O representante do PSDB ao Palácio do Planalto
apostou todas as suas fichas na velha mídia, esquecendo-se de uma aliada
fundamental para consolidar a sua imagem: as redes sociais. Para isso, ele
fechou uma ampla aliança com os partidos do Centrão, que serviu a ele para dar
mais tempo de TV.
De um total de 12 minutos e 30 segundos dos
programas eleitorais que são destinados aos candidatos à Presidência, Alckmin
tinha quase a metade do tempo: 5 minutos e 30 segundos, ao passo que o líder
das pesquisas, Jair Bolsonaro, tinha apenas 8 segundos de tempo de programa por
cinco semanas de campanha eleitoral.
A negligência da equipe de marketing de imagem do
candidato tucano com relação às mídias sociais não foi nada pequena.
Negligenciaram o fato de serem mídias completamente democráticas, permitindo
que seu usuário busque a informação que deseja, quando bem entender e sem
qualquer necessidade de se sentir preso a ela, como de certa forma, ocorria no
passado. Temos canais abertos, certo? – Também com boa dose de democracia e de
opções que não apenas os canais fechados.
E o que levou o candidato do PSL a chegar no segundo
turno com tão pouco de campanha eleitoral gratuita na televisão e no rádio? O
fortalecimento da sua imagem via WhatsApp e no Facebook ao longo de mais de
quatro anos. Enquanto os tucanos se digladiavam no ninho para decidir quem iria
concorrer ao cargo de presidente, Bolsonaro aproveitava para surfar nas redes
sociais, emplacando suas opiniões polêmicas e controversas.
Esse trabalho é refletido nas pesquisas. De acordo
com um levantamento realizado pelo DataFolha, 57% dos eleitores do candidato
Bolsonaro leem sobre política pelo WhatsApp e Facebook. Esses índices entre os
eleitores de Fernando Haddad, do PT, é de 40% e de Geraldo Alckmin, é 31% .
O aplicativo de mensagens instantâneas é um
fenômeno de informação e também de desinformação. Com 120 milhões de usuário
ativos no Brasil, as notícias, sendo elas fakes ou não, se espalham com muita
facilidade entre a população.
Depois da reforma eleitoral de 2015, que reduziu o
tempo de campanhas eleitorais gratuitas de rádio e televisão para baratear a
campanha, é possível que estejamos entrando em uma nova ordem nacional de
marketing político – via redes sociais, principalmente no WhatsApp.
O Facebook foi determinante em decisões políticas
pelo mundo, como na campanha do atual presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, e na decisão de tirar a Inglaterra da União Europeia. Com o passar dos
anos, o WhatsApp foi ganhando cada vez mais relevância – ajudou a organizar a
greve dos caminhoneiros, por exemplo, que parou o Brasil em maio deste ano.
O app é uma arena de conversas e opiniões que
atinge muita gente, mas não é aberta como as demais redes sociais. Desmentir
boatos, teorias da conspiração e ataques de opinião sem fundamentos fica muito
mais difícil.
Na televisão também existem confrontos de opinião,
mas pelo menos há o recurso de direito de resposta. Já o aplicativo de
mensagens instantâneas é um verdadeiro faroeste, uma terra sem lei com um
incrível poder de engajar e influenciar pessoas. Se no passado a mídia televisiva
era o quarto poder, parece que agora a bola está com o app de Mark Zuckerberg.
Como lição, fica o desafio para que o nosso sistema
eleitoral se fortaleça cada vez mais, evitando que as notícias falsas promovam
injustiças nos próximos certames políticos.
Uranio
Bonoldi consultor - palestrante e oferece aconselhamento personalizado para
empresários e executivos. www.uraniobonoldi.com.br
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