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sábado, 5 de janeiro de 2019

Pele morena é 15 vezes mais propensa ao desenvolvimento de queloides



Qualquer lesão na pele, seja um simples raspão, ou uma incisão cirúrgica, passa pelo processo de cicatrização. O tecido lesionado se recupera e se repara por meio de várias etapas. Porém, em alguns casos, esse processo cicatricial pode apresentar algumas alterações, levando à formação de um queloide ou ainda de uma cicatriz hipertrófica, cujo termo médico é cicatriz patológica (CP).

 

Pele morena: risco 15 vezes maior

A prevalência do desenvolvimento de cicatrizes patológicas em pessoas de pele morena é 15 vezes maior quando comparada às pessoas com a pele menos pigmentada. Pode afetar homens e mulheres, sendo que é mais comum entre os 10 e os 30 anos de idade. Curiosamente, é raro o desenvolvimento de uma cicatriz patológica em pessoas com mais de 65 anos.
 
Queloide e cicatriz hipertrófica são condições diferentes
Segundo o cirurgião plástico, Dr. Luiz Philipe Molina, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o queloide é frequentemente confundido com a cicatriz hipertrófica. Em comum, ambas são desordens fibroproliferativas, com excesso de deposição de tecido cicatricial pelos fibroblastos, ambas classificadas como cicatrizes patológicas (CP).

“Os fibroblastos são células que formam o tecido conjuntivo, sendo responsáveis por sintetizar o colágeno, a elastina e pela regeneração da pele. Classicamente, os queloides são aqueles que crescem além das bordas da cicatriz original e não regridem com o passar do tempo. As cicatrizes hipertróficas são restritas à cicatriz original, tendem a regredir com o passar do tempo, são mais vermelhas e coçam mais”, explica Dr. Molina.

 

Cicatrização anormal

A origem dos queloides e das cicatrizes hipertróficas ainda não está totalmente esclarecida pela medicina. Entretanto, a hipótese mais aceita é que em algumas pessoas ocorre uma hiperproliferação dos fibroblastos.

"Estas células são produzidas em uma quantidade acima da necessária. Como resultado, há um acúmulo de matriz extracelular por excesso de produção de colágeno, levando ao aparecimento das cicatrizes patológicas”, comenta o cirurgião plástico.

Portanto, queloides e cicatrizes hipertróficas resultam de um crescimento anormal do tecido cicatricial, devido ao desequilíbrio no reparo e na regeneração do tecido. Para Dr. Molina, é fundamental levantar o histórico pessoal e familiar do paciente para avaliar se há alguma probabilidade de desenvolvimento de uma cicatriz patológica, no caso de uma cirurgia plástica.

 

Desconforto estético pode ser pior que sintomas físicos

“As cicatrizes patológicas podem gerar sintomas físicos, como dor, coceira e limitação dos movimentos. Porém, o desconforto estético pode ser mais importante que as manifestações físicas, uma vez que afeta a saúde mental, a autoimagem e até o convívio social do paciente”, reflete Dr. Molina.

Tanto os queloides quanto as cicatrizes hipertróficas podem variar de tonalidade, dependendo do tipo de pele da pessoa. Podem ser rosados ou mais roxos. Vale lembrar que um queloide ou uma cicatriz hipertrófica pode se desenvolver em várias situações, não são, portanto, eventos exclusivos após uma cirurgia plástica.

“Quando a pessoa tem essa tendência, um simples corte ou queimadura, por exemplo, pode gerar uma cicatriz patológica. Em geral, podem se formar no tórax, atrás do pescoço, na região do colo, ombros, braços e orelhas”, aponta Dr. Molina.

 

Existe tratamento?

Infelizmente, as cicatrizes patológicas não desaparecem com o passar do tempo, especialmente os queloides. Já as cicatrizes hipertróficas tendem a regredir ao longo do tempo.

“Outro ponto é que a remoção cirúrgica de um queloide não é uma solução definitiva. É possível fazer uma cirurgia plástica reconstrutiva para remover o queloide. Todavia, a recidiva é alta, ou seja, a pessoa poderá desenvolver uma nova lesão após o procedimento”, reforça o especialista.

De acordo com Dr. Molina, o ideal é associar a radioterapia no pós-operatório. “Há diversos tratamentos que podem ser utilizados nas cicatrizes patológicas, como aplicação de corticoides na lesão, radioterapia, terapia de pressão local, laserterapia, crioterapia e uso de géis de silicone com bons resultados. É fundamental a correta identificação da lesão para indicar o tratamento mais adequado”.


É possível prevenir?

“A cirurgia plástica segura envolve uma avaliação pré-operatória minuciosa do paciente. Isso inclui uma investigação do histórico pessoal e familiar do paciente quanto à cicatrização. Atualmente, é possível aplicar algumas técnicas durante a cirurgia, como a terapia de radiação pós-operatória, ou ainda curativos à base de silicone, que ajudam a prevenir a formação das cicatrizes hipertróficas”, encerra Dr. Molina.





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