O
Brasil ainda é um país pobre. Pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil está na posição 79
entre 171 países. Dividindo a produção nacional pela população, o produto por
habitante aqui equivale a um quinto do que é nos Estados Unidos. A explicação
sobre por que um país se desenvolve e outro se mantém no atraso e na pobreza,
ainda que em condições naturais parecidas, não é simples nem é fácil. Um
desafio da ciência econômica tem sido formular uma teoria que consiga explicar
as bases e as leis do desenvolvimento econômico.
Até
a Revolução Industrial (1750-1830), a sobrevivência humana era retirada da
terra e dos recursos naturais, e as obras do pensamento explicavam a produção
de riqueza basicamente a partir da contribuição da natureza. Até então, não
havia crescimento do produto por habitante, todo crescimento advinha do
crescimento da população. Após o surgimento do motor a vapor, do trem de ferro
e das máquinas industriais, os estudiosos começaram a examinar a contribuição
dos bens de capital na produção e na produtividade-hora do trabalho.
A
segunda revolução industrial moderna (1870-1900) nos deu o motor a combustão
interna, a indústria do petróleo e a eletricidade, fez a produtividade explodir
e gerou o assombroso crescimento econômico dos países que adotaram as novas
tecnologias e o novo modo de produção. Foi por volta da metade do século 19 que
surgiu o conceito de subdesenvolvimento, para identificar as nações que miravam
o novo padrão de consumo, não conseguiam assimilar o novo modo de produção e
tinham padrão de bem-estar aquém do alcançado pelas nações adiantadas.
Com
o prosseguimento do progresso da ciência e da tecnologia a partir dos anos
1900, o processo produtivo começou a demandar trabalhadores mais qualificados,
e foi necessário aumentar a abrangência da educação básica e do treinamento
profissional. Nos anos 1950, foram aprofundados os estudos sobre a contribuição
da educação para o aumento da produtividade e para o crescimento econômico. Foi
quando se descobriu que o fator educação passou a contribuir mais para a
produtividade do que os recursos materiais.
De
lá para cá, todos os países que se desenvolveram e desfrutam de elevado padrão
de vida investiram pesadamente na educação básica, em primeiro lugar, e na
educação profissional superior, na sequência. Quando eu era estudante do curso
de Ciências Econômicas, ouvi discursos de professores que, embora eu fosse
inexperiente, me pareciam muito estranhos. Eles diziam que a universidade não
devia educar para o mercado, pois isso seria mercantilizar a educação, mas sim
formar cidadãos críticos e reflexivos.
Eu,
que tinha o objetivo de adquirir uma profissão e me qualificar para progredir
na carreira e no salário, certo dia confrontei um professor que demonizava o
mercado, dizendo-lhe: o mercado nada mais é do que o encontro de alguém com uma
necessidade com alguém que tem a solução; de um homem com fome com outro que
produz feijão; de uma pessoa com inflamação no corpo com outro que sabe curar.
Ora, se meu curso não me habilitar a ser bom profissional, ele não me serve
frente à minha maior carência: fugir da pobreza.
Atualmente,
a superação da pobreza depende de elevado nível de educação básica, boa
formação profissional obtida em curso superior ou técnico, além da atualização
constante diante da evolução da ciência e da tecnologia. Isso vale para o
indivíduo e vale para a nação. Apesar das dificuldades na elaboração de uma
teoria completa sobre as causas do desenvolvimento, o mundo já conhece os
fatores essenciais do progresso material e do bem-estar que dele decorre.
A
educação não é o único fator a determinar o desenvolvimento, mas é o principal.
Há outros fatores, como os naturais, os sociais, os políticos e o sistema
econômico. É claro também que a educação tem o papel de educar o indivíduo para
a cidadania, que é a maneira como nos relacionamos com a natureza, o meio
ambiente, os semelhantes e a sociedade, mas o papel inicial e essencial da
educação, especialmente a superior, é prover o estudante de uma profissão para
ser bem-sucedido em mundo complexo e de mudanças constantes.
José
Pio Martins - economista, é reitor da Universidade Positivo.
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