Da formação à
foz, expedição percorrerá 1.100 km, passando por 41 municípios paranaenses,
três catarinenses e pela província argentina de Misiones
A Fundação SOS Mata Atlântica iniciou na terça-feira (9), em
Curitiba, uma expedição técnica que percorrerá o rio Iguaçu – desde sua
formação, no encontro dos rios Iraí e Atuba, em Curitiba, até a foz no rio
Paraná, na tríplice fronteira em Foz do Iguaçu. Durante 10 dias, a ONG
analisará a qualidade da água de um dos corpos d’água mais importantes do
Brasil, declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, no trecho
protegido pelo Parque Nacional do Iguaçu e que forma as Cataratas do Iguaçu.
Além de analisar a água nos 19 pontos de coleta, a equipe da expedição irá
ouvir as comunidades locais, especialistas e lideranças que convivem com o rio
e seus afluentes e que promoveram, em anos anteriores, expedições ao longo da
bacia hidrográfica.
Para o lançamento, a ONG realizará um encontro técnico, às 10h, na
Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, em parceria com a Comissão de Meio
Ambiente, com participação dos grupos de monitoramento da qualidade da água do
projeto Observando os Rios no Paraná. Patrocinado pela Ypê, o projeto conta com
mais de 3.500 voluntários que analisam, mensalmente, a qualidade da água de
rios nas bacias do bioma Mata Atlântica, que abrange 17 estados do país. Ao fim
da expedição, previsto para o dia 19 de outubro, a SOS Mata Atlântica reunirá
parceiros locais, especialistas e gestores de Unidades de Conservação da bacia
do Iguaçu e do Parque Nacional do Iguaçu em uma navegação na região onde nascem
as Cataratas do Iguaçu.
O objetivo da expedição é mobilizar a sociedade e autoridades para
a urgente necessidade dos países e, em especial do Brasil, assumirem
compromissos e metas efetivas de melhoria da qualidade da água dos rios,
córregos e mananciais das bacias brasileiras e das bacias transfronteiriças,
como o rio Iguaçu – de grande importância internacional e estratégica para o
Brasil, Argentina e Paraguai. Além disso, a SOS Mata Atlântica quer chamar a
atenção para as enormes ameaças e agressões que o rio tem sofrido no trecho
brasileiro, desde sua formação na região metropolitana de Curitiba, até a foz.
“O Iguaçu é um emblemático rio brasileiro que, a exemplo de tantos
outros, sofre com seus usos por vezes conflitantes. Falta de saneamento,
diluição de esgoto, desmatamento que leva ao assoreamento, recepção de
agrotóxico, barramentos para geração de energia e exploração de minérios
contrastam com as necessidades cada vez maiores de acesso à água de boa
qualidade, para abastecimento humano, dessedentação de animais, produção de
alimentos, esporte, lazer, turismo e contato seguro. Identificar estes
cenários, a condição atual do rio, seus atores e histórias e que rio as
comunidades e a sociedade querem para o futuro é a intenção desta expedição“,
afirma Malu Ribeiro, especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica.
A ausência de uma norma internacional de qualidade da água para os
países do Cone Sul, a exemplo de normas adotadas pela Comunidade Europeia,
permite ameaças e retrocessos legais, como a pretensa intenção de órgãos
gestores do Estado do Paraná de rebaixar o enquadramento do Rio Iguaçu de
classe 2 para classe 4. Esse rebaixamento do rio para a classe 4 praticamente
condena o Iguaçu à morte, pois permite que suas águas sejam utilizadas para
diluição de poluentes, sem limites. Essa liberação faz com que rios percam
qualidade, ficando cada vez mais poluídos e indisponíveis para usos da
sociedade e atividades econômicas.
A partir do dia 9, quando se inicia o roteiro ao longo do Iguaçu,
a ONG realizará as análises, estudos e entrevistas com moradores dos municípios
por onde a equipe passar. A ONG fará a coleta da água em 19 pontos, com um
intervalo de 40 km entre eles.
Metodologia de análise
Para análise da qualidade da água durante a expedição a Fundação
SOS Mata Atlântica e os especialistas do projeto Observando os Rios e do
Laboratório de Índice de Poluição Hídrica da Universidade de São Caetano do Sul
verificarão os Indicadores de Qualidade da Água (IQA) estabelecidos no Brasil
por meio de norma legal (CONAMA 357) contemplando o levantamento de indicadores
físicos, químicos, biológicos, bacteriológicos e de metais pesados.
Imagens:
Cataratas
Sobre o Observando os Rios
O programa surgiu em 1991, com uma campanha que reuniu 1,2 milhão
de assinaturas em prol da recuperação do Rio Tietê e originou o primeiro
projeto de monitoramento da qualidade da água por voluntários, o “Observando o
Tietê”. Para agregar outras bacias hidrográficas, a iniciativa foi ampliada e
passou a se chamar “Observando os Rios”. Nessa fase, com o patrocínio da Ypê e
Coca-Cola Brasil, o projeto conta com 3,5 mil voluntários que monitoram 230
rios nos 17 estados da Mata Atlântica 17 estados do bioma Mata Atlântica –
Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo – e Distrito Federal.
Sobre a Fundação SOS Mata Atlântica
A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG ambiental brasileira. Atua
na promoção de políticas públicas para a conservação da Mata Atlântica por meio
do monitoramento do bioma, produção de estudos, projetos demonstrativos,
diálogo com setores públicos e privados, aprimoramento da legislação ambiental,
comunicação e engajamento da sociedade em prol da recuperação da floresta, da
valorização dos parques e reservas, de água limpa e da proteção do mar. Os projetos
e campanhas da ONG dependem da ajuda de pessoas e empresas para continuar a
existir. Saiba como você pode ajudar em www.sosma.org.br.
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