Todas
as atividades humanas são responsáveis por modificar o meio
ambiente, gerar resíduos e causar impactos. Com odesenvolvimento
industrial e a inserção de materiais sintéticos, o problema do
descarte aumenta vertiginosamente por meio dos diversos processos produtivos. À
medida que caminhamos para uma realidade tecnológica, criamos por outro lado,
problemas que ainda não somos capazes de resolver.
Extrair
recursos naturais, utilizá-los como matérias-primas, produzir bens de consumo e
ofertar serviços são as atividades humanas necessárias para que
as nossas demandas diárias como alimentação, abrigo e transporte
sejam atendidas. Pensemos, por exemplo, em nossos inseparáveis smartphones. Para
chegarem até as nossas mãos, demandaram muitos processos físicos e
químicos transformando o minério e o petróleo, disponíveis na
natureza, nesse equipamento multitarefas. É muito raro que alguém se pergunte
em quais condições essas transformações ocorreram,
fortalecendo o senso comum de que os nossos bens já
“nasceram” nas prateleirasdas lojas e supermercados. Quando não temos
a real consciência de quais foram as condições produtivas que
geraram os nossos bens, favorecemos o consumismo e
dificultamos ainda mais a solução para o problema dos resíduos.
Retomando o exemplo
do smartphone, o principal
processo produtivo para a fabricação dos componentes é a mineração,
uma das atividades potencialmente poluidoras de acordo com a
Resolução n. 001 de 23 de janeiro de 1986 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), que estabelece as diretrizes para as avaliações de impactos ambientais.
Portanto, quando você segura um aparelho desses em suas mãos deve ter a
consciência de que ele produziu rejeitos de mineração estocados nas mais
variadas condições no Brasil e no mundo. Outra questão importante, e que
na maioria das vezes nem refletimos a respeito, refere-se às
condições nas quais os trabalhadores estão submetidos para
fabricar componentes que darão origem aos equipamentos que compramos.
Apesar da legislação relativa a segurança dos trabalhadores ter se
desenvolvido muito, a realidade é que ainda há muitas pessoas expostas a
componentes químicos tóxicos, afetando a saúde e a qualidade de vida. A
situação é ainda mais dramática quando consideramos que trabalhar nestas
condições é a única forma de prover uma vida digna para a família.
Infelizmente
quando compramos um produto, compramos também degradação ambiental,
contaminação de trabalhadores, diminuição da qualidade de vida.
Pensar na questão ambiental envolve esses e muitos outros aspectos, que
estão ocultos quando apenas compramos bens e serviços sem pensar no
que está envolvido. Neste contexto
está o nosso poder transformador, ou seja, apartir da
busca por informações sobre os produtos e os serviços,
cobrar das empresas quais ações elas desenvolvem para
minimizar osimpactos que causam. É preciso entender
que os recursos naturais também são nossos e somente quando
assumirmos as nossasresponsabilidades como os donos, grande
parte dos danos ambientais da atualidade serão minimizados.
Todo
esse contexto que discutimos até aqui ficou bastante evidente em razão do
rompimento da barragem de rejeitos na cidade de Brumadinho (MG).
Danos ambientais, sociais e econômicos dessa natureza devem nos levar a
profundas reflexões sobre a nossa atual forma de vida,
ou o que de fato necessitamos para ter uma vida feliz e saudável.
Precisamos pagar com vidas a nossa compra do equipamento da moda? De quem é a
responsabilidade quando há contaminação ambiental, em recursos que
pertencem a toda a humanidade? Estamos dispostos a beber uma água contaminada,
respirar um ar poluído e ter alimentos impregnados com substâncias cancerígenas
em nome de um pseudodesenvolvimento, insistentemente difundido como a única
alternativa por grandes corporações que visam somente a lucratividade?
O poder de
transformação está em nossas escolhas de consumo, sejamos
então consumidores críticos, fiscalizando a conduta de empreendimentos
poluidores e usando uma ferramenta importante na
diminuição dos crimes ambientais: não consumir de empresas
que não estejam engajadas com as questões ambientais. Não há
mais como admitir que em nome de lucros imediatos, os cuidados
como meio ambiente, com aspectos sociais e de saúde sejam negligenciados.
Augusto Lima da Silveira – Coordenador do Curso Superior
Tecnologia em Saneamento Ambiental na modalidade EAD do Centro Universitário
Internacional Uninter.
Rodrigo Berté –
Diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências, Meio Ambiente e Humanidades
do Centro Universitário Internacional Uninter. É Pós-Doutor em Educação e
Ciências Ambientais.
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