O golpe das transformações corporais vividas
depois do diagnóstico é duro
Quem
é que não gosta de se olhar no espelho e sentir linda, não é mesmo? Uma roupa
nova, um penteado diferente, uma make bonita podem aumentar a nossa autoestima
e nos deixar confiantes e felizes. Porém, para as mulheres que, infelizmente,
enfrentam o câncer de mama, a realidade pode ser bem diferente.
O
baque inicial de receber uma notícia com um diagnóstico positivo para a doença
com certeza mexe muito com o psicológico, mas quando a mulher se dá conta de
que poderá perder a mama e provavelmente os pelos de todo o corpo o choque é
bem maior.
“Os
seios e os cabelos são símbolos de feminilidade na nossa sociedade. Por isso,
para as mulheres é muito difícil conviver com essa perda. É como se elas
perdessem o poder e a autoestima despencasse”, conta a psicanalista e diretora
da Escola de Psicanálise de São Paulo, Débora Damasceno.
Algumas
mulheres após a retirada da mama não gostam mais de se olhar no espelho, não
deixam mais os parceiros ver e algumas vão além e não têm mais contato sexual.
Isso acontece por medo da rejeição e também por vergonha à nova realidade.
Freud
tem uma concepção do que somos como seres humanos que congrega corpo e mente.
Com isso temos que dores e marcas corporais podem determinar uma visão
deletéria sobre si mesma e sobre o mundo ao seu redor ou não. A cicatriz de
mastectomia vai ser vista por algumas mulheres como símbolo de força e de
vontade de viver e por outras como vergonha e perda da feminilidade.
“Durante
o tratamento nós, paciente e profissional, nos questionamos a respeito da
feminilidade e suas formas e sobre o que é saúde e bem-estar para ela (a
Paciente) para além do que lhe foi delegado como obrigação familiar e social. O
convite é para desenvolver um jeito próprio de ser mulher, talvez não tão
feminina assim, que talvez não passe por cílios e cabelos, mas um jeito seu,
único. A doença, a proximidade da morte que a palavra câncer associa, é lida,
por muitas mulheres, como um convite para assumirem a direção da própria vida”,
conclui Debora Damasceno.
Muitas
vezes os monstros da rejeição e ‘olhares tortos’ estão apenas na cabeça, e as
pessoas ao redor só querem ajudar, mas antes de tudo, elas precisam se sentir
seguras para enfrentar a vida novamente após o câncer.
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