Médico especialista em uro-oncologia
esclarece dúvidas sobre a doença e dá dicas de como preveni-la
O mês de novembro é marcado pela
campanha mundial da luta contra o câncer de próstata, que busca conscientizar
os homens sobre a importância de realizar os exames anualmente, a fim de
combater o tumor logo no primeiro estágio.
Com tantas dúvidas desde o diagnóstico
ao tratamento, o professor do setor de uro-oncologia da FMABC (Faculdade de
Medicina do ABC) e responsável pelo setor de cirurgia robótica urológica no
Hospital Brasil e rede D’Or, Dr. Marcos Tobias Machado, esclarece o que é mito
ou verdade sobre o câncer de próstata.
Veja a seguir:
1) Câncer de próstata não tem cura?
Mito. A
maioria dos pacientes com este tipo de tumor pode ser curado ou ter uma
sobrevida bastante longa. De acordo com o Dr. Marcos Tobias, existem três
fatores importantes que definem o prognóstico do paciente:
- O estágio da doença, ou seja, se ela
está localizada no órgão ou se já se espalhou pelo corpo.
- O escore de Gleason, uma nota dada ao
tumor pelo médico que examina microscopicamente a amostra da biópsia.
- Valor do PSA, que são moléculas
produzidas pelas células da glândula prostática. O médico deve medir a
concentração dessa partícula no sangue, para detectar câncer de próstata e até
mesmo outras doenças.
Quando a doença está localizada no
órgão e tem outros fatores de bom prognostico, a chance de cura se aproxima de
90%, enquanto que uma doença que já se apresenta nos ossos, por ocasião do
diagnóstico, tem menos de 5% de cura.
2) O câncer de próstata inicial não
apresenta sintomas?
Verdade. O
câncer de próstata não apresenta nenhum sintoma no início, o que torna a doença
muito perigosa. O paciente deve sempre realizar a avaliação preventiva com
exame de sangue PSA e exame de toque retal. Apenas em um estágio mais avançado
pode causar sintomas de compressão da uretra, sangramento na urina e dor nos
ossos.
3) O câncer de próstata não atinge
homens mais jovens?
Mito. O
tumor pode atingir homens de todas as idades, embora, os que têm idade acima de
50 anos, são os mais propensos. No entanto, homens acima de 40 anos já podem
iniciar a prevenção com a medição do PSA no sangue.
“Em homens mais jovens saudáveis ou com
boa expectativa de vida tendemos a oferecer terapia com intenção de cura, como
a cirurgia e a radioterapia. Por outro lado, idosos acima de 70 anos com
múltiplas comorbidades nós tendemos a tratamentos que prolongam a vida,
melhoram a qualidade de vida, mas podem não curar a doença”, explica o Dr. Marcos
Tobias.
4) Exame de sangue não identifica se há
tumor na próstata?
Verdade.
O único exame capaz de identificar o tumor é a biopsia da próstata, por isso, a
importância de conscientizar os homens da importância de realizar os
exames. Dr. Marcos Tobias conta que é necessário fazer a ressonância
magnética, tomografia e cintilografia dos ossos, para entender a extensão da
doença, caso o tumor seja identificado.
“A partir destes dados, associados ao
treinamento dos profissionais envolvidos, da tecnologia disponível, da
avaliação do estado global de saúde e da preferência do cirurgião, o paciente é
informado sobre as opções e ajuda na tomada de decisão final sobre o tratamento
elegido”, detalha.
5) Não tenho histórico familiar, não
preciso fazer os exames.
Mito. Todo
homem pode sofrer com o câncer de próstata. Evidentemente, homens que têm
histórico na família precisam ficar sempre em alerta, mas todos, sem nenhuma
exceção, devem fazer o exame uma vez por ano, principalmente a partir dos 45
anos para homens com histórico familiar ou negros, pois eles tendem a
desenvolver o câncer precocemente.
Para os demais, o exame é recomendado a
partir do 50 anos. Em casos especiais, o urologista pode solicitar que o
paciente retorne em menos tempo para fazer o acompanhamento.
6) Se diagnosticado terei de retirar a
próstata por completo?
Mito. Antes
de qualquer conduta médica, saiba que existem basicamente 5 modalidades de
tratamento, sendo elas:
1-Cirurgia radical: No Brasil esse é o
principal tratamento utilizado. De todos é o que oferece melhor resultado em
longo prazo;
2- Radioterapia: Pode ser externa ou
com imitante cirúrgico de sementes radioativas;
3- Observação: Indicada para pacientes
com tumor de baixa agressividade ou em pacientes muito idosos com comorbidades;
4- Ablação com fontes de energia (HIFU
ou crioterapia): São opções com intenção de reduzir a invasividade dos outros
tratamentos. A desvantagem é que são opções relativamente novas e não temos
ainda os resultados em longo prazo com essas modalidades.
5- Tratamento medicamentoso: pode ser
realizado com drogas que causam bloqueio hormonal ou com quimioterápicos. O uso
das diferentes drogas e o tempo de administração dependem de cada caso.
7) O câncer de próstata é tabu entre os
homens?
Verdade. Este
assunto ainda é um tabu pra homem, que normalmente se ocupa com o trabalho e
não vai ao médico para prevenção. Outro fator negativo é o receio do exame de
toque retal, o que com o passar dos anos e com uma boa explicação normalmente
não tem sido um obstáculo à prevenção. Todo o esforço deve ser concentrado em
trazer o homem para o consultório.
8) Os tratamentos para o câncer de
próstata evoluíram muito nos últimos anos.
Verdade. Do
ponto de vista da cirurgia, a plataforma Robótica é a maior inovação,
permitindo redução da morbidade do tratamento com excelentes resultados na cura
do câncer. Os aparelhos de radioterapia também evoluíram muito, sendo o
tratamento planejado por tomografia, em que é possível aplicar maior energia no
local da doença e da redução da dose em pontos críticos que causariam
morbidade.
O arsenal de medicações utilizadas
também melhorou muito nos últimos anos, tanto em drogas injetáveis como em
medicações orais de alta eficiência. Todos esses fatos favoreceram um
significativo aumento na sobrevida com melhora na qualidade de vida dos
pacientes com CaP.
Dr. Marcos Tobias Machado -
Formado em Medicina pela Santa Casa, Dr. Marcos Tobias
Machado acumula experiência e conhecimento em diversas instituições, tendo
destaque para residência médica no Hospital das Clínicas da USP, fellowship em
uro-oncologia na Universidade de Miami, especialização em laparoscopia e
robótica no H.Henri Mondor em Paris, desenvolvendo cirurgias minimamente
invasivas mais complexas, além de atualmente ser chefe do setor de uro-oncologia
e cirurgia robótica em urologia do Hospital Brasil e urologista dos
Hospitais da rede D’Or – Bartira, Assunção e São Caetano do Sul.
Recentemente, foi palestrante do 8º Congresso do Centro de Oncologia da
Universidade de Mansoura, no Egito.
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