Dados do Unicef mostram que cerca de 116 milhões de bebês nascerão este ano em todo o mundo e serão recebidos com rígidas medidas globais de isolamento
O nascimento de uma criança é sempre um momento
feliz e recheado de expectativas. O que muda neste novo cenário é um sentimento
maior de ansiedade, angústia e dúvidas ocasionadas pela pandemia. De acordo com
o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 116 milhões de
bebês nascerão este ano em todo o mundo e serão recebidos com rígidas medidas
globais de isolamento, escassez de suprimentos, hospitais superlotados e falta
de pessoal qualificado para acompanhar os partos.
De acordo com o ginecologista da Clínica de
Reprodução Humana Origen, dr. Selmo Geber, é importante lembrar que ainda não
se sabe se o vírus pode ser transmitido da mãe para o bebê durante a gravidez.
"O vírus da COVID-19 ainda não foi encontrado no fluído vaginal, no sangue
do cordão umbilical ou no leite materno. Até à data, a COVID-19 ainda não foi
detectada no fluído amniótico ou na placenta”, ressalta Geber. De qualquer
maneira, o melhor que se tem a fazer, é tomar todas as precauções necessárias
de prevenção contra o coronavírus. Se estiver grávida ou se o bebê tiver
acabado de nascer e se sentir doente, a mulher deve procurar assistência médica
de imediato e seguir as instruções do seu médico.
Mas o que fazer com o turbilhão de sentimentos e
medos que este novo e inédito cenário ocasiona nas mulheres grávidas e nas
novas mães? Segundo a psicóloga da Clínica Origen, Laudiane Cruz, geralmente, a
gravidez é uma fase de muitas expectativas e muito idealizada pelas mulheres.
“Existe uma programação romantizada com a barriga, com o bebê, com o obstetra,
com o parto, com as visitas. Com essa invasão da pandemia é como se tudo
virasse de cabeça para baixo e todos os planos construídos tomassem novos
rumos. Para algumas mulheres pode ser um período de muita angústia”,
comenta.
Ela ressalta que entender esse momento como uma
fase difícil, talvez seja uma direção importante: seja com dificuldades, com
novas mudanças, desconstruindo alguns ideais, mas acreditando que vai passar.
“Buscar alternativas que tranquilize nesse momento é fundamental. Ter um plano
em mente para o parto pode ajudar a gestante a acalmar os sentimentos de
ansiedade ao dar-lhe uma maior sensação de controle. É recomendado que a
grávida procure saber quais restrições serão aplicadas no hospital aos
acompanhantes e para quem ela deve ligar quando as contrações começarem, por
exemplo. Reinventar nessa fase é fundamental. Buscar estratégias que sinta o
outro por perto mesmo que não seja fisicamente pode ajudar muito. Por mais que
pareça, sentir que não está só é importante. É possível contar com o outro sem
ser com a presença física”, enfatiza a psicóloga.
Por fim, é preciso adaptar para que não se embarque
em sentimentos de solidão, tristeza e desamparo. É preciso buscar alternativas
para que o isolamento social não vire mais uma pressão dentre tantas outras que
a fase da gestação causa. Nesse momento, a confiança no médico e os cuidados
com a saúde psíquica são cruciais. Se precisar busque ajuda”, finaliza a
psicóloga.
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