Especialista explica
por que e detalha o que esperar de fases importantes da vida, como gravidez e
envelhecimento
Mulheres
vivem mais do que homens – fato comprovado IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Enquanto a expectativa de vida dos brasileiros é de
72,5 anos, a população feminina dura em média 79,6 anos. Em parte, isso já
explica por que doenças oculares como catarata, degeneração macular e
retinopatia diabética atingem mais mulheres do que homens. Do ponto de vista
genético e da constituição do organismo, a verdade é que alguns problemas de
visão atingem muito mais a população feminina.
Nos
Estados Unidos, por exemplo, a síndrome do olho seco acomete cinco milhões de
pessoas com mais de 50 anos. Desse total, três milhões são mulheres. “Essa
doença costuma acometer duas ou três vezes mais mulheres do que homens no
Brasil também. Uma das causas da falta de lubrificação dos olhos são as
alterações hormonais provenientes da menopausa. Aos 60 anos, a produção de
lágrimas de uma mulher cai pela metade em relação a seus 20 anos”, diz o
oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo.
Alterações
hormonais durante a gravidez também podem ter como desdobramento alguns
problemas de visão. A sensibilidade da córnea, por exemplo, costuma diminuir
principalmente nos últimos três meses da gestação – voltando ao normal pouco
tempo depois de o bebê nascer. “São quatro os principais problemas oculares que
podem ocorrer durante a gravidez: olho seco, visão embaçada, desdobramentos da
pré-eclâmpsia, e desdobramentos do diabetes gestacional”, diz Neves. Os desdobramentos
mais sérios são os dois últimos.
“A
pré-eclâmpsia é uma hipertensão arterial específica da gravidez que pode
ocorrer a partir da 20ª semana. Os sinais costumam ser identificados através
dos olhos em até 8% das gestantes, sendo provável que a paciente se queixe de
perda temporária de visão, maior sensibilidade à luz, visão embaçada ou com
formação de halos ou flashes. Na presença desses sintomas, principalmente se a
paciente tiver histórico de hipertensão, o médico responsável pelo pré-natal
deverá ser imediatamente comunicado, já que essa condição progride rapidamente
e pode resultar em sangramento ou outras complicações”, alerta o médico.
Com
relação ao diabetes gestacional, os desdobramentos para a visão também são
considerados graves quando não controlados a tempo. “Altas taxas de açúcar no
sangue, quando associadas ao diabetes, podem danificar pequenos vasos
sanguíneos que alimentam a retina. O risco, inclusive, aumenta ao longo da
gravidez. Por esse motivo, quer a gestante seja diabética, quer tenha adquirido
diabetes gestacional, sua visão poderá apresentar problemas relacionados a
nitidez e foco. Sendo assim, é importante contar com um acompanhamento médico
especializado durante os nove meses de gravidez, principalmente mantendo os
níveis de açúcar no sangue dentro de parâmetros aceitáveis”.
A
catarata também está relacionada à idade e, portanto, acomete muitas mulheres.
Aos 80 anos, metade da população já desenvolveu a doença, que é a opacificação
do cristalino. No Brasil, são diagnosticados 550 mil novos casos da doença por
ano – impactando a autoestima, as condições socioeconômicas e os
relacionamentos pessoais. Por isso, é importante prestar atenção a sintomas
como diminuição gradual e progressiva da visão, dificuldade de se locomover à noite,
enxergar os objetos em tons amarelados ou borrados e perceber halos ao redor de
objetos luminosos. Essas dificuldades acabam levando a pessoa a perder o
interesse por atividades rotineiras, como ler, escrever e digitar; e perder a
vaidade, já que fica cada vez mais difícil se maquiar e se cuidar.
O
oftalmologista chama atenção, também, para o fato de que as mulheres têm
maiores taxas de doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide e esclerose
múltipla, sendo que todas essas condições geram impacto sobre a visão, podendo
levar à cegueira. “Dado que a perda de visão pode ser evitada em muitos casos,
vale ressaltar a importância de se buscar ajuda especializada na presença dos
sintomas de desconforto e dificuldade visual já citados. Mas cabe às pacientes,
também, adotar um estilo de vida saudável para evitar problemas oculares mais
graves. Nesse sentido, se alimentar bem, evitar sobrepeso e obesidade, além de
praticar exercícios físicos e parar de fumar são atitudes fundamentais para
quem deseja enxergar bem por muitos anos ainda.”
Fonte: Prof. Dr. Renato Neves - cirurgião
oftalmologista, diretor-presidente do Eye
Care Hospital de Olhos, em São Paulo. www.eyecare.com.br
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