Três quartos das
pessoas no mundo (76%) acreditam que seus países estão divididos
A grande polarização política nacional que leva
pessoas a brigarem em grupos de WhatsApp, a desfazerem amizade no Facebook e
divide o Brasil há dois anos não é uma questão só local. Opinião política
diferente é onde há mais tensão nos países no mundo todo, segundo pesquisa da
Ipsos realizada em 27 países, incluindo Brasil, que ouviu quase 20 mil pessoas.
O tema foi escolhido por 44% dos entrevistados e aparece seguido por diferenças
entre ricos e pobres (36%) e diferenças entre imigrantes e a população nativa
do país (30%). Os entrevistados puderam escolher três itens de um total de
oito, que incluía também diferenças religiosas (27%), étnicas (25%), entre
homens e mulheres (11%), entre jovens e idosos (11%) e entre os que vivem nas
cidades e em zonas rurais (10%).
O Brasil seguiu o ranking global nas duas primeiras
posições – diferenças entre visões políticas (54%) e entre pobres e ricos (40%)
-, mas deu o terceiro lugar para diferenças religiosas (38%). “O que surpreende
nestes resultados é saber que a percepção de sociedade dividida que hoje vemos
no Brasil não é um fenômeno apenas local. Outros países do mundo também
percebem esta polarização, sendo ela de origem predominantemente política ou
não.” – comenta Rupak Patitunda, gerente da Ipsos Public Affairs.
Mundo dividido
Três quartos das pessoas no mundo (76%) acreditam
que seus países estão divididos. A Sérvia lidera o ranking com 93%, seguida
pela Argentina (92%). Chile e Peru aparecem em terceiro lugar, empatados com
90%. O Brasil está em sétimo, com 84%, dividindo a posição com Estados Unidos,
Espanha e Polônia. Apenas na China (48%) e na Arábia Saudita (34%) a maioria
dos entrevistados não concorda que seus países estão divididos.
A sensação de que os países estão divididos
aumentou nos últimos 10 anos para seis em cada 10 entrevistados (59%). O Brasil
aparece em sétimo no ranking, com 62% afirmando que é correto dizer que hoje a
divisão é maior. Em nenhum dos 27 países pesquisados, a sensação de que está
menos dividido é maior do que a sensação de que está mais dividido [do que dez
anos atrás].
Pouco menos da metade (46%) dos entrevistados pensa
que as pessoas em seus países são tolerantes com diferenças culturais ou de
pontos de vistas. Os que mais se consideram tolerantes são os canadenses (74%),
chineses e malasianos (ambos com 65%), e indianos (63%). O Brasil aparece na
antepenúltima posição, com 29%.
Só na China a maioria (59%) afirma ser mais
tolerante hoje do que há 10 anos. Globalmente, 39% afirmam ser menos tolerantes
e 30%, mais. No Brasil, os que afirmam terem se tornado menos tolerantes
representam 45% da população e os que se tornaram mais são 29%.
Há, no entanto, um ponto de otimismo no estudo. A
maioria (65%) concorda que as pessoas ao redor do mundo têm mais coisas em
comum do que diferenças. Rússia e na Sérvia lideram o ranking (ambos com 81%),
enquanto as menores taxas de concordância estão com a afirmação estão no Japão
(35%), Hungria (48%) e Coreia do Sul (49%). O Brasil está um pouco abaixo da
média mundial, com 61%.
A pesquisa foi realizada pela Ipsos entre 26 de
janeiro e 9 de fevereiro de 2018 em 27 países: África do Sul, Alemanha, Arábia
Saudita, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China, Coreia do
Sul, Espanha, EUA, França, Grã-Bretanha, Hungria, Índia, Itália, Japão,
Malásia, México, Peru, Polônia, Rússia, Sérvia, Suécia e Turquia. No
Brasil, a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
Ipsos
https://www.ipsos.com/pt-br,
www.ipsos.com, https://youtu.be/QpajPPwN4oE, https://youtu.be/EWda5jAElZ0 e https://youtu.be/2KgINZxhTAU.
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