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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Veja o que você precisa saber sobre o câncer de mama em homens


Neste Outubro Rosa, enquanto governo e opinião pública voltam seu tempo e esforços para falar sobre a incidência de câncer de mama nas mulheres e alertá-las acerca do rápido diagnóstico, lembramos que essa enfermidade também acomete homens e, mais do que isso, que eles precisam ter acesso a informações tão densas e precisas quanto elas. Sabe-se que aproximadamente 1% de todos os casos novos no país são verificados em pessoas do sexo masculino, que, por sua vez, sofrem com as consequências da descoberta tardia da doença por pensar que ela é exclusiva do público feminino.

Prova do quanto os homens ainda tentam se "distanciar" do câncer de mama é o que revela a ultrassonografista Maria Christina Rizzi, coordenadora dos cursos de mama do Cetrus. "É interessante observar que cerca de um terço dos homens com câncer de mama relatam algum traumatismo torácico recente como o causador da lesão". Segundo a especialista, muitos motivos os impedem de reconhecer o problema publicamente e mesmo de buscar ajuda médica. "O desconhecimento da doença, a vergonha da lesão estar na mama, o temor da gozação de mau gosto, a prepotência do homem de que 'eu sou o forte e comigo nada acontece' ou mesmo a depressão profunda, com o medo da morte, são os casos mais comuns", explica a doutora.

Assim como as mulheres, os homens devem estar atentos ao aparecimento de nódulos nas mamas, sobretudo na fase inicial, já que um rápido diagnóstico e tratamento garantem maior chance de cura. "Em geral, no homem, o tamanho do tumor no diagnóstico é maior do que nas mulheres. Isso talvez se deva à demora do homem para procurar o médico e da menor preocupação e conhecimento dele sobre o câncer na mama masculina", justifica Rizzi. Estima-se que o câncer de mama proporciona sobrevida longa em 95% dos casos em que ele é identificado precocemente. Um agravante para o quadro masculino é o fato de ser maligno a maioria dos nódulos identificados neles.

Geralmente, os nódulos encontrados tanto em homens como em mulheres são indolores e alguns podem ocasionar secreção mamilar serossanguinolenta (com sangue). "O exame físico realizado por um especialista detecta um nódulo palpável, duro e, em 50% das vezes, já existem linfonodos axilares [ínguas] comprometidos. Retração de pele e do mamilo também já podem estar presentes", afirma a médica.


Uma vez identificado o nódulo, que cresce debaixo da aréola, um estudo complementar com a Ultrassonografia ou com a Mamografia é necessário para a caracterização do nódulo. Esses exames apresentam características específicas para os nódulos altamente suspeitos, além de realizarem o diagnóstico diferencial para outros tipos de nódulos (o lipoma, por exemplo) e da ginecomastia, que se caracteriza pelo crescimento difuso do tecido mamário no homem.

A confirmação diagnóstica vem por meio de uma punção da lesão, a core biópsia, que consiste na retirada de uma pequena amostra de tecido na mama para avaliação. Para isso, a biópsia é guiada preferencialmente pela Ultrassonografia e raramente pela Mamografia, já que a mama masculina é mais reduzida.


Homens com maior chance de ter câncer de mama

Enquanto mulheres a partir de 50 anos de idade são mais propensas a desenvolver câncer de mama, nos homens, isso ocorre com mais frequência a partir dos 60 anos. "Uma história familiar positiva de câncer de mama aumenta de duas a quatro vezes o risco de desenvolvimento da doença", destaca a ultrassonografista Maria Christina Rizzi. Condições genéticas e cromossômicas específicas, como Klinefelter (XYY) e as síndromes de Kallmann (hipogonadismo gonadotrópico) e de Cowden (hamartomas múltiplos associado ao gene supressor do tumor PTEN), também elevam os riscos.

De acordo com a coordenadora dos cursos de mama do Cetrus, a ginecomastia (crescimento fora do normal das mamas de homens); doenças crônicas como cirrose, esquistossomose, desnutrição; obesidade (10 anos ou mais); e o uso prolongado de medicações como digoxina e metildopa são outros fatores que podem contribuir para a formação do câncer de mama.

Agora que você está bem abastecido de informações sobre o câncer de mama, sabendo sobretudo que ele não é um problema exclusivo das mulheres, fique atento às alterações do seu corpo e, diante de quaisquer anormalidades, não deixe de procurar o seu médico o quanto antes.









Dra.Maria Christina Rizzi - Graduou-se na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP e fez residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia na mesma instituição. Mestre em Medicina Fetal pela Universidade Federal de São Paulo, possui ainda os títulos de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo CREMESP / AMB e de Especialista em Diagnóstico por Imagem com área de atuação em Ultrassonografia Geral pelo Colégio Brasileiro de Radiologia / AMB / SBUS. Há mais de 30 anos é membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia e professora de Ultrassonografia Geral.


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