Em 1999, o Governo Federal
instituiu a data de 11 de outubro como o Dia Nacional de Prevenção da
Obesidade. Uma das grandes preocupações do país é a obesidade infantil. De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente
uma em cada três crianças no Brasil está acima do peso ideal para a idade e
altura. “Existem diversas causas que levam ao sobrepeso infantil, como maus
hábitos alimentares, sedentarismo, influências de familiares e colegas de
escola, além de alimentos industrializados que são de fácil preparo e os fast
foods”, alerta a nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão,
Carolina da Cruz Marques.
Conforme a profissional, a
obesidade infantil é causada pela combinação de fatores genéticos, má
alimentação e sedentarismo. Também doenças hormonais e uso de medicamentos com
corticoide podem aumentar o peso da criança. “Para reverter essa condição, é
importante o incentivo dos pais que também devem ter uma alimentação saudável.
Os pais são os exemplos que as crianças geralmente seguem, por isso precisam
deixar de lado os alimentos industrializados e consumir mais alimentos
naturais, com menos sal, gordura e açúcares”, aconselha. Outros hábitos que
podem ser influenciados pelos pais são as atividades físicas. O ideal é que se
evite passar muitas horas na frente da TV e computador, optando por
brincadeiras que gastem calorias, como pular corda, pega-pega, entre
outras.
A nutricionista explica ainda que as crianças tem o
paladar diferente dos adultos, tendo normalmente preferência por doces. No
entanto, alguns estudos mostram que o paladar é formado de acordo com o hábito
alimentar da família, da região em que vivem e condições financeiras. “Não é
tarefa fácil introduzir novos alimentos na dieta habitual, porém com
insistência e criatividade é possível. Não precisa proibir os doces, mas fazer
com que a criança entenda que deve ser consumido moderadamente e numa dieta
equilibrada”.
A obesidade tem cura, mas
precisa ser tratada. “Alguns casos mais radicais, se não tratados na infância
com dieta e exercício físico, poderá na fase adulta ser necessário
procedimentos cirúrgicos em que se diminui o tamanho do estômago para perder
peso”, adverte.
Obesidade Infantil x Bullying
A obesidade infantil pode
estar associada a distúrbios psicológicos, como a ansiedade, depressão,
estresse, situações de traumas significativos, entre outros. “Quando a criança
apresenta obesidade, situações de discriminação podem ocorrer, fazendo com que
se sintam cobradas por elas mesmas ou pelos pais, afetando sua maneira de se
relacionar e sociabilizar. Esse possível isolamento pode ser uma via para que a
criança projete suas angústias ainda mais na alimentação incorreta, gerando
dificuldades com o peso e contribuindo para o surgimento de patologias no
âmbito emocional”, explica a psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde, Aline
Melo.
A especialista ressalta que os
pais precisam ter sensibilidade para perceber alterações emocionais na criança
acima do peso, que podem ser consequência de bullying. “Os principais sinais
são tristeza, evitar frequentar locais em que passa por essa situação, auto
cobrança, auto depreciação, entre outros sintomas. Ao identifica-los, os pais e
a escola precisam trabalhar juntos no fortalecimento dessa criança para
enfrentar o problema, bem como orientar os outros alunos sobre respeitar as
diferenças”. Também a criança que provoca o bullying pode estar fragilizada de
certa maneira e um acolhimento emocional pode ser necessário.
Portanto, para tratar a obesidade infantil, além de
acompanhamento médico e nutricional, é necessário cuidar da mente. “Devemos
tentar compreender se há algum transtorno emocional presente na vida dessa
criança e contribuindo para a obesidade, o que pode ser feito por meio da
psicoterapia, do autoconhecimento e das reflexões geradas”, finaliza a
psicóloga.
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