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quarta-feira, 6 de março de 2019

Você sabia que algumas doenças oculares atingem mais mulheres do que homens?


Especialista explica por que e detalha o que esperar de fases importantes da vida, como gravidez e envelhecimento


Mulheres vivem mais do que homens – fato comprovado IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Enquanto a expectativa de vida dos brasileiros é de 72,5 anos, a população feminina dura em média 79,6 anos. Em parte, isso já explica por que doenças oculares como catarata, degeneração macular e retinopatia diabética atingem mais mulheres do que homens. Do ponto de vista genético e da constituição do organismo, a verdade é que alguns problemas de visão atingem muito mais a população feminina. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, a síndrome do olho seco acomete cinco milhões de pessoas com mais de 50 anos. Desse total, três milhões são mulheres. “Essa doença costuma acometer duas ou três vezes mais mulheres do que homens no Brasil também. Uma das causas da falta de lubrificação dos olhos são as alterações hormonais provenientes da menopausa. Aos 60 anos, a produção de lágrimas de uma mulher cai pela metade em relação a seus 20 anos”, diz o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo.

Alterações hormonais durante a gravidez também podem ter como desdobramento alguns problemas de visão. A sensibilidade da córnea, por exemplo, costuma diminuir principalmente nos últimos três meses da gestação – voltando ao normal pouco tempo depois de o bebê nascer. “São quatro os principais problemas oculares que podem ocorrer durante a gravidez: olho seco, visão embaçada, desdobramentos da pré-eclâmpsia, e desdobramentos do diabetes gestacional”, diz Neves. Os desdobramentos mais sérios são os dois últimos.

“A pré-eclâmpsia é uma hipertensão arterial específica da gravidez que pode ocorrer a partir da 20ª semana. Os sinais costumam ser identificados através dos olhos em até 8% das gestantes, sendo provável que a paciente se queixe de perda temporária de visão, maior sensibilidade à luz, visão embaçada ou com formação de halos ou flashes. Na presença desses sintomas, principalmente se a paciente tiver histórico de hipertensão, o médico responsável pelo pré-natal deverá ser imediatamente comunicado, já que essa condição progride rapidamente e pode resultar em sangramento ou outras complicações”, alerta o médico.

Com relação ao diabetes gestacional, os desdobramentos para a visão também são considerados graves quando não controlados a tempo. “Altas taxas de açúcar no sangue, quando associadas ao diabetes, podem danificar pequenos vasos sanguíneos que alimentam a retina. O risco, inclusive, aumenta ao longo da gravidez. Por esse motivo, quer a gestante seja diabética, quer tenha adquirido diabetes gestacional, sua visão poderá apresentar problemas relacionados a nitidez e foco. Sendo assim, é importante contar com um acompanhamento médico especializado durante os nove meses de gravidez, principalmente mantendo os níveis de açúcar no sangue dentro de parâmetros aceitáveis”.

A catarata também está relacionada à idade e, portanto, acomete muitas mulheres. Aos 80 anos, metade da população já desenvolveu a doença, que é a opacificação do cristalino. No Brasil, são diagnosticados 550 mil novos casos da doença por ano – impactando a autoestima, as condições socioeconômicas e os relacionamentos pessoais. Por isso, é importante prestar atenção a sintomas como diminuição gradual e progressiva da visão, dificuldade de se locomover à noite, enxergar os objetos em tons amarelados ou borrados e perceber halos ao redor de objetos luminosos. Essas dificuldades acabam levando a pessoa a perder o interesse por atividades rotineiras, como ler, escrever e digitar; e perder a vaidade, já que fica cada vez mais difícil se maquiar e se cuidar.

O oftalmologista chama atenção, também, para o fato de que as mulheres têm maiores taxas de doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide e esclerose múltipla, sendo que todas essas condições geram impacto sobre a visão, podendo levar à cegueira. “Dado que a perda de visão pode ser evitada em muitos casos, vale ressaltar a importância de se buscar ajuda especializada na presença dos sintomas de desconforto e dificuldade visual já citados. Mas cabe às pacientes, também, adotar um estilo de vida saudável para evitar problemas oculares mais graves. Nesse sentido, se alimentar bem, evitar sobrepeso e obesidade, além de praticar exercícios físicos e parar de fumar são atitudes fundamentais para quem deseja enxergar bem por muitos anos ainda.”




Fonte: Prof. Dr. Renato Neves - cirurgião oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo. www.eyecare.com.br


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