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terça-feira, 18 de agosto de 2020

Gravidez, mães de primeira viagem e as incertezas em tempos de pandemia

 Dados do Unicef mostram que  cerca de 116 milhões de bebês nascerão este ano em todo o mundo e serão recebidos com rígidas medidas globais de isolamento


O nascimento de uma criança é sempre um momento feliz e recheado de expectativas. O que muda neste novo cenário é um sentimento maior de ansiedade, angústia e dúvidas ocasionadas pela pandemia. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 116 milhões de bebês nascerão este ano em todo o mundo e serão recebidos com rígidas medidas globais de isolamento, escassez de suprimentos, hospitais superlotados e falta de pessoal qualificado para acompanhar os partos.

De acordo com o ginecologista da Clínica de Reprodução Humana Origen, dr. Selmo Geber, é importante lembrar que ainda não se sabe se o vírus pode ser transmitido da mãe para o bebê durante a gravidez. "O vírus da COVID-19 ainda não foi encontrado no fluído vaginal, no sangue do cordão umbilical ou no leite materno. Até à data, a COVID-19 ainda não foi detectada no fluído amniótico ou na placenta”, ressalta Geber. De qualquer maneira, o melhor que se tem a fazer, é tomar todas as precauções necessárias de prevenção contra o coronavírus. Se estiver grávida ou se o bebê tiver acabado de nascer e se sentir doente, a mulher deve procurar assistência médica de imediato e seguir as instruções do seu médico.

Mas o que fazer com o turbilhão de sentimentos e medos que este novo e inédito cenário ocasiona nas mulheres grávidas e nas novas mães? Segundo a psicóloga da Clínica Origen, Laudiane Cruz, geralmente, a gravidez é uma fase de muitas expectativas e muito idealizada pelas mulheres. “Existe uma programação romantizada com a barriga, com o bebê, com o obstetra, com o parto, com as visitas. Com essa invasão da pandemia é como se tudo virasse de cabeça para baixo e todos os planos construídos tomassem novos rumos.  Para algumas mulheres pode ser um período de muita angústia”, comenta.

Ela ressalta que entender esse momento como uma fase difícil, talvez seja uma direção importante: seja com dificuldades, com novas mudanças, desconstruindo alguns ideais, mas acreditando que vai passar. “Buscar alternativas que tranquilize nesse momento é fundamental. Ter um plano em mente para o parto pode ajudar a gestante a acalmar os sentimentos de ansiedade ao dar-lhe uma maior sensação de controle. É recomendado que a grávida procure saber quais restrições serão aplicadas no hospital aos acompanhantes e para quem ela deve ligar quando as contrações começarem, por exemplo. Reinventar nessa fase é fundamental. Buscar estratégias que sinta o outro por perto mesmo que não seja fisicamente pode ajudar muito. Por mais que pareça, sentir que não está só é importante. É possível contar com o outro sem ser com a presença física”, enfatiza a psicóloga.

Por fim, é preciso adaptar para que não se embarque em sentimentos de solidão, tristeza e desamparo. É preciso buscar alternativas para que o isolamento social não vire mais uma pressão dentre tantas outras que a fase da gestação causa. Nesse momento, a confiança no médico e os cuidados com a saúde psíquica são cruciais. Se precisar busque ajuda”, finaliza a psicóloga.

 

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