Evitar o contato
da água de enchentes é o mais recomendado como medida preventiva
O grande volume de chuvas que atingiu a Grande
São Paulo nos últimos dias e provocou enchentes e alagamentos em várias cidades
provoca transtornos às populações atingidas pelas águas. Não apenas bens
materiais são perdidos, como também as pessoas afetadas são expostas às
doenças, como a leptospirose. O contato direto com a água da chuva pode
representar um risco elevado de contaminação.
Segundo dados do Boletim Epidemiológico do
Ministério da Saúde, de 2007 a 2016 foram registrados 39.623 casos da doença no
Brasil, uma média anual de 3.926 casos. As regiões Sul e Sudeste foram as que
tiveram maior incidência e o período de outubro a março apresentou maior número
de casos.
Os principais agentes transmissores da
leptospirose são os ratos, que por meio da urina eliminam a bactéria causadora
da doença, a Leptospira. Portanto, evitar o contato com a água de
enxurradas e enchentes é o mais recomendado como medida preventiva, assim como
evitar lavar sem proteção adequada quintais, caixas de esgoto e áreas que
possam ter sido contaminadas.
Em caso de moradias alagadas pela água da chuva,
o infectologista da Unidade Referenciada Oswaldo Cruz Vergueiro do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Filipe Piastrelli, indica medidas necessárias para
limpar os ambientes e utensílios. "Deve-se usar luvas, botas de borrachas
ou outro tipo de proteção, como sacos plásticos duplos, para as pernas e
braços. O que não puder ser recuperado deve ser descartado e a lama que
permanecer nos ambientes, utensílios, móveis e outros objetos deve ser removida
com escova, sabão e água limpa. Os alimentos devem ser descartados, pois mesmo
se forem lavados ainda podem estar contaminados".
O especialista diz ainda que em casos em que não
há a chance de evitar o contato com a água e lama das enchentes, o ideal é
permanecer o menor tempo possível e evitar que crianças nadem e brinquem neste
ambiente.
"Em geral, os primeiros sintomas são dores
pelo corpo, febre e dor de cabeça. Podem ocorrer tosse seca, vômitos e
diarreia. Nos casos graves, o paciente pode evoluir com icterícia, que é o
amarelamento da pele e dos olhos por alterações hepáticas, insuficiência renal,
insuficiência respiratória e hemorragias", explica o infectologista.
O tratamento com antibióticos e internação
hospitalar para suporte às alterações que podem ocorrer reduzem o risco de
complicações graves. Dentre os casos mais graves, a letalidade pode atingir 40%
dos pacientes. No período de 2007 a 2016, o Boletim Epidemiológico identificou
uma taxa de letalidade geral de 8,9%.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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