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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Cuidados odontológicos podem amenizar incômodos causados pelo tratamento do câncer


O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) aponta que o cirurgião-dentista pode amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia colaborando para o bem-estar físico e emocional do paciente


O bem-estar físico e emocional pode elevar a autoestima. Por isso, uma pessoa em tratamento de câncer precisa de amplo amparo da família, amigos e profissionais da saúde. São vários desafios enfrentados nessa fase, uma vez que a indicação da quimioterapia e radioterapia resulta em efeitos colaterais bastante incômodos e até mesmo dolorosos.

Alguns deles afetam diretamente a boca e por isso o acompanhamento com o profissional da saúde bucal é fundamental. “O tratamento com quimioterápicos e radioterápicos acaba desestruturando algumas células da mucosa bucal, provocando lesões, resultantes dos severos efeitos colaterais. Entre elas a mais comum é a mucosite”, aponta a cirurgiã-dentista e membro da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Fabiana Quaglio.

Ela explica que é importante que essas lesões bucais sejam prevenidas, tratadas e diagnosticadas pelo cirurgião-dentista em parceria com a equipe de oncologia, pois causam diversos incômodos como transtornos na alimentação, na fala e consequentemente na recuperação geral do paciente.

“Ao iniciar a quimioterapia, a recomendação é também começar o acompanhamento com o cirurgião-dentista que utilizará tratamentos e manobras preventivas ao aparecimento das lesões, amenizando o desgaste e sofrimento causados pela mucosite”, aponta a cirurgiã-dentista.

O tratamento com laser de baixa potência (red/infrared) é comumente utilizado para o preventivo/curativo dessas lesões, diminuindo o aparecimento das feridas, acelerando o processo de cicatrização e reduzindo a sensação dolorosa dessas úlceras que acometem a cavidade bucal e todo o trato gastrointestinal. 

“Amenizando a sintomatologia dolorosa, o paciente volta a se alimentar melhor e tudo aos poucos vai se recuperando. A saúde geral é prontamente reestabelecida já que a imunidade do paciente também se reestabelece com o passar dos dias após os ciclos de quimioterápicos.”, diz Fabiana.

Ela acrescenta que o laser pode ser usado após o surgimento das lesões, bem como outros produtos como o óleo de vitamina E que auxilia na lubrificação dos tecidos orais diminuindo o atrito existente no ato de falar ou mastigar. Assim, o paciente obtém maior conforto no dia a dia em lidar com as feridas na boca.

“O chá de camomila tem ação anti-inflamatória comprovada e também pode ser um poderoso auxílio da sintomatologia dolorosa quando bochechado preferencialmente gelado, proporcionando uma sensação refrescante e ao mesmo tempo de alívio na ardência e queimação ocasionadas pela mucosite”, esclarece Fabiana.

Outro produto recomendado é o soro fisiológico que pode ser utilizado como veículo na higienização da cavidade oral fragilizada pelos efeitos colaterais da quimioterapia. “A higienização mecânica (escovação) é fundamental no controle da flora bacteriana presente na boca e não pode ser dispensada ou descuidada. Então lançamos mão de produtos que possam aliviar, uma vez que o simples ato de escovar os dentes se torna uma batalha árdua para o paciente em quimioterapia. Existem diversos recursos e protocolos a seguir que nos dão a oportunidade de amenizar o sofrimento e curar lesões”.

Entre os produtos recomendados há cremes dentais sem o lauril sulfato de sódio, responsável por criar a espuma, mas que também provoca certo ardor e enxaguantes bucais sem álcool.


O contato com o cirurgião-dentista

As consultas regulares ao profissional também contribuirão para o controle de outros problemas em decorrência do tratamento de câncer, como a colonização da mucosa por fungos (candidiase), inflamação na gengiva e sangramentos.

“É importante que o paciente faça o controle da saúde bucal no consultório. Isso evita problemas como gengivite que pode evoluir para uma periodontite e até mesmo causar a perda de elementos dentais em casos mais extremos. Assim também temos mais condição de zelar pelos cuidados e manutenção do estado geral de saúde do paciente dificultando o aparecimento de infecções oportunistas já que a imunidade dessa pessoa está muito baixa e as defesas do organismo debilitadas”.

Nesses encontros com o cirurgião-dentista o paciente também recebe um remédio bastante eficaz para o tratamento do câncer: a compreensão. Nesse processo, o profissional também deve estar atento para ouvir, apoiar, transmitir firmeza e segurança de que o tratamento vai ser eficaz e de que aquela fase vai passar.

“Somos um ombro, um consolo, não podemos nunca nos esquecer de que somos todos humanos temos dor, medo, tristezas e de que uma única palavra pode fazer toda a diferença na vida do paciente, seja a doença que for”, alerta Fabiana.

“É nossa missão e responsabilidade enquanto profissionais de saúde levar apoio, tratamento, cura e amor a quem precisar. Vai além de devolver um sorriso bonito e sim ajudar a eliminar as dores, passar segurança, contribuindo para a autoestima e o bem-estar, pois estamos todos no mesmo barco, na mesma jornada”, acrescenta.


Prevenir é sempre a melhor medida

Algumas práticas podem ser importantes na prevenção do câncer como adotar hábitos alimentares saudáveis e praticar exercício físico. Evitar o consumo excessivo de álcool e não fazer o uso do cigarro e/ou narguile também farão a diferença. Outro ponto importante é tomar as devidas precauções para evitar a contaminação oral pelo HPV, lesão cancerizavel. 

"Consulte o seu cirurgião-dentista regularmente, questione sobre o uso correto do fio dental, sobre a escovação e utilização de enxaguatórios bucais. É importante fazer também um check-up a cada 4 ou 5 meses”, destaca a cirurgiã-dentista.

“Se informar para poder prevenir. Essa é a receita para manter sua saúde bucal em dia e o seu ou sua cirurgião-dentista é o profissional certo pra isso", resume Fabiana.





Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)


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