O número de
transplantes poderia ser maior, se mais familiares de pacientes com morte
encefálica autorizassem a doação.
Aos oito meses de idade, João Gabriel já enfrenta
uma luta pela vida. Ele tem Atresia Biliar e sofre com infecções no fígado.
Mesmo após ter passado por operação para tratar a doença, o bebê precisa de um
transplante do órgão. Há dois meses, veio a boa notícia: o pai do pequeno é
compatível e pode doar parte do próprio fígado. Agora, os dois passam por
exames pré-operatórios. A mãe da criança, a enfermeira cearense Maria Carina
Dantas, de 29 anos, relata a apreensão pela qual toda família passa.
“Estamos muito ansiosos e apreensivos para chegar
logo esse transplante, porque é a vida dele... Para ele melhorar. Pois, a cada
dia que passa, ele fica mais debilitado, a situação se agrava mais”, afirma.
Milhares de pacientes vivem a mesma angústia da
família do João. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 45 mil possíveis
receptores compõem a lista de espera, no país. A maioria aguarda por
transplante de rim (29 mil) e fígado (1,8 mil). Há, ainda, demanda por pulmão,
pâncreas, coração e intestino, e para tecidos como as córneas.
A professora Simone Oliveira, de 43 anos, enfrentou
o drama da espera por duas vezes. A moradora de São Luís (MA) recebeu metade do
fígado da própria irmã. Mas o órgão transplantado foi comprometido por uma
trombose e ela precisou de um novo transplante. Para a “sorte” de Simone, um
doador compatível foi identificado e o procedimento foi realizado. “Doar órgãos
é fundamental para salvar vidas de crianças, de mulheres, de homens, idosos, de
pessoas que ainda podem viver. Esta conscientização tem que ser permanente.
Tive a sorte de não esperar tanto e de que tinha alguém para doar. Mas tem
pessoas que aguardam há anos e acabam morrendo”, avalia.
O número de transplantes poderia ser maior, se mais
familiares de pacientes com morte encefálica autorizassem a doação. No Brasil,
quatro entre 10 famílias recusam o procedimento. O relato de profissionais da
área é de que ainda há o desconhecimento se o familiar falecido tinha ou não interesse
em doar. Outro fator que impede mais operações é o tempo prolongado entre a
autorização e a retirada dos órgãos. Por isso, o diálogo entre as famílias
sobre o desejo de ser doador é fundamental.
O médico do Núcleo de Organização de Procura de Órgãos
da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal, Weber de Almeida,
explica que os órgãos de apenas um doador podem ser aproveitados por mais de
cinco receptores. “Ilumina a vida dos receptores. Para quem recebe – que
iria ter uma condição de vida péssima ou até morrer – representa a salvação",
diz.
Para doar, não é necessário registro em qualquer
documento ou em cartório. Basta informar o desejo aos familiares. Já as doações
entre pessoas vivas são autorizadas somente para cônjuge ou parentes até 4º
grau – pais, irmãos, netos, avós, tios, sobrinhos e primos.
O Brasil manteve o número de transplantes
realizados no primeiro semestre de 2019 em comparação com o mesmo período de 2018.
Foram 13.263 transplantes neste ano, contra 13.291 do ano passado. O balanço do
período apontou crescimento de transplantes considerados mais complexos. Os de
medula óssea aumentaram 26,8%, passando de 1.404 para 1.780. Já os de coração
cresceram 6,3%, passando de 191 para 203.
No país, os pacientes recebem assistência integral
pelo SUS, incluindo os exames preparatórios, a cirurgia, o acompanhamento e os
medicamentos pós-transplante.
A vida continua. Doe órgãos, converse com sua
família. Para mais informações, acesse: saude.gov.br/doacaodeorgaos.
https://www.agenciadoradio.com.br/noticias
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