Anualmente o consumo de fibras ópticas é de 500 milhões de km
por ano no mundo; Brasil não responde nem por 1% deste total. Microtecnologias
são a opção mais viável para aumentar o compartilhamento nos dutos.
Realidade virtual e aumentada, OTT, nuvem, IoT, indústria 4.0, smart
cities e big data. Tudo isso vem puxando o aumento da demanda de fibras ópticas
no mundo. Segundo Marco Antonio Scocco, gerente de Engenharia da Sterlite Tech, há uma correlação direta
entre o aumento do tráfico de dados no mundo e o consumo de fibra ótica. “Hoje,
o mundo instala 500 milhões de quilômetros de fibra ótica por ano, sendo China,
USA e Índia os maiores demandantes. Já o Brasil responde por menos de 1% deste
total”, afirmou ele durante um painel que debateu a viabilidade do uso de
microtecnologias no Futurenet – evento que a Associação Brasileira de Internet
(Abranet) promoveu no primeiro dia do Futurecom, em São Paulo.
Diante dessa perspectiva do aumento de consumo de fibras ópticas e da
saturação da infraestrutura de telecomunicação, as microtecnologias vêm se
apresentando como uma alternativa para o ordenamento e expansão das redes de
internet. O problema é que no Brasil ainda se usam cabos com capacidade para poucas fibras. “No mundo
todo, há uma tendência de compactação, de redução do diâmetro dos cabos que
abrigam as fibras e de aumento da quantidade de fibras por cabo”, ressaltou. Há
dutos com capacidade, por exemplo, de compartilhar mais de 2 mil microcabos.
Segundo ele,
as microtecnologias vieram para ficar. “É uma tendência mundial, mas precisamos
de equipes treinadas para a adoção dessa tecnologia. E a mão-de-obra no Brasil
ainda é um problema a ser resolvido”, disse.
A tecnologia
consiste na instalação de microcabos ópticos por sopramento em microdutos. Os
microdutos podem ser, por exemplo, implantados em microvalas com cortes de 5 cm
de largura por 40 cm de profundidade. Uma máquina com um disco de diamante
corta o solo, a instalação é feita, e tudo é fechado rapidamente. Uma das
vantagens é a possibilidade de ter um número muito maior de microcabos
compartilhados.
Segundo
Gilberto Giasseti, sócio da Porto Seguro Cortes e Furos, a abertura de uma
microvala é cerca de 50% mais barata do que uma obra convencional com a mesma
finalidade. Há, ainda, outras vantagens no uso das microvalas. “As obras são
rápidas, não atrapalham o trânsito nas vias, envolvem poucas pessoas e têm
pouco impacto na vida cotidiana. Em um dia, somos capazes de realizar 200 a 300
metros de obras, completas, finalizadas, com acabamento. Não é necessário
recapear a via inteira, como em obras tradicionais”, esclarece Giasseti.
Entretanto, segundo ele, ainda falta estabelecer padrões e protocolos.
A engenheira
de Vendas da Dura-line, Evelyn Vieira, lembrou que as microtecnologias vêm
tendo boa aceitação pelas prefeituras. “A situação da rede aérea em cidades
como São Paulo é um caos e o poder público vem tentando solucionar a situação.
Estive recentemente conversando com o secretário de Obras do município e a
solução foi vista com bons olhos por ele.”
Desde o início do ano, a Abranet vem buscando soluções ajudar na organização e
na expansão das redes de telecomunicações que são suporte para a conectividade
de internet, principalmente nas cidades em que a infraestrutura convencional
está saturada. A entidade já organizou workshops com as concessionárias AES
Eletropaulo e CPFL Paulista para encontrar conjuntamente soluções, de forma que
os pequenos e médios operadores de telecomunicações possam atuar dentro do
regramento legal.
“Um
ponto importante e que sempre levamos em consideração nessas iniciativas é
conseguir fazer com que a ocupação dos pontos abrigue o maior número possível
de empresas, e que precisamos pensar cada vez mais no compartilhamento”,
ressalta Eduardo Parajo, presidente da Abranet. “Esta discussão no Futurenet,
com três empresas que operam com microtecnologias, é mais um passo neste
sentido.”
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