Neste
14 de agosto, Dia de combate à poluição, ginecologista explica
como os poluentes na terra, no ar e no mar estão afetando a fertilidade
feminina e masculino
“A poluição atmosférica, poluição da água, poluição do solo, a poluição em todo ambiente pode ter efeitos deletérios sobre a fertilidade tanto masculina como feminina. Isso acontece porque essas substâncias tóxicas presentes no meio ambiente acabam entrando em contato com o organismo dos homens e das mulheres através ou da respiração, ou da alimentação ou do contato direto, e vão prejudicar a formação dos óvulos e dos espermatozoides”, avisa a ginecologista Silvana Chedid, que participa de vários projetos de pesquisa sobre infertilidade conjugal. Sua principal área de pesquisa atualmente é no Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, on de estuda as influências da poluição sobre a fertilidade feminina.
“A poluição atmosférica, poluição da água, poluição do solo, a poluição em todo ambiente pode ter efeitos deletérios sobre a fertilidade tanto masculina como feminina. Isso acontece porque essas substâncias tóxicas presentes no meio ambiente acabam entrando em contato com o organismo dos homens e das mulheres através ou da respiração, ou da alimentação ou do contato direto, e vão prejudicar a formação dos óvulos e dos espermatozoides”, avisa a ginecologista Silvana Chedid, que participa de vários projetos de pesquisa sobre infertilidade conjugal. Sua principal área de pesquisa atualmente é no Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, on de estuda as influências da poluição sobre a fertilidade feminina.
Abaixo, as explicações de Silvana sobre a forma como a poluição influencia a fertilidade:
No caso da poluição atmosférica, existem diversos trabalhos que foram publicados no Laboratório de Poluição Atmosférica do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP que comprovam que animais expostos à poluição atmosférica tiveram maior índice de perdas fetais, de aborto, filhotes com baixo peso ao nascer. Esses dados foram comprovados em estudos epidemiológicos em humanos.
Os poluentes atmosféricos podem ser dosados no sangue ou no líquido folicular de mulheres que tenham estado em contato com a poluição. Essa comparação é possível na cidade de São Paulo porque a Cetesb publica diariamente os índices de poluição com todos os componentes de material particulado e todos os gases que estão em quantidade aumentada – assim, temos como correlacionar essas perdas fetais, inclusive os maus resultados na fertilização in vitro, aos índices desses poluentes no ar. Já houve diversos trabalhos publicados nesse sentido tanto pelo grupo da Faculdade de Medicina da USP como por outros laboratórios no mundo.
A poluição atmosférica exerce um efeito deletério sobre os homens também, sobre os espermatozoides. Na faculdade foi realizado um estudo com os ‘marronzinhos’, esses agentes de trânsito que ficam o dia todo na rua respirando ar poluído, e se constatou que a mostra de esperma desses homens tem uma qualidade pior do que a mostra de esperma de homens que não são expostos a esses altos níveis de poluição.
É importante frisar que a poluição atmosférica é basicamente determinada pelas emissões dos veículos automotivos - por isso São Paulo é uma cidade altamente poluída; porque tem um tráfego muito intenso. Essa é a principal causa de poluição atmosférica em São Paulo. Na zona rural temos que chamar a atenção para o uso dos pesticidas e agrotóxicos; eles contaminam as folhas e os vegetais, impregnam o solo e a água. Esses pesticidas podem funcionar como disruptores endócrinos, que são substâncias capazes de modificar os hormônicos das pessoas, causando distúrbios na ovulação e distúrbios na produção dos espermatozoides.
Esses disruptores endócrinos estão presentes, além dos agrotóxicos e pesticidas, nos plásticos. O contato com plástico pode fazer também com que haja essa disrupção do sistema endócrino da pessoa. Isso explica porque as meninas estão tendo a primeira menstruação, a menarca cada vez mais cedo e porque está havendo um aumento dos casos de infertilidade no mundo com piora da qualidade do esperma. Tudo isso se deve à poluição atuando como disruptor endócrino.
Os alimentos obtidos de animais que acabaram ingerindo vegetais com os disruptores endócrinos acabam acumulando no seu tecido essas substâncias. Muitos homens têm piora da qualidade do esperma pela presença do estrogênio na carne de vaca e na carne de frango.
Outra fonte de contaminação é a água do mar. A gente sabe que hoje o mar poluído contém, além dos plásticos, uma grande quantidade de metais pesados e os peixes acumulam metais pesados em sua carne. Então, mesmo ingerindo peixe, diferentemente do que algumas pessoas pensam, que somente a carne vermelha e a carne de frango têm problema, mas não, os peixes também. Os peixes hoje contêm alta quantidade de mercúrio, que pode ser tóxico, causar câncer e contribuir também para a infertilidade.
Estudo europeu apontou dois fatores relevantes para a queda na reserva de óvulos: idade e exposição a locais com maior poluição
Uma pesquisa da Universidade de Modena e Reggio Emilia, na Itália, relacionou a taxa de produção de óvulos em mulheres com a poluição atmosférica da cidade onde vivem. O estudo foi feito com mais de 1.300 mulheres.
A pesquisa analisou os níveis do hormônio antimülleriano (AMH), que é liberado pelas células do ovário e representa a quantidade de óvulos viáveis para a fecundação — a reserva ovariana. Mulheres não produzem novos gametas ao longo da vida, elas já nascem com todos os óvulos nos ovários. Essa reserva diminui naturalmente ao longo do tempo.
Além da idade, a reserva também é influenciada por fatores externos, como o tabagismo e, pelo que a pesquisa sugere, a poluição do ar. O pesquisador Antonio La Marca, líder do estudo, diz que pesquisas anteriores já indicavam a possível relação entre a poluição e a fertilidade.
Os pesquisadores recolheram amostras do hormônio AHM de 1.318 mulheres de Modena, na Itália, entre 2007 e 2017. Com o endereço domiciliar das participantes, eles dividiram a cidade em quatro regiões e estimaram a exposição diária de cada uma dessas mulheres ao dióxido de nitrogênio e pequenas partículas liberadas pela queima de combustível.
A idade ainda se mostrou o principal responsável pela queda da reserva ovariana, mas a poluição do ar também mostrou seus efeitos. Quanto maior a poluição da região em que a mulher mora, menores são os níveis de AHM.
Os pesquisadores ressaltam a necessidade de estudos ainda mais rigorosos sobre o assunto. Ainda não se sabe se o efeito é permanente ou se pode ser revertido caso a mulher deixe de ser exposta à poluição.
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