Dia
Internacional da Família e os rumos dos novos arranjos familiares
Na
próxima terça-feira, 15 de maio, é comemorado o Dia Internacional da Família.
Segundo a especialista em direito de família e presidente da Associação de
Direito de Família e das Sucessões (ADFAS), Regina Beatriz Tavares da Silva, a
data é oportuna para estimular a reflexão sobre o tema no contexto atual da
sociedade.
Dentre
as ponderações da advogada, estão as mudanças que abriram precedentes para o
reconhecimento da multiparentalidade e os próximos julgamentos no STF sobre
direitos de quem mantém relação extraconjugal, assim como o julgamento que se
aproxima no CNJ sobre permitir ou não as escrituras de uniões poliafetivas com
efeitos de união estável e como entidades familiares no Brasil. São
transformações que impactam não só nos envolvidos, mas também apresentam
consequências graves para a sociedade brasileira.
"Esses
novos arranjos familiares podem, inclusive, onerar a Previdência Social e
obrigar empresas privadas, como planos de saúde, a aceitar todos os integrantes
como membros, além de causar intenso sofrimento aos filhos nascidos em relações
de poligamia, que, se aceitas em nosso ordenamento jurídico, poderão ser
registrados como filhos de 3, 4, 5 ou mais pais e mães", salienta Dra.
Regina Beatriz.
Dupla
paternidade e as obrigações com os filhos
Conforme
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a dupla paternidade, tanto o
pai biológico como o socioafetivo são responsáveis por garantir o sustento da
criança.
Essas
obrigações aplicam-se, assim, ao pagamento de pensão alimentícia e dão direito
ao filho de receber a herança deixada pelos dois pais e ingressar com o pedido
para receber pensão por morte. No caso da herança, os bens herdados serão
divididos entre o irmão socioafetivo e os irmãos biológicos.
Monetarização
do afeto
Seria
a monetarização do tão falado afeto? A resposta somente pode ser sim, afinal
tudo resulta em interesses financeiros. Afinal se uma pessoa tem um pai
socioafetivo com condições financeiras, quereria o registro concomitante do pai
biológico, e a recíproca seria também verdadeira? Se alguém mantém relação
extraconjugal com uma pessoa que não recolhe o INSS, quereria ver reconhecida
sua relação como união estável?
E
há um projeto de lei que precisa também ser combatido, chama-se estatuto das
famílias, que pretende atribuir direito à pensão alimentícia e à indenização
quando uma relação extraconjugal termina. Isto significa favorecer a
infidelidade e incentivar as pessoas a manter relações afetivas com pessoas
casadas.
"Hoje,
o Brasil, juntamente com tantos outros países, tem um conjunto de normas e leis
que regem a família, conforme o que a nossa sociedade quer e aceita, os novos
arranjos familiares que estão sendo debatidos no STF, no CNJ e no Congresso
Nacional não estão de acordo com as mudanças sociais e culturais ocorridas no
mundo e em nosso País. A discussão sobre esses novos tipos de família precisa
ser feita levando em consideração todos os impactos causados e os efeitos que
terão também na sociedade"
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