Mesmo
com alto nível de efetividade, métodos contraceptivos de longa duração ainda
são pouco recomendados as adolescentes
Na primeira Semana Nacional
de Prevenção da Gravidez na Adolescência, é preciso entender quais são as reais
necessidades das jovens brasileiras
Aprovada pelo presidente da
república, a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência
tem como objetivo promover ações e atividades que visam educar os jovens sobre
a saúde reprodutiva. Embora a implementação da data expresse a preocupação em
orientar os brasileiros sobre os riscos da gravidez precoce, os métodos
contraceptivos de longa duração, comprovadamente mais efetivos, são os menos
considerados por ginecologistas para adolescentes, o que indica que o país
necessita desenvolver uma política pública apropriada para essas meninas.
Atualmente,
as formas mais populares de contracepção – pílulas contraceptivas e
preservativos – dependem do uso correto para prevenir a gravidez. As jovens, no
geral, têm uma vida agitada e se lembrar de tomar um comprimido todos os dias,
por exemplo, pode não ser o mais recomendado para elas. Os métodos de longa
duração, conhecidos como LARCs na sigla em inglês, são os mais efetivos
justamente por não dependerem da pessoa para que aja em sua totalidade e, indo
contra a crença popular, são recomendados para adolescentes e jovens adultas
que nunca tiveram filhos.
Os
LARCs englobam um grupo de métodos como o implante subcutâneo, o DIU de cobre e
o DIU Hormonal. De acordo com a série de recomendações da Federação Brasileira
das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), lançada no final de
2016, a orientação de adolescente quanto aos métodos para evitar a gravidez
precisa incluir DIUs (de Cobre e Hormonal) e implantes. Essa recomendação está
alinhada com as orientações da Sociedade Americana de Pediatria e do Colégio
Americano de Ginecologia e Obstetrícia, referências mundiais em saúde de
adolescentes e contracepção.
“Há necessidade de apresentar todos os métodos
disponíveis de contracepção quando se orienta uma adolescente, incluindo nessa
lista os DIUs (de Cobre e Hormonal) e implantes. Os LARCs são considerados
primeira linha de escolha contraceptiva, inclusive para adolescentes por terem
as maiores taxas de continuidade e satisfação entre todos os métodos
contraceptivos reversíveis, sendo mais eficazes e seguros para uso nesse grupo.
Infelizmente, ainda não é comum que os médicos recomendem esses métodos para
suas pacientes, o que faz com que as jovens prefiram a pílula e a camisinha” explica Thais
Ushikusa, ginecologista e obstetra da Bayer.
Desenvolvido
pela Divisão de Pesquisa Clínica e pelo Departamento
de Obstetrícia e Ginecologia na Washington University, o estudo CHOICE,
realizado com mulheres de 14 a 20 anos nos EUA, mostrou que as adolescentes
estão interessadas em métodos seguros e efetivos. Os LARCs tiveram um elevado
grau de aceitação, sendo escolhidos por 69% das participantes após a oferta
e a ampla explicação.
Para
a Organização Mundial da Saúde (OMS), é preciso reforçar o sistema de saúde
para que sejam apresentados e oferecidos a adolescentes os diversos métodos
disponíveis de contracepção, esclarecendo benefícios e riscos comparativos,
enfatizando a correta forma de uso e propiciando livre escolha e fácil acesso.
Efeito
rebote
Dados
divulgados pela Organização Mundial da Saúde mostraram que a taxa de gravidez
entre meninas de 15 e 19 da América Latina e do Caribe é a segunda mais alta do
mundo e, pelos dados do estudo Critério Brasil, o planejamento familiar e o
conhecimento sobre contracepção não atinge 68% dos brasileiros que constituem
as classes C, D e E.
Somado
a isso, as mulheres nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, têm
em média um número maior de gestações, e consequentemente sofrem mais riscos de
morte relacionada à gravidez. De acordo com Organização Pan Americana de Saúde,
a probabilidade de uma mulher com até 15 anos morrer em decorrência da gestação
é de uma em 180 mulheres nos países em desenvolvimento, enquanto que naqueles
que são considerados desenvolvidos, a probabilidade é de 1 em 4,9 mil.
Quando
não morrem em decorrência de complicações da gestação, mulheres que não desejam
prosseguir com a gravidez se arriscam em clínicas clandestinas para
interrompê-la. Anualmente, o Ministério da Saúde regista 250 mil internações em
decorrência de complicações no aborto, enquanto que, embora disponível no
Sistema Único de Saúde (SUS), o DIU de cobre, que poderia ser um método de
prevenção a gravidez eficiente e de baixo custo, é pouco ofertado às mulheres,
principalmente as que não tiveram filhos.
No
Brasil, somente em 2015, foram mais de 500 mil nascidos vivos de mães
adolescente de acordo com levantamento do Ministério da Saúde, esses
nascimentos de mães tão jovens contribuem para a perpetuação da pobreza entre
as classes mais baixas, afetando especialmente as mulheres. Além disso,
de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a maternidade
precoce também inviabiliza o crescimento do PIB brasileiro em até US$ 3,5
bilhões por ano, caracterizando o tema como um problema de saúde público.
Os
direitos das mulheres e adolescentes a informação e serviços contraceptivos
está previsto nos direitos humanos internacionalmente reconhecidos e a
liberdade reprodutiva é um dos pilares da dignidade humana incorporada na Declaração
Universal dos Direitos Humanos, mas o estudo Nascer no Brasil, realizado
pela Fiocruz, revelou que 30% das mulheres entrevistadas não desejaram suas
gestações. Além disso, dados levantados em um estudo sobre as práticas
contraceptivas de mulheres jovens evidenciam o desconhecimento e a
desorientação sobre o tema:
·
60%
das jovens de 15 a 19 anos já recorreram à pílula do dia seguinte;
·
Os
métodos mais utilizados por elas são a camisinha (28%) e a pílula (23%);
·
75,2%
recorrem a rede comercial de farmácias para adquirir seu método contraceptivo;
·
Métodos
de média duração e os LARCs não foram mencionados por elas;
Bayer: Science For A Better Life (Ciência para uma Vida Melhor)
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