muito
se fala sobre os cuidados com a audição de crianças e adultos, mas e quanto aos
bebês? Desde o nascimento, eles podem apresentar sinais de perda auditiva ou
mesmo de surdez, mas como identificar? Nem sempre essa perda é diagnosticada
por exames, mas ela pode ser notada no comportamento dos pequenos.
Segundo Larissa Vilela, médica otorrinolaringologista do Hospital Anchieta de
Brasília, estima-se que a prevalência mundial de deficiência auditiva varie
entre um a seis recém-nascidos a cada mil nascidos vivos. "Essa
prevalência é considerada elevada quando comparada a outras doenças passíveis
de triagem na infância como fenilcetonúria ou anemia falciforme",
acrescenta.
A especialista complementa que a ferramenta para a identificação precoce de
deficiência auditiva é a Triagem Auditiva Neonatal (TAN). "No Brasil,
tornou-se obrigatória a realização da TAN em maternidades e hospitais com a
promulgação da Lei nº 12.303, em 2010, por meio da realização de testes como emissões
otoacústicas, o conhecido ‘teste da orelhinha", afirma. "Além da
triagem realizada nas maternidades, é importante que os pais acompanhem o
desenvolvimento audiológico e de fala da criança", pontua.
Como perceber que o bebê tem algum problema auditivo
Em 2006, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu os marcos para
acompanhamento do desenvolvimento da audição e da linguagem de acordo com a
idade das crianças. Dra Larissa comenta que os recém-nascidos devem acordar com
sons fortes; crianças entre um e três meses devem se acalmar com sons moderados
ou com músicas; três a quatro meses prestar atenção aos sons e vocalizar; seis
a oito meses localizar fonte sonora e balbuciar sons como "dadá".
Conforme a médica, aos 12 meses o bebê precisa aumentar a frequência dos
balbucios, falar as primeiras palavras e entender ordens simples como "dar
tchau". Aos 18 meses ele deve falar com, no mínimo, seis palavras; aos
dois anos produzir frases com, no mínimo, duas palavras; e aos três anos
produzir sentenças.
"Nos casos de falha na triagem auditiva neonatal, na presença de algum
desses sinais ou de dúvidas quanto ao correto desenvolvimento auditivo/fala da
criança o médico otorrinolaringologista deve ser procurado para uma correta
avaliação e conduta", ressalta. "A detecção precoce de alterações
auditivas permite o diagnóstico e tratamento adequados a fim de garantir o bom
desenvolvimento das funções auditivas, da linguagem e do aprendizado da
criança", conclui.
Mas e em casos mais graves? O que fazer?
Mesmo com diagnóstico precoce, algumas perdas auditivas são irreversíveis.
Nesses casos, é necessário um acompanhamento mais detalhado para garantir a
qualidade de vida do bebê. A fonoaudióloga e especialista em audição Erica
Bacchetti, da clínica ParaOuvir, explica que, embora a perda auditiva resulte
em algumas dificuldades durante a infância, ela não é impeditiva. "A
criança não será impedida de falar, de aprender ou se relacionar, isso devido
aos inúmeros tratamentos disponíveis", destaca.
O tratamento para os problemas auditivos em crianças depende da causa e
gravidade da perda, por isso, é sempre necessária uma avaliação médica para
indicação do procedimento adequado para cada paciente. O médico determinará a
causa da dificuldade para ouvir e qual conduta será adotada: uso de
medicamentos, cirurgia, uso de aparelhos auditivos ou implante coclear.
No mercado existe uma infinidade de modelos e opções de aparelhos auditivos, que podem ser usados no tratamento de perda auditiva em crianças. "A criança com deficiência auditiva que recebe a estimulação adequada por meio da tecnologia, seja usando aparelho auditivo, implante coclear ou prótese implantada, tem o mesmo acesso aos sons que uma criança com a audição dentro da normalidade.", finaliza Erica.
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